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sábado, 15 de novembro de 2025

RADAR JUDICIAL

BACHAREL EM DIREITO COMO DEFENSOR DATIVO

O Conselho Federal da OAB ajuizou no STF a ADI 7897 contra trecho de uma lei de Goiás que exige apenas bacharelado em Direito para atuar como defensor dativo em processos administrativos disciplinares (PADs). A ação, distribuída ao ministro Luiz Fux, pede liminar para suspender a norma. Segundo a OAB, a Lei estadual 20.756/2020 viola a Constituição ao permitir que bacharéis, sem inscrição na Ordem, exerçam defesa técnica. A entidade afirma que a defesa em PADs deve ser realizada exclusivamente por advogados, pois envolve prerrogativas profissionais e garante ampla defesa. Argumenta ainda que, se o estado reconhece a necessidade de defesa técnica, não pode delegá-la a quem não é advogado. A OAB destaca que PADs podem resultar em punições graves, como demissão ou cassação de aposentadoria, exigindo atuação qualificada. 

TRIBUNAL AFASTA JUIZ DA BAHIA

O Tribunal de Justiça da Bahia, em sessão do Pleno de ontem, 14, decidiu pelo afastamento do juiz André Marcelo Strogenski de suas funções na comarca de Porto Seguro. Tramita sindicância contra o magistrado que tem adotado comportamento "absolutamente incompatíveis com o exercício da judicatura. Na fundamentação foram invocados o Regimento Interno, a Resolução, 135/2011 do CNJ, a Lei Orgânica da Maristratura e o Estatuto dos servidores Públicos da Bahia. O juiz André é acusado de prática dos crimes de grilarem de terras, corrupção e agiotagem. 

DEFENSORIA PÚBLICA QUESTIONA PREFEITO DE FLORIANÓPOLIS

A Defensoria Pública da União recomendou que o prefeito de Florianópolis suspenda a triagem de passageiros vulneráveis na rodoviária, por considerá-la violação de direitos e um “controle migratório ilegal”. A medida ganhou repercussão após o prefeito Topázio Neto afirmar que mais de 500 migrantes já foram “devolvidos” às cidades de origem. A DPU deu 10 dias para que ele detalhe quem são essas pessoas e quanto foi gasto. O debate se ampliou após Belo Horizonte aprovar projeto que prevê custear o retorno de migrantes sem recursos. A prefeitura de Florianópolis afirma que apenas identifica pessoas enviadas por outros municípios e oferece retorno mediante contato com familiares ou gestores locais. O vídeo do prefeito gerou reação da Defensoria catarinense e do Ministério Público, que investigam possível estigmatização e violação da liberdade de circulação. Topázio nega controle migratório, diz ter sido mal-interpretado e defende discussão nacional sobre políticas para população em situação de rua.

JUSTIÇA CONDENA PABLO MARÇAL

A Justiça Eleitoral de São Paulo condenou o empresário Pablo Marçal por difamação eleitoral contra a então pré-candidata Tabata Amaral. A decisão apontou que ele usou desinformação e referências à vida íntima da deputada em entrevista durante a pré-campanha. Marçal afirmou falsamente que Tabata teria abandonado o pai ao ir estudar em Harvard, o que, segundo o juiz, extrapolou os limites do debate político ao explorar tragédia pessoal com intuito de influenciar o eleitorado. Ele declarou: “O pai dela, ela foi para Harvard, e o pai dela acabou morrendo...”. Tabata desmentiu a fala e disse estar no Brasil quando perdeu o pai. Durante a campanha, Marçal pediu desculpas. A condenação prevê pagamento de 200 salários-mínimos por danos morais e 7 dias-multa de 5 salários-mínimos cada, ultrapassando R$ 303 mil.

