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sexta-feira, 14 de novembro de 2025

CORREIOS EM CRISE PODE DESLIGAR 10 MIL EMPREGADOS

Os Correios querem desligar ao menos 10 mil empregados por meio de um novo PDV, parte do plano de reestruturação da estatal. O ajuste nas contas é crucial para viabilizar o empréstimo de R$ 20 bilhões buscado pela empresa, com garantia do Tesouro Nacional. A estatal enfrenta grave crise financeira: acumula prejuízos desde 2022 e deve fechar 2025 com rombo de R$ 10 bilhões, podendo chegar a R$ 20 bilhões em 2026 e até R$ 70 bilhões em cinco anos sem novos recursos. 
A meta de 10 mil desligamentos ainda pode mudar, mas é tratada como mínimo. Os Correios têm 85 mil empregados, e o gasto com pessoal responde por 72% dos custos. O PDV será lançado em duas etapas, com regras tradicionais na primeira e metas específicas por área na segunda, conforme estudo sobre produtividade. A empresa possui cerca de 10 mil unidades, sendo 7.000 agências; apenas 15% são superavitárias. O plano pretende identificar sobreposições e unificar estruturas, definindo metas de adesão ao PDV. O presidente da estatal, Emmanoel Rondon, já havia indicado que o programa priorizaria áreas com ociosidade. 
O desafio é oferecer incentivos suficientes sem onerar ainda mais a companhia. O último PDV, em 2024, teve apenas 3.705 adesões. 

Há preocupação entre empregados com o salário, o Postalis — que cobra contribuições extras devido a rombos — e o plano de saúde, considerado valioso apesar da precarização. O plano de reestruturação também pondera riscos de baixa adesão e possíveis medidas compensatórias. Parte do empréstimo financiará os incentivos do PDV, com expectativa de economia futura e reequilíbrio das contas. As metas precisam ser críveis para convencer os bancos de que a estatal e o governo Lula estão comprometidos com a recuperação da empresa. Haverá pressão política e acompanhamento de órgãos como TCU e CGU. Além do PDV, o plano prevê venda de imóveis, revisão do plano de saúde, reforma de cargos e salários e flexibilização da jornada para entregas nos fins de semana. Superintendentes terão metas e possibilidade futura de remuneração variável. Os detalhes devem ser fechados em duas semanas, período em que bancos poderão apresentar novas propostas após a decisão de fatiar o empréstimo. Na primeira rodada, um sindicato de quatro bancos aceitou conceder o crédito, mas com juros de 136% do CDI, acima do teto de 120% aprovado pelo Tesouro. A diferença representaria custo adicional de centenas de milhões, e nova negociação foi considerada mais prudente. 

CNJ ABRE PROCESSOS CONTRA SEIS DESEMBARGADORES E DOIS JUÍZES

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) abriu, nesta terça-feira, 11, Processos Administrativos Disciplinares (PADs) contra seis desembargadores e dois juízes suspeitos de envolvimento em esquemas de venda de sentenças. Todos já estavam afastados por ordem do STJ. As investigações podem resultar em aposentadoria compulsória ou perda dos cargos, e a decisão foi unânime. Entre os investigados estão quatro desembargadores e dois juízes do Tribunal de Justiça do Maranhão, alvos da Operação 18 Minutos: Nelma Celeste Sousa Silva Sarney Costa, Marcelino Everton Chaves, Antônio Pacheco Guerreiro Júnior, Luiz Gonzaga Almeida Filho, Alice de Sousa Rocha e Cristiano Simas de Sousa. Na mesma sessão, o CNJ abriu PADs contra dois desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, investigados na Operação Última Ratio: Marcos José de Brito Rodrigues e Sideni Soncini Pimentel, citados por participação em esquema sistemático de venda de sentenças. Os magistrados negam irregularidades.

