João Ubaldo nasceu
na ilha de Itaparica, em 23 de janeiro de 1941 e, nesse mês, deixava sempre o
Rio de Janeiro para comemorar a data com os itaparicanos. Estudou no Colégio da
Bahia e graduou-se em Direito pela Universidade Federal da Bahia; fez mestrado
em administração pública e tornou-se professor universitário.
Bacharel em
Direito, por ingerência do pai, mas suas atividades desenvolveram-se noutras
áreas, jornalismo, magistério, escritor e grande cronista. Sua estreia no
jornalismo deu-se no antigo Jornal da Bahia, em 1957; em 1964, conseguiu bolsa
de estudos, junto à Embaixada americana, e fez mestrado em Administração
Pública e Ciências Políticas na Universidade da Califórnia do Sul. Nessa época,
o movimento revolucionário tinha João Ubaldo como esquerdista, e, sem saber que
estudava nos Estados Unidos, foi divulgada sua fotografia com a nota de
“Procura-se”.
Retorna dos
Estados Unidos em 1965 e ensina Ciências Políticas na Universidade Federal da
Bahia, onde ficou por 6 (seis) anos até desistir da vida acadêmica e retornar
ao jornalismo, no jornal “Tribuna da
Bahia”, onde se tornou editor-chefe; em 1979, é professor convidado do
International Writing Program da Universidade de Iowa; em 1990, João Ubaldo
deixa o país com a família e ruma para Berlim, a convite da Deutsch
Akademischer Austauschdlenst, onde ficou por pouco mais de um ano. Escreve para
o jornal Frankfurter Rundschau.
Em 1981, vai para
Lisboa com a família, motivado por uma bolsa obtida junto à Fundação Calouste
Gulbenkian. No retorno, fixa residência no Rio de Janeiro e torna-se colunista
do jornal “O Globo” e do “Estado de São Paulo”, onde semanalmente publica uma
crônica. Reune coletânea de suas publicações da época e lança, em 1988, o livro
“Sempre aos domingos”.
A primeira obra de
João Ubaldo foi “Setembro Não Tem Sentido”, em 1962, e contou com o apoio de
Jorge Amado para sua edição; com Sargento Getúlio, 1971, recebeu o prêmio “Jabuti”, na categoria revelação de autor; o
coronelismo é o tema e o enredo passou para as telas do cinema.
Em 1984, lança
“Viva o Povo Brasileiro”, Prêmio Jabuti e Golfinho de Ouro, em 1985, e Camões,
em 2008; narra a história do Brasil, através da abolição da escravatura,
proclamação da República, o golpe de 1964, de forma crítica e satírica; busca a
identidade do brasileiro. Essa obra foi traduzida e lançada na Espanha, na
Alemanha e na França. Em 1987, é homenageado na Marques de Sapucaí, pela escola
Império da Tijuca com o samba enredo baseado em “Viva o Povo Brasileiro”.
Em 1989 publica “O
Sorriso do Lagarto” que virou minissérie, exibida na Rede Globo em 1991.
Foi eleito para a
Academia Brasileira de Letras, em 1993, ocupando a cadeira que antes era do
cronista político, Carlos Castelo Branco; em 2012, conquistou a vaga de Cláudio
Veiga na Academia de Letras da Bahia.
Outros livros e
outras homenagens, João Ubaldo obteve na vida triunfante de escritor.
Conseguia enredo
para suas crônicas, em Itaparica, onde tinha fiéis amigos e concebia personagens:
Bernardino Fernandes, 82 anos, o Espanha, Antonio Joaquim da Silva, o Toinho
Sabacu, Zecacomunista; Seu Bartolomeu, o Bartola, Margarida Prack, rainha de
Sabá.
Casou-se em 1960
com Maria Beatriz Moreira Caldas, sua colega na Faculdade de Direito e
separou-se 9 (nove) anos depois; em 1969, novo casamento com a historiadora
Mônica Maria Roters, com quem teve duas filhas; o segundo casamento acabou em
1978; em 1980, casa-se pela terceira vez com a fisioterapeuta Berenice de
Carvalho Batella, com quem viveu até a morte; dessa união nasceram mais 2
(dois) filhos.
João Ubaldo vivia
as alegrias e dificuldades do povo de sua terra; assim é que não se omitiu na
polêmica travada acerca da construção da ponta Salvador/Itaparica. Em
entrevista a um jornal declarou: “Essa ponte nuna vai ser construída. Contra
ela, há diversos argumentos. A prioridade de uma ponte dessa, diante do acúmulo
das necessidades do País, é baixíssima”. O contrato para elaboração do projeto
de engenharia foi assinado pelo atual governo, mas há muita resistência para
sua construção; recentemente, os jornais noticiaram que um dos candidatos ao
governo, pela oposição, manifestou-se contra essa obra.
Salvador,
julho/2014
Antonio Pessoa
Cardoso
PessoacardosoAdvogados
Nenhum comentário:
Postar um comentário