TRUMP DESVIA FOCO DE ACUSAÇÕES 

Donald Trump reagiu após seu nome aparecer em e-mails de Jeffrey Epstein, acusando democratas de montarem uma “farsa” e pedindo um inquérito federal para investigar ligações do financista com Bill Clinton e outras figuras públicas. Ele afirmou que registros mostram visitas frequentes de diversos nomes à ilha de Epstein. Trump acusou democratas de tentar reacender o caso apesar de milhares de páginas já divulgadas pelo Departamento de Justiça. Disse ainda que Epstein “era democrata” e criticou republicanos que aderiram às acusações. A Câmara votará a divulgação total dos documentos do caso. Pam Bondi afirmou que o Departamento de Justiça atuará com diligência, e a investigação ficará a cargo de Jay Clayton. O professor Matthew Baum, de Harvard, avalia que Trump tenta desviar o foco das citações a ele nos e-mails. As mensagens divulgadas sugerem que Trump sabia das práticas de Epstein e que teria passado horas com uma das garotas, além de Epstein afirmar que poderia derrubá-lo.

Salvador, 15 de novembro de 2025.

Antonio Pessoa Cardoso 
Pessoa Cardoso Advogados.

AQUECIMENTO AUMENTA RISCO DE MORTE

O aumento das temperaturas pode elevar de forma expressiva as mortes de crianças menores de cinco anos no Brasil nas próximas décadas, apesar da redução prevista da população infantil. A conclusão é de uma análise da LSHTM com a Fiocruz Bahia, que avaliou impactos de dois cenários de emissões em 130 municípios entre 2049 e 2059. Hoje, a taxa média de mortalidade infantil associada ao calor é de 1,07 por 100 mil crianças. No pior cenário, com aumento de 4°C a 5°C (SSP5-8.5), as mortes podem subir 87%, chegando a 2 por 100 mil. Mesmo com emissões moderadas (SSP2-4.5), o crescimento pode atingir 50%, com taxa de 1,47 por 100 mil. O aquecimento pode, assim, reverter avanços recentes na sobrevivência infantil. Segundo a pesquisadora Enny Paixão Cruz, se nada for feito, o país enfrentará quase o dobro de óbitos infantis relacionados ao calor. O estudo utilizou dados de 2000 a 2019 e mostrou que cada 1°C acima do percentil 75 aumenta o risco de morte, com efeitos acumulados por até sete dias. Crianças são mais vulneráveis porque perdem fluidos mais rápido e têm maior risco de desidratação. Profissionais de saúde já observam mudanças: doenças respiratórias deixaram de ser sazonais e ocorrem o ano inteiro; também aumentam desidratações e infecções por dengue, zika e chikungunya. A poluição e ondas de calor elevam atendimentos pediátricos.

O impacto varia por região: Norte e Nordeste tendem a sofrer mais devido a desigualdades em saneamento, habitação e acesso à saúde. Crianças pobres são as mais expostas a secas, enchentes e à falta de serviços essenciais. Pesquisadores destacam que os cenários não são inevitáveis. Mitigação climática, sistemas de alerta, adaptação de escolas, creches e unidades de saúde, além de investimentos em saneamento, água potável e áreas verdes, podem reduzir os riscos. Profissionais devem ser capacitados para identificar precocemente desidratação e agravamento de doenças. Medidas efetivas agora podem evitar um futuro mais quente e letal para as crianças brasileiras. 

PESSOAS NEGRAS NO JUDICIÁRIO

A baixa presença de pessoas negras nos espaços de poder também se manifesta no Judiciário. Dados do Painel de Monitoramento Justiça Racial, do CNJ, indicam 81.203 profissionais negros, correspondendo a 26,82% de 302.810 magistrados e servidores. No ranking por tribunal, o Distrito Federal está em 4º lugar, com 4,36%. Pessoas negras em funções estratégicas relataram ao jornal Correio os desafios para o avanço da justiça racial. O subdefensor público-geral, Fabrício Rodrigues, 41, estudou sempre em escola pública e ingressou na UFPI sem cotas. Ele lembra ser o único aluno negro entre 49 colegas de curso. Afirma que só se reconheceu como homem negro após seu letramento acadêmico, percebendo o racismo cotidiano e institucional. Defende a educação antirracista, inclusive no vocabulário, e sustenta que o letramento deve começar na educação básica para gerar mudanças estruturais. O juiz-auxiliar da presidência do STJ, Joacy Dias Furtado, 53, observa que pessoas negras são “minorias visíveis” em espaços de poder. Embora a prerrogativa do cargo gere certa proteção, ele ressalta que ninguém está imune ao racismo. Para ele, sua presença no Judiciário tem caráter representativo e inspira outras trajetórias, e a equidade deve ser regra, não exceção.