A Operação 18 Minutos recebeu esse nome pelo curto intervalo entre decisões judiciais e saques de altos valores contra o Banco do Nordeste. Segundo o ministro Mauro Campbell, há provas de atuação coordenada para apropriação de cerca de R$ 17,6 milhões, com indícios de propina, depósitos fracionados e aumento patrimonial incompatível. O CNJ também arquivou processo contra o juiz Sidney Cardoso Ramos por falta de indícios. Foram mantidos os afastamentos e os processos disciplinares dos investigados, inclusive na Última Ratio, que apreendeu mais de R$ 3 milhões em espécie e armas nas casas dos magistrados. O pedido de arquivamento feito pela defesa de Pimentel, após sua aposentadoria, foi rejeitado, e seus filhos seguem sob apuração. 

MANCHETES DE ALGUNS JORNAIS DE HOJE, 14/11/2025

CORREIO BRAZILIENSE - BRASÍLIA/DF

Caso Epstein: Mais e-mails sobre Trump elevam pressão por verdade

Novos e-mails enviados pelo financista americano Jeffrey Epstein, acusado de pedofilia e tráfico sexual, comprometem ainda mais o presidente Donald Trump. Câmara dos Representantes deve votar a divulgação de todos os arquivos do caso

O GLOBO - RIO DE JANEIRO/RJ

UTI financeira

Crise se agrava, Correios precisam de R$ 10 bilhões em 15 dias e planejam demissão de 10 mil 

Estatal enfrenta alta de juros em dívidas correntes e terá recursos retidos a partir de sábado

FOLHA DE SÃO PAULO - SÃO PAULO/SP

Trump tenta colher louros de fim da paralisação nos EUA, enquanto oposição racha

Encerramento do shutdown é visto como derrota para democratas, que comemoravam vitória em eleições locais Paralisação acabou sem que principal demanda democrata, a extensão dos subsídios do Obamacare, fosse alcançada

TRIBUNA DA BAHIA - SALVADOR/BA

PF prende ex-presidente do INSS e coloca deputados no alvo em nova operação

Defesa de Stefanutto classificou prisão de ‘completamente ilegal’ e a de José Carlos Oliveira ainda não se manifestou

CORREIO DO POVO - PORTO ALEGRE/RS

PF aponta ex-ministro de Bolsonaro como pilar institucional de desvios

José Carlos Oliveira é acusado de receber vantagens indevidas

DIÁRIO DE NOTÍCIAS - LISBOA/PT

Medicamentos até 30 euros, como antibióticos, analgésicos e antidiabéticos, não aumentam de preço em 2026


Portaria que revê preço dos medicamentos anualmente será publicada esta sexta-feira, dia 14, em Diário da República e aumenta número de fármacos vendidos nas farmácias que vão manter o preço, em relação ao ano passado. Medicamentos hospitalares até 75 euros também ficam isentos de aumento. Presidente do Infarmed diz que “revisão para 2026 é equilibrada”, prevê poupança geral de 50 milhões de euros e “estabilidade no mercado”.

 

quinta-feira, 13 de novembro de 2025

RADAR JUDICIAL

JUÍZA RECONHECE UNIÃO ESTÁVEL DE TRÊS RAPAZES

A Justiça de Jataí (GO) reconheceu a união estável de um trisal formado por três rapazes — Túlio Adriano Marques, Wellington Ferreira da Costa e Lucas Santana Delgado. A decisão, publicada na sexta-feira (7), ocorre após cinco anos de convivência. A juíza Sabrina Rampazzo de Oliveira, do 6º Centro Judiciário de Soluções de Conflitos e Cidadania, destacou que o trio mantém relação pública, contínua e duradoura, com o objetivo de formar uma família. O relacionamento começou em 2019, quando Túlio e Wellington, juntos desde 2014, iniciaram um vínculo amoroso com Lucas. O pedido foi apresentado pelo Núcleo de Prática Jurídica da Universidade Federal de Jataí (NPJ-UFJ). A magistrada afirmou que os três manifestaram livremente o desejo de reconhecimento judicial da união, sob o regime de comunhão parcial de bens, com efeitos retroativos ao início da relação. A decisão é inédita em Goiás. Embora o Brasil ainda não reconheça oficialmente uniões estáveis poliamorosas, casais ou trios podem solicitar o reconhecimento judicial.