A procuradora da Fazenda Nacional Claudia Trindade, 57, vê a baixa representatividade negra nas carreiras jurídicas como reflexo das dificuldades de acesso aos concursos, que demandam anos de dedicação. Aponta ainda o déficit de preenchimento das cotas. Defende ações prévias de incentivo, como o Programa Esperança Garcia, da AGU, que oferece bolsas preparatórias. Para Claudia, justiça racial implica corrigir injustiças históricas e interpretar a legislação considerando desigualdades estruturais. Já a ouvidora racial da OAB-DF, Victória Cavaçani, 28, afirma que equidade é forma de reparação histórica. Relata discriminações sofridas e defende igualdade real de condições de partida, com formação antirracista no Judiciário e investimentos em estudantes negros, por meio de bolsas, mentorias e preparo para concursos. 



RECREIO E INTERVALOS INTEGRAM JORNADA DOS PROFESSORES

O Supremo Tribunal Federal decidiu, nesta quinta-feira, que o recreio e os intervalos entre aulas podem integrar a jornada dos professores, mas essa inclusão não é automática. A Corte definiu que cabe às instituições demonstrar quando o docente não estava à disposição da escola durante esses períodos. Até então, o tempo de recreio era sempre considerado como parte da carga horária, sem margem para exceções. A discussão chegou ao STF por meio de recurso da Associação Brasileira das Mantenedoras de Faculdades, que contestava decisões do Tribunal Superior do Trabalho sobre o tema.

O julgamento foi retomado na quarta-feira, quando o relator, ministro Gilmar Mendes, divergiu da tese de que o recreio deve ser incluído de forma obrigatória. Na quinta, 13, o plenário concluiu o caso e acompanhou o voto do relator. Votaram com ele os ministros Flávio Dino, Cristiano Zanin, André Mendonça, Nunes Marques, Dias Toffoli e Cármen Lúcia. O presidente do STF, Edson Fachin, ficou isolado ao defender que esses intervalos devem sempre ser reconhecidos como tempo à disposição do empregador. Em março do ano passado, Gilmar Mendes havia suspendido todos os processos sobre o assunto até a palavra final do STF. Com a nova decisão, as ações voltarão a tramitar seguindo o entendimento firmado pela Corte. 

STJ: AFASTAMENTO DE MILITARES POR SEREM TRANSEXUAIS

O Superior Tribunal de Justiça decidiu, na quarta-feira, 12, que militares não podem ser afastados de suas funções apenas por serem transexuais ou por estarem em transição de gênero. O tribunal também garantiu o direito ao uso do nome social por pessoas trans nas comunicações e documentos internos das Forças Armadas. A Primeira Seção do STJ analisou o tema e firmou entendimento a ser seguido por instâncias inferiores. A decisão estabelece que é obrigatório o uso do nome social e a atualização dos registros funcionais para refletir a identidade de gênero do militar. Também determina que é proibida a reforma ou qualquer desligamento baseado exclusivamente no fato de o militar trans ter ingressado por vaga destinada originalmente ao sexo oposto.

O tribunal afirmou ainda que a condição de transgênero ou a transição de gênero não constitui incapacidade ou doença para fins de serviço militar, vedando processos de afastamento baseados apenas na identidade de gênero. A disputa judicial começou em ação da Defensoria Pública da União sobre discriminações contra militares trans. O TRF2 já havia reconhecido o direito ao nome social e à vedação de afastamentos injustificados. No julgamento, o STJ rejeitou recurso da União e consolidou o entendimento para orientar decisões futuras. 