 EX-ASSESSOR DE MORAES TORNA-SE RÉU

A Primeira Turma do STF decidiu, por unanimidade, abrir ação penal contra Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do ministro Alexandre de Moraes no TSE. A ministra Cármen Lúcia acompanhou os demais ministros para receber a denúncia da PGR. O julgamento ocorre no plenário virtual e termina na sexta-feira (14). Tagliaferro é acusado de vazar mensagens do gabinete de Moraes para obstruir investigações sobre a trama golpista. Os ministros avaliam se há indícios suficientes para a abertura do processo penal. Moraes defendeu que as provas mostram intenção deliberada do ex-assessor de coagir o Supremo por meio da divulgação de dados sigilosos. Segundo o ministro, Tagliaferro buscou criar ambiente de intimidação para favorecer-se. A PGR o acusa de violação de sigilo funcional, coação no curso do processo, obstrução de investigação e tentativa de abolição do Estado democrático. O ex-assessor, atualmente na Itália, participou de lives com bolsonaristas e prometeu divulgar novos dados sobre Moraes. A defesa afirma que a denúncia é inepta e não descreve qual organização criminosa ele teria integrado.

PETRO É LÍDER E CORAJOSO: ENFRENTA TRUMP

Poucos líderes enfrentaram Donald Trump tão abertamente quanto o colombiano Gustavo Petro, que bloqueou voos de deportação, acusou os EUA de assassinato em ataques a barcos e criticou Washington em protestos. Trump reagiu chamando-o de “chefe ilegal das drogas”, retirando seu visto e impondo sanções severas. Admiradores veem Petro como um líder corajoso que desafia poderes globais; críticos o acusam de agir por ego e comprometer interesses nacionais. Ex-guerrilheiro do M-19, Petro construiu carreira como denunciador da corrupção e figura combativa da esquerda. Como presidente, prometeu transformações profundas, mas enfrenta queda de popularidade, violência persistente e acusações de gestão caótica. Seu confronto com os EUA divide a Colômbia: enquanto alguns defendem firmeza contra Washington, outros temem danos econômicos e diplomáticos. Para analistas, Petro opera pela lógica permanente do conflito —e agora seu antagonista é Donald Trump.

REPRESENTAÇÃO CONTRA MOTTA É ARQUIVADA

A Primeira Câmara do TCU rejeitou, por unanimidade, representação contra o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), por suposta contratação de funcionárias fantasmas. O caso foi arquivado sem pedido de informações ao deputado, sob argumento de falta de indícios apresentados pelo Ministério Público de Contas.
A denúncia citava três assessoras com rotinas incompatíveis com o trabalho legislativo: uma fisioterapeuta, uma estudante de medicina e uma assistente social. O subprocurador Lucas Furtado defendeu que as condutas feriam princípios constitucionais e pediram apuração e devolução de valores.
O relator, ministro Jonathan de Jesus, ex-deputado e correligionário de Motta, afirmou que as acusações se baseavam apenas em reportagens jornalísticas sem provas concretas. Ele propôs o arquivamento, aprovado por unanimidade.
Segundo reportagens da Folha, Gabriela Pagidis trabalhava em clínicas; Monique Agra acumulava cargo público na Paraíba; e Louise Lacerda estudava medicina e depois atuou como médica em prefeituras. Todas foram demitidas após as denúncias.
Motta disse que cobra assiduidade e regularidade dos servidores, mas se recusou a divulgar registros de frequência das funcionárias.

PAÍSES EMERGENTES RESISTEM ÀS TARIFAS

A maioria das grandes economias emergentes, como China, Brasil e Índia, pode resistir às tarifas dos EUA sem grandes danos, segundo estudo da Verisk Maplecroft, que analisou a resiliência de 20 mercados usando indicadores como endividamento e dependência de exportações. A consultora afirma que muitos centros de manufatura estão mais preparados do que se imagina para enfrentar a volatilidade comercial causada pelos EUA. México e Vietnã são mais expostos ao mercado americano, mas políticas econômicas progressistas e infraestrutura em expansão reforçam sua resiliência. Brasil e África do Sul fortalecem vínculos com novos parceiros para reduzir riscos. Segundo o relatório, emergentes buscam equilibrar relações com EUA e China e ampliar um “terceiro mercado”, enquanto cresce o comércio entre países do Brics. A China, embora vulnerável a tensões com os EUA, mantém uma posição quase irreproduzível graças à diversidade de exportações e ao capital humano. Suas exportações, porém, tiveram forte queda em outubro após o retorno de Trump à Casa Branca. A estratégia chinesa de ampliar o uso do renminbi reforça sua resiliência. Brasil, Argentina e Chile firmaram acordos de liquidação em moeda local com Pequim, e empresas chinesas financiam projetos de lítio e cobre no Cone Sul.

Salvador, 13 de novembro de 2025.

Antonio Pessoa Cardoso
Pessoa Cardoso Advogados.



TRUMP "BEIRA A INSANIDADE" DIZIA EPSTEIN

A longa amizade entre Donald Trump e Jeffrey Epstein terminou nos anos 2000, mas Epstein continuou obcecado pelo ex-amigo até sua prisão por tráfico sexual em 2019, ano em que morreu na cadeia. Emails divulgados por um comitê do Congresso americano mostram que Epstein insultava Trump e sugeria possuir informações comprometedoras sobre ele. As mais de 20 mil páginas revelam mensagens em tom de fofoca e conspiração, com figuras influentes buscando dados sobre Trump. Epstein se apresentava como alguém que o conhecia profundamente e dizia ser “o único capaz de derrubá-lo”. Os documentos reacendem o debate sobre a relação entre ambos e críticas ao Departamento de Justiça por ocultar informações do caso. Os emails vão de 2011, quando Trump era estrela de TV, até 2019, já como presidente. Indicam que Epstein acreditava ter dados prejudiciais sobre os negócios de Trump e que o republicano sabia mais sobre sua conduta do que admitia. Epstein e Trump foram amigos nas décadas de 1980 e 1990, frequentando eventos sociais. Uma ex-namorada de Epstein o acusou de apalpar uma mulher, o que ele negou. Trump diz ter rompido laços após saber que Epstein recrutava jovens em Mar-a-Lago.

Em mensagens, Epstein comenta decisões empresariais e políticas de Trump. Em 2011, escreveu a Ghislaine Maxwell que o ex-presidente era o “cão que não latiu”, insinuando que ele nunca foi implicado nos escândalos. Em 2012, pediu a um advogado que investigasse as finanças de Trump. Em 2016, o jornalista Michael Wolff sugeriu que Epstein usasse Trump como “contra-narrativa” a um livro que o acusava de abuso. Nos anos seguintes, Epstein o chamava de “idiota” e “demente” em emails. Em 2018, trocou mensagens com Lawrence Summers, ex-secretário do Tesouro, afirmando que Trump “beirava a insanidade”. No fim daquele ano, quando a pressão sobre Epstein aumentava, ele disse a um conhecido: “Sou o único capaz de derrubá-lo.” Em 2019, pouco antes de ser preso, o contador de Epstein analisou as declarações financeiras de Trump, chamando-as de “100 páginas de absurdo” e listando “descobertas interessantes”. Não se sabe se Epstein respondeu. 