TRIBUNAL DE LONDRES CONDENA MINERADORA

A mineradora inglesa BHP foi condenada pelo Tribunal Superior de Justiça de Londres pelo rompimento da Barragem de Fundão, em Mariana (MG). A empresa, acionista da Samarco, não teve divulgado o valor da indenização. A Justiça inglesa afirmou que “o risco de colapso da barragem era previsível” e classificou como “imprudente” manter a elevação da estrutura diante de sinais de saturação dos rejeitos, infiltrações e fissuras. Segundo o documento, um estudo de estabilidade teria identificado fatores de segurança e tornado “inconcebível” a decisão de seguir elevando a barragem. A BHP disse que recorrerá e destacou seu compromisso com a reparação no Brasil e com o Novo Acordo do Rio Doce. A empresa informou que cerca de R$ 70 bilhões já foram pagos a moradores da Bacia do Rio Doce e entidades públicas, e que mais de 610 mil pessoas receberam indenização, incluindo 240 mil autores da ação no Reino Unido. A corte britânica confirmou a validade desses acordos, o que deve reduzir o tamanho e o valor da ação.

A empresa reafirmou que as medidas adotadas no Brasil são o caminho mais efetivo para reparar os danos às pessoas e ao meio ambiente. Em 2027 haverá nova audiência para avaliar a dimensão dos danos, seguida por uma etapa de definição das indenizações individualizadas em 2028. A tragédia completou dez anos em 5 de outubro. O rompimento despejou toneladas de rejeitos, contaminou rios, atingiu municípios e deixou 19 mortos.

DEFENSORES PODEM REPRESENTAR JUDICIAL E EXTRAJUDICIALMENTE

O STF declarou constitucional o artigo 8º da Lei Orgânica da Defensoria Pública da União, que autoriza defensores a representar judicial e extrajudicialmente a instituição. A decisão rejeitou ADI proposta pela Associação Nacional dos Advogados da União (Anauni), que alegava que essa atribuição caberia exclusivamente à AGU, conforme o artigo 131 da Constituição. A entidade pedia a declaração de inconstitucionalidade do dispositivo. Na ação, a Presidência da República apoiou a tese da Anauni, enquanto a Câmara defendeu a norma e o Senado afirmou que a AGU não teria legitimidade para discutir interesse da Defensoria. O relator, ministro Kássio Nunes Marques, afastou a alegação de ilegitimidade e destacou que as ECs 45/2004, 73/2013 e 80/2014 reforçaram a autonomia funcional e administrativa da Defensoria. Para ele, o artigo 8º é constitucional e não implica tentativa de conferir personalidade jurídica própria ao órgão. Segundo o ministro, a representação serve para garantir autonomia e independência da instituição perante os demais Poderes. Votou pela procedência parcial, limitando a atuação dos defensores à defesa da autonomia e prerrogativas institucionais. Foi acompanhado pelos ministros Zanin, Dino, Toffoli e Gilmar Mendes.

O ministro Alexandre de Moraes abriu divergência. Ele concordou com a constitucionalidade do artigo, mas discordou da limitação proposta pelo relator. Citando precedente que reconheceu a legitimidade da Defensoria para defender seus próprios direitos em juízo, afirmou que a norma não restringe a atuação institucional dessa forma. Moraes votou por negar provimento ao pedido, sendo seguido por Fachin, Cármen Lúcia, Fux, André Mendonça e pelo ministro aposentado Barroso. A maioria confirmou a constitucionalidade do dispositivo. 

MANCHETES DE ALGUNS JORNAIS DE HOJE, 15/11/2025

CORREIO BRAZILIENSE - BRASÍLIA/DF

Justiça condena Pablo Marçal por difamação contra Tabata Amaral

Empresário terá de pagar mais de R$ 300 mil por declarações consideradas ofensivas e baseadas em desinformação. Ele ainda pode recorrer

O GLOBO - RIO DE JANEIRO/RJ

Reunião às 3h da manhã convocada por premier do Japão causa polêmica e debate sobre excesso de trabalho no país

Sanae Takaichi afirmou que seu fax, que ainda é um meio de comunicação essencial no país, em casa estava com defeito

FOLHA DE SÃO PAULO -SÃO PAULO/SP

Tribunal do Júri absolve policial acusado de matar o lutador Leandro Lo em SP

Advogado da família de Lo afirma que a decisão da Justiça é soberana, mas deve recorrer Principal argumento da defesa foi que tenente Henrique Otávio Oliveira Velozo agiu em legítima defesa