DEMANDAS PARA EVITAR MUDANÇAS CLIMÁTICAS

As demandas dos povos originários precisam ser atendidas para frear o avanço das mudanças climáticas, afirma Dinamam Tuxá, coordenador da Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), durante a COP30, em Belém. A conferência da ONU tem neste ano a maior participação indígena da história. Tuxá destaca que, desde o anúncio de Belém como sede, o movimento indígena construiu propostas centradas na demarcação de terras como estratégia essencial para conter a crise climática. A COP na Amazônia, segundo ele, é um marco simbólico, mas também um alerta sobre a exploração de petróleo e mineração. A Apib lançou uma proposta de NDC com sete eixos, tendo a demarcação como prioridade, além de discutir transição energética justa, fim dos combustíveis fósseis, valorização dos conhecimentos tradicionais e proteção das lideranças ameaçadas. Segundo Tuxá, os povos indígenas protegem 82% da biodiversidade mundial e, ao cuidar de seus territórios, beneficiam toda a humanidade. O financiamento climático direto seria essencial para potencializar ações já em curso, mas, mesmo sem recursos, as comunidades continuam atuando. Ele critica o formato atual das COPs, afirmando que os negociadores são técnicos distantes da realidade dos territórios. “Somos nós que vivemos as mudanças climáticas e pagamos a conta da crise”, diz.

Sobre a autorização para pesquisa de petróleo na margem equatorial, Tuxá vê contradição no governo Lula, que prega liderança climática global, mas permite exploração na Amazônia. Para ele, a transição energética só será justa com participação popular e acesso das comunidades à energia limpa. “Hoje, quem lidera esse debate são as corporações, como a Petrobras, o que é uma contradição.” Tuxá também critica a presença maciça da indústria petroleira nas COPs, que tem formado as maiores delegações e feito lobby em países dependentes do petróleo. “É preciso equilíbrio. As vozes indígenas precisam ser ouvidas com poder de decisão real.” 

CHINESA DESVIA BILHÕES DE DÓLARES EM CRIPTOMOEDAS

Uma mulher chinesa, Qian Zhimin, acusada de comprar criptomoedas avaliadas em bilhões de dólares com dinheiro desviado de aposentados chineses, aguarda sentença no Reino Unido. O caso envolve uma das maiores apreensões de criptomoedas do mundo. 
Mais de 100 mil chineses investiram na empresa de Qian, a Lantian Gerui, que prometia lucros com mineração de bitcoin e produtos tecnológicos, mas era um golpe. O esquema movimentou mais de 40 bilhões de iuanes (R$ 31,6 bilhões), segundo o Ministério Público britânico. Qian fugiu para o Reino Unido em 2017 com passaporte falso e alugou uma mansão em Londres, pagando R$ 120 mil mensais. Apresentava-se como herdeira milionária e usava uma assistente para converter criptomoedas em dinheiro e bens. Em 2023, a assistente Wen Jian foi condenada a seis anos de prisão por lavagem de dinheiro. Ela contou que Qian passava os dias comprando online e planejando novos golpes, como fundar um banco e comprar um castelo na Suécia. A fraude prometia lucros de até 200% e atraía idosos com apelos patrióticos e poemas sobre amor e responsabilidade social. Investidores recebiam bônus por recrutar novos participantes, em típico esquema de pirâmide.

Qian chegou a realizar eventos no Grande Salão do Povo, em Pequim, com figuras ligadas ao ex-presidente Mao Tsé-tung, o que deu legitimidade à fraude. Quando a polícia chinesa começou a investigar, em 2017, os pagamentos pararam. Qian subornou gerentes para acalmar investidores e fugiu com as criptomoedas. A polícia britânica descobriu discos rígidos com dezenas de milhares de bitcoins — a maior apreensão do país. Em julgamento, Qian admitiu ter adquirido e possuído criptomoedas ilegalmente. Investidores esperam recuperar parte do dinheiro apreendido, mas o processo civil que decidirá o destino dos fundos só deve avançar no próximo ano. O dinheiro não reclamado pode ser transferido ao Tesouro britânico. Muitos investidores perderam tudo; alguns, como o senhor Yu, relataram divórcios e ruína financeira.
Outros ficaram sem recursos para remédios e alimentação. Yu escreveu um poema em homenagem a uma das vítimas, encerrando com os versos: “Sejamos pilares, sustentando o céu / Em vez de ovelhas, guiadas e enganadas / Aos que sobrevivem — lutem mais / Para que possamos reparar esta grave injustiça.” 

RADAR DE EVENTOS CLIMÁTICOS

O presidente da Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg), Dyogo Oliveira, anunciou o Radar de Eventos Climáticos, ferramenta que ajudará na precificação de seguros contra catástrofes ambientais. O sistema identificou, nos últimos três anos, R$ 180 bilhões em perdas causadas por desastres naturais, dos quais apenas 15% foram cobertos por indenizações. Durante o Fórum de Finanças Sustentáveis, realizado ontem, 12, na Casa do Seguro, paralelamente à COP30, Dyogo destacou que não há financiamento climático sem seguro e alertou para a crescente frequência de eventos extremos, como o ocorrido no Paraná. O Radar vai auxiliar seguradoras na formação de preços de apólices para desastres, semelhante à classe de bônus dos seguros de veículos. Dyogo lembrou que apenas 15% das residências e menos de 5% das áreas agrícolas no Brasil possuem seguro, o que reforça a necessidade de um programa de seguro catástrofe em parceria público-privada. “Sem seguro, o orçamento público assume os prejuízos”, disse, defendendo maior integração do tema nas políticas climáticas.

O presidente da Febraban, Carlos Trabuco, destacou que a economia verde já representa 21% do crédito bancário, cerca de R$ 450 bilhões, e elogiou o potencial do Brasil na matriz energética e na recuperação de terras degradadas. Ele enfatizou a importância do saneamento básico e da preservação da água como pilares da sustentabilidade. Já o presidente da Anbima, Carlos da Costa André, afirmou que o sistema financeiro é decisivo na transição para uma economia de baixo carbono e que o Brasil é potência global em soluções baseadas na naturezaA secretária de Relações Internacionais do Ministério da Fazenda, Tatiana Rosito, reforçou o fortalecimento da agenda multilateral do governo e adiantou que será anunciado um novo leilão do programa Eco Invest Brasil, com modelo de financiamento misto entre recursos públicos e privados. 

RIO DE JANEIRO: 15% DE MORTES VIOLENTAS

O número de mortos pela polícia do Rio de Janeiro em 28 anos representa 15% de todas as mortes violentas do estado: 25.283 de um total de 170.338, segundo o ISP. Os dados de 2025 ainda não incluem os 117 mortos da megaoperação de 28 de outubro, a mais letal da história, com 121 mortes ao todo. O Rio é o terceiro estado com mais mortes absolutas por policiais e o sétimo em taxa por 100 mil habitantes. Mesmo com queda recente, especialistas lembram que a proporção ainda é alta. Nos últimos dez anos, foram 11.550 mortos por policiais, mais do que os 10.424 registrados em todos os EUA no mesmo período — embora o país tenha 20 vezes mais habitantes. Segundo a pesquisadora Joana Monteiro (FGV), a sociedade brasileira “naturalizou” a violência policial. Entre 2015 e 2024, 615 policiais morreram em confrontos no Rio, o maior número do país. São Paulo, com o dobro da população, teve 463. O recorde ocorreu em 2019, com 1.814 mortes, colocando o Rio como o estado mais violento do país. A taxa foi de 10 mortos por 100 mil habitantes, atrás apenas do Amapá (14). No Brasil, a média foi de 3, e em São Paulo, 2.

A escalada levou à criação da ADPF das Favelas no STF, que desde 2020 impõe regras ao uso da força. Após isso, o número de mortes caiu, segundo o Geni/UFF e o Fórum de Segurança Pública. Mesmo assim, o governo Cláudio Castro (PL) liderou três das quatro operações mais letais desde 2007 — Jacarezinho (28 mortos, 2021), Vila Cruzeiro (23, 2022) e Penha/Alemão (117, 2025). O governo nega execuções e diz que enfrentou o Comando Vermelho. Para a defensora Cristiane Xavier, as ações perpetuam o ciclo de violência: “Sempre que morre policial, a vingança é maior. Esse modelo falhou.” O delegado aposentado Vinicius George concorda: “Matamos 30 mil e morreram 3 mil dos nossos. Nada melhorou. É uma espiral de violência. Precisamos mudar o rumo.” 