TRIBUNA DA BAHIA - SALVADOR/BA

PF sugere ao STF inclusão de Mauro Cid no programa de proteção a testemunhas

A PF sugeriu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a inclusão do tenente-coronel Mauro Cid no programa de proteção a testemunhas

CORREIO DO POVO - PORTO ALEGRE/RS

Justiça italiana marca audiência de extradição de Carla Zambelli para o fim de novembro

A parlamentar está presa em Roma por decisão da Corte de Apelação, que apontou risco de fuga

DIÁRIO DE NOTÍCIAS - LISBOA/PT 

Moody's mantém rating de Portugal num nível bom e com perspetiva "estável"

Rating mantém-se em A3, "tendo em conta o endividamento elevado e a capacidade robusta de pagamento, embora ambos sejam mais fracos" face a outros países, "mesmo com as melhorias dos últimos anos".

sexta-feira, 14 de novembro de 2025

RADAR JUDICIAL

JUSTIÇA SUSPENDE FALÊNCIA DE OI

A Justiça do Rio suspendeu a falência da Oi e devolveu a empresa à recuperação judicial, após recursos de Itaú e Bradesco. A desembargadora Mônica Maria Costa afirmou que a quebra causaria prejuízos graves aos credores, ao público e aos milhares de empregados, além de desvalorizar ativos. Ela também determinou apuração sobre a atuação da gestora americana Pimco, atual controladora do grupo. Os bancos questionaram decisão da 7ª Vara Empresarial, que havia decretado a falência na segunda-feira (10). Argumentaram que, devido à relevância da Oi e a contratos com órgãos como Forças Armadas e Judiciário, a falência seria pior que a recuperação. Defesas citaram alternativas como a venda de 7.877 imóveis avaliados em R$ 5,8 bilhões e outros ativos que somam até R$ 50 bilhões. A Oi tem dívidas externas de cerca de R$ 45,5 bilhões. Sua crise começou nos anos 2000, com a política dos “campeões nacionais” e a compra da Brasil Telecom, autorizada por Lula em 2008. A fusão com a Portugal Telecom agravou o endividamento. Desde 2016, a Oi vende ativos, como a unidade de fibra (hoje V.tal) e a TV por assinatura. Apesar de manter a Oi Soluções, não recuperou fôlego e deixou de ser concessionária de telefonia fixa em 2024.

PARTIDOS CRITICAM TRUMP 

Partidos de esquerda divulgaram hoje, 14, uma carta criticando o presidente dos EUA, Donald Trump, por boicotar a COP30 e pedir enfrentamento ao que chamam de “projeto militar-imperialista” na América Latina. O documento, produzido durante a conferência da ONU em Belém, é assinado por PT, PCdoB, PV, PDT, PSB e Rede. As siglas lamentam a ausência de Trump e afirmam que ele reforça gestos imperialistas e ameaças à soberania regional num momento que exige união global. Para os partidos, combater esse projeto é defender ciência, verdade e democracia. Eles afirmam que o negacionismo climático é uma estratégia política da extrema direita para proteger interesses ligados à destruição ambiental e atrasar decisões urgentes. A carta também rejeita o “capitalismo verde”, que, segundo as legendas, apenas disfarça práticas exploratórias. Os partidos criticam a exploração ilimitada de recursos e a concentração de riqueza, destacando que povos tradicionais seguem invisibilizados. Por fim, defendem ampliar a tributação sobre mineração, petróleo, gás, madeira e agronegócio para financiar políticas socioambientais.

PIB ELEVADO DE 2% PARA 2,1% 

A Moody’s elevou de 2% para 2,1% a estimativa de crescimento do PIB do Brasil em 2025, mantendo a projeção de 2% para 2026 e 2027. O relatório indica que a China seguirá como mercado relevante para as commodities brasileiras e destaca que a diversificação doméstica e das exportações pode fortalecer o país. Por outro lado, a agência alerta que riscos climáticos podem afetar o desempenho econômico, já que o Brasil depende da agricultura e das hidrelétricas, vulneráveis a enchentes e secas prolongadas.
Sem ações de mitigação, a produção agrícola pode cair 2%, aumentando a necessidade de importações. O FMI calcula que o país precisaria investir entre 0,25% e 0,5% do PIB ao ano em adaptação agrícola. Na área energética, seriam necessários investimentos de 1% a 2% do PIB ao ano até 2030 para cumprir a meta de emissões líquidas zero em 2050, com 40% financiados pelo governo e o restante pelo setor privado.

BRUNO HENRIQUE É ABSOLVIDO

O jornalista Mauro Cezar Pereira criticou a decisão do STJD de absolver Bruno Henrique da acusação de forçar um cartão amarelo para beneficiar apostadores. No Pleno, seis auditores votaram apenas por multa e três por suspensão, deixando o atacante liberado para jogar mediante pagamento de R$ 100 mil. A Procuradoria havia denunciado o atleta com base nos artigos 243 e 243-A do CBJD, que tratam de prejuízo à própria equipe e influência em resultado, com pena de até 24 jogos. Em primeira instância, ele chegou a receber 12 jogos de suspensão, depois revertidos. Mauro rebateu o argumento de que seria “impraticável” aplicar o 243-A e lembrou que três auditores defenderam a suspensão. Para ele, era possível punir o jogador pelo envio de mensagens ao irmão sobre o cartão, ligado a apostas. O comentarista alertou que a decisão cria jurisprudência perigosa ao usar o artigo 191, mais genérico, resultando apenas em penalidade financeira.

DESEMBARGADORA É PUNIDO

O desembargador João Batista Alcântara Filho foi punido pelo Tribunal de Justiça da Bahia em cumprimento a decisão do CNJ, com aposentadoria compulsória. Ele estava afastado de suas funções e foi um dos alvos da Operação Faroeste, na investigação de vende de sentenças relacionadas com a grilarem de terras no oeste da Bahia. O magistrado continuará recebendo proventos proporcionais ao tempo de serviço, de conformidade com a Lei Orgânica da Magistratura e a Resolução 135/2011 do CNJ. 


Salvador, 14 de novembro de 2025.

Antonio Pessoa Cardoso
Pessoa Cardoso Advogados.




PETRO SEM MEDO DA ARROGÂNCIA DE TRUMP

Poucos líderes enfrentaram Donald Trump tão abertamente quanto o presidente colombiano Gustavo Petro. Desde que Trump assumiu o cargo, Petro o provocou ao bloquear voos de deportação, conclamar soldados americanos a desobedecerem ordens e acusar os EUA de assassinato em ataques a barcos no Pacífico. Na terça, 12, anunciou suspender o compartilhamento de inteligência com os EUA, embora o ministro do Interior tenha recuado depois. Trump o chamou de “chefe ilegal das drogas”, retirou seu visto e impôs sanções severas. Ex-guerrilheiro do M-19, Petro é descrito como alguém movido por convicções e avesso à cautela. Admiradores o veem como combatente dos poderosos; críticos dizem que age por ego e negligencia o governo interno. O confronto cresceu após Trump intensificar ataques a barcos acusados de traficar drogas. Petro denunciou a morte de um pescador colombiano, o que levou o governo americano a ameaçar cortar ajuda e impor tarifas. A postura rendeu apoio internacional à esquerda, mas preocupação interna, já que a Colômbia depende dos EUA em comércio e combate às drogas. Para detratores, sua política externa é ideológica.

Petro entrou para o M-19 aos 17 anos, participou da transição do grupo para a política e ganhou destaque ao denunciar vínculos entre paramilitares e políticos. Tornou-se ícone progressista e figura de desconfiança entre conservadores. Como prefeito de Bogotá, implementou medidas sociais, mas foi criticado por idealismo. Em 2022, tornou-se o primeiro presidente de esquerda do país, prometendo transformações profundas. Avanços ocorreram, mas a violência persistente e crises internas minaram sua popularidade. A desilusão atinge até antigos apoiadores, enquanto aliados dizem que ataques vêm de elites contrárias ao seu projeto. O embate com Trump divide o país entre enfrentamento e apaziguamento. Autoridades tentam minimizar tensões, mas analistas afirmam que Petro funciona politicamente em permanente lógica de confronto. Agora, o inimigo é Donald Trump. 