MINISTRO: "PREGUIÇA E IRRESPONSABILIDADE" DE JULGADORES

O ministro Rogerio Schietti, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), criticou a “preguiça e irresponsabilidade” de julgadores que desrespeitam a jurisprudência sobre reconhecimento pessoal, causando prisões injustas e acusações infundadas. “Pessoas inocentes estão presas pela irresponsabilidade de profissionais que se curvam à preguiça”, afirmou na sessão da 6ª Turma nesta terça-feira (11/11). O caso julgado envolve um porteiro acusado de mais de 70 crimes com base apenas em uma foto retirada de seu perfil no Facebook, usada pela polícia do Rio de Janeiro em um “álbum de suspeitos”. O STJ já havia reconhecido, em 2023, a violação sistemática de garantias processuais, pois o reconhecimento não seguiu o artigo 226 do Código de Processo Penal. Desde 2020, a Corte entende que o reconhecimento por foto não substitui o pessoal, e a tese se tornou vinculante neste ano.

Após revisão judicial, o porteiro foi absolvido em 51 casos, e outros processos seguem em análise. Segundo Schietti, o erro destruiu a vida do homem, que passou três anos preso e perdeu o convívio com a filha. Dados citados pelo ministro mostram que, em 2025, o STJ concedeu 234 Habeas Corpus para corrigir reconhecimentos irregulares, sendo 70 deles (30%) do Rio de Janeiro. A pesquisa indica que 70% dos pareceres do MPF nesses casos foram contrários à concessão da ordem. Diante disso, a 6ª Turma decidiu comunicar o CNJ para adotar medidas contra tribunais que desobedecem a jurisprudência. Schietti alertou que juízes e agentes públicos poderão ser responsabilizados civil, administrativa e criminalmente por condenações baseadas em reconhecimentos inválidos.

 

MANCHETES DE ALGUNS JORNAIS DE HOJE, 13/11/2025

CORREIO BRAZILIENSE - BRASÍLIA/DF

"Crise no Rio não é de segurança, é humanitária", coordenadora do Geni da UFF

Carolina Grillo critica discursos populistas e debates rasos sobre a segurança pública e combate às facções

O GLOBO - RIO DE JANEIRO/RJ

Paralela à COP30, Cúpula dos Povos reúne milhares em Belém contra as mudanças climáticas e em defesa dos territórios

A oito quilômetros do espaço oficial da conferência, indígenas, quilombolas, ribeirinhos e movimentos sociais retomam evento histórico com críticas à exclusão e propostas baseadas em saberes ancestrais para enfrentar a crise climática

FOLHA DE SÃO PAULO - SÃO PAULO/SP

Senadores e ministros do STF veem recado a Lula sobre Messias em aprovação apertada de Gonet

Recondução do PGR por margem apertada reforça força de grupo de Alcolumbre, que defende Pacheco Governistas dizem que placar não afeta escolha e que presidente já está ciente das dificuldades

TRIBUNA DA BAHIA - SALVADOR/BA

Bruno Reis assina pacto de descarbonização

O prefeito de Salvador, Bruno Reis, reforçou o protagonismo da capital baiana nas políticas de sustentabilidade durante sua participação na COP30

CORREIO DO POVO - PORTO ALEGRE/RS

Mauro Vieira e Marco Rubio avançam em negociações sobre tarifas

Encontro ocorreu no Canadá, em reunião paralela ao G7

DIÁRIO DE NOTÍCIAS - LISBOA/PT 

Norte assegurou até agora quase metade do valor investido em imobiliário no país

Hotelaria e centros comerciais impulsionaram investimento comercial na região, que está a registar crescimentos exponenciais nos preços da habitação. Gaia destaca-se na valorização.