VIRGULINO CONTRATADO COMO GARÇOM

Virgulino é um robô de cerca de 1,5 metro, “contratado” há 45 dias como garçom na padaria Villa Grano, em São Paulo, levando pratos e copos com base em um mapa programado das mesas. O sócio Douglas de Oliveira diz que os clientes aprovaram e que já compraram cinco unidades, além de estudarem adquirir um robô de faxina. Os equipamentos são da marca chinesa Keenon, trazida ao Brasil pela startup Kratos Robotics, criada há oito meses por Marcello Lucarelli e dois sócios. A empresa trabalha com quatro tipos de robôs: garçons, limpeza, logística e comunicação. Lucarelli afirma que o mercado de humanoides ainda é caro demais. Outro cliente é a padaria Quinta do Marquês, em Alphaville, que usa o robô desde janeiro. Delícia de Perdizes e La Ville também testaram a tecnologia. Cada unidade custa R$ 92 mil. Oliveira diz que optou pela Kratos devido ao suporte nacional. Ele relata que, ao vestir o robô com uniforme, bloqueou sensores e o aparelho começou a rodar sem controle, resolvido após visita técnica.

Virgulino pede “com licença” ao encontrar obstáculos e tenta rotas alternativas. Para clientes antigos, o robô é curioso, mas não substitui o atendimento humano. Oliveira afirma que a falta de mão de obra motivou a adoção: a unidade, antes com 150 funcionários, hoje tem 100 e 20 vagas abertas. Segundo a Sampapão, faltam 30 mil trabalhadores na capital, 55 mil no estado e 140 mil no país. A Villa Grano também instalou totens de autoatendimento, etiquetas eletrônicas, cortador automático e cardápio por QR Code, embora poucos clientes usem este último. Para a professora Patrícia Artoni (FIA), robôs podem ser positivos com planejamento e adaptação cultural. Mal programados, porém, podem causar frustração, como atendimentos automáticos ineficientes. O professor Plinio Aquino Jr. diz que muitos robôs no Brasil ainda são genéricos e pouco adaptados, mas vê rápida evolução nos próximos 12 meses. Ele destaca que a robótica de serviço redistribui funções, liberando funcionários para tarefas mais humanizadas. 

REMOÇÃO DE CARBONO EXIGE MAIS DE 1 BILHÃO DE HECTARES

O relatório The Land Gap Report 2025, da Universidade de Melbourne, publicado ontem, 13, aponta que mais de 1 bilhão de hectares seriam necessários para remoção de carbono baseada na terra para cumprir as metas da NDC — área superior à da China. Segundo o estudo, países falham na redução de emissões por priorizarem soluções consideradas irreais, como plantios massivos de árvores, em vez de deter o desmatamento e a degradação florestal. A dependência desse tipo de remoção aumentou, passando de 990 milhões de hectares no fim de 2023 para 1,01 bilhão em 2025. Cerca de 441 milhões de hectares seriam destinados à conversão de terras para reflorestamento, plantações e culturas energéticas ligadas ao BECCS, o que pode ameaçar a produção de alimentos, a biodiversidade e modos de vida.

Os países que mais dependem do CDR baseado em terra — Rússia, Arábia Saudita, Estados Unidos e Canadá — respondem por 70% da área global exigida. Essa aposta em níveis considerados irrealistas prejudica a estabilidade climática, ao desviar o foco da eliminação das emissões de combustíveis fósseis. A universidade afirma que os governos não promovem mudanças efetivas devido a limitações estruturais da governança econômica global, que dificultam trajetórias de desenvolvimento sem desmatamento. Países do hemisfério sul ficam presos à dependência de atividades extrativas e agropecuárias, pressionados por dívidas e pela necessidade de atrair investimentos. Para os pesquisadores, a solução exige uma reformulação profunda da economia global, hoje orientada à extração e ao lucro de curto prazo, em direção a um modelo que priorize natureza, equidade, bem-estar coletivo e o respeito a povos e comunidades tradicionais.