quarta-feira, 12 de novembro de 2025

RADAR JUDICIAL

GONET CONTINUA

Hoje, 12, o Senado aprovou a continuidade de Paulo Gonet na Procuradoria-Geral da República. A votação foi secreta e contou com 45 votos favoráveis contra 26; assim ele conquistou apenas quatro votos além do mínimo necessário. Dessa forma, Gonet continuará à frente do órgão por mais dois anos, até 2027. Anteriormente, na Comissão de Constituição e Justiça, Gonet obteve 17 votos favoráveis e 10 contrários à sua continuidade. A primeira indicação de Paulo Gonet, em 2023, foi aprovada com maior número de votos e com menor rejeição, 65 votos contra 11.   

LULA AINDA INDECISO SOBRE SUBSTITUTO DE BARROSO

Sob pressão do Senado, o presidente Lula (PT) deve iniciar conversas para definir o sucessor de Luís Roberto Barroso no STF. Embora mantenha a intenção de indicar o advogado-geral da União, Jorge Messias, cresce no Senado o movimento para que escolha o ex-presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Pacheco é o preferido dos parlamentares e tem apoio de Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), aliado de Lula. Alcolumbre alertou o presidente sobre a dificuldade de aprovação de Messias. Senadores temem que ele siga os passos de Flávio Dino, que irritou o Congresso ao questionar emendas parlamentares. Sem o apoio de Alcolumbre e Pacheco, líderes do centrão consideram improvável a aprovação de Messias. Lula deve conversar com Pacheco nos próximos dias, e Jaques Wagner (PT-BA) já levou o recado. Apesar da resistência, auxiliares dizem que o petista continua decidido a indicar Messias, mas avalia os riscos políticos e a importância de manter aliados estratégicos no Senado.

PAPA QUER ACABAR COM PRÁTICAS POPULARES

O papa Leão 14 afirmou nesta quarta-feira (12) que as supostas aparições de Jesus Cristo em Dozulé, na França, nos anos 1970, “não são sobrenaturais” e não devem ser objeto de veneração. A decisão, divulgada pelo Dicastério da Doutrina da Fé, confirma o movimento do pontífice para depurar práticas populares sem base teológica firme. As aparições teriam ocorrido entre 1972 e 1978, quando Jesus teria transmitido mensagens apocalípticas à francesa Madeleine Aumont, pedindo a construção de uma cruz gigante. Segundo o cardeal Víctor Manuel Fernández, o fenômeno foi “reconhecido definitivamente como não sobrenatural”. O Vaticano teme o crescimento de cultos paralelos e reforçou que apenas a fé em Cristo deve orientar os fiéis. A decisão encerra cinco décadas de polêmica e decepciona peregrinos e autoridades locais. A medida segue o tom adotado por Leão 14 na semana anterior, quando o papa negou o título de “corredentora” à Virgem Maria, buscando reafirmar uma visão mais ortodoxa e racional da fé católica.

INFLAÇÃO EM QUEDA

A ministra do Planejamento, Simone Tebet, afirmou hoje, 12, acreditar que o Banco Central tem condições de cortar a Selic até janeiro e que a inflação deve atingir o centro da meta em 2026. Segundo ela, os indicadores econômicos já justificam um afrouxamento da política monetária. Tebet disse que a equipe econômica vê como factível chegar à meta de 3% de inflação e que o próprio mercado e o BC começam a sinalizar nessa direção. “A inflação do ano que vem será menor que a deste ano”, afirmou. Ela descartou mudanças na meta fiscal de 2026, de superávit de 0,25% do PIB, dizendo que alterar metas prejudicaria a credibilidade do governo. Para Tebet, as regras fiscais atuais garantem estabilidade da dívida pública, e o governo é capaz de cumprir a meta. A ministra também defendeu elevar a alíquota de tributação das apostas online (“bets”) para reforçar a arrecadação e evitar ajustes fiscais. O projeto de Renan Calheiros dobra a taxa de 12% para 24%.

Salvador, 12 de novembro de 2025.

Antonio Pessoa Cardoso
Pessoa Cardoso Advogados.