quarta-feira, 13 de agosto de 2014

COMARCAS DA BAHIA: RETIROLÂNDIA E NOVA FÁTIMA


No dia 14/12/2012, a Corregedoria das Comarcas do Interiror festejou, em Retirolândia a 100º unidade visitada, no periodo de fevereiro a dezembro/2012. O feito foi comemorado, porque a Lei de Organização Judiciária do Estado obriga o Corregedor a comparecer em, no mínimo 50 (cinquenta) comarcas durante os 2 (dois) anos de gestão; no final, entretanto, em outubro/2013, a Corregedoria conquistou novo desafio: visitadas todas as comarcas da Bahia.
 
O município de Retirolândia destaca-se pela produção de sisal; tem população de 13.092 e extensão territorial de 203,786 km2; recebeu o foro de cidade em 1962; Nova Fátima foi emancipada em 1989 e fica às margens da BR-324, com extensão geográfica de 281.825 km2 e população de 8.124; Gavião, município que passou a integrar a unidade de Nova Fátima, desde 2012, tem área de 335,567 km2 e 4.561 habitantes.

Os 3 (três) municípios possuem 25.777 habitantes, agora, praticamente agrupados em uma só comarca, Retirolândia. 

A comarca de Nova Fátima passou por situação semelhante a de Tanque Novo, pois recebeu a unidade desativada de Gavião, em 2012, e agora também, na prática, perde a condição de comarca, porque agregada à Retirolânida, em nítido descompasso adminstrativo do que se fez em 2012, quando foi desativada, e o que se faz em 2014, quando é agregada. E o pior é que os 2 (dois) municípios não tem ligação alguma, porque sem transporte público entre as cidades. A distância de menos de 50 km entre Retirolândia e Nova Fátima contribui para complicar e dificultar o acesso à Justiça, pois, segundo norma do Tribunal de Justiça, o servidor nada receberá pelo deslocamento com as idas e vindas na condução de processos e, certamente, não terá a obrigação de gastar para trabalhar.

Recentemente, enquanto a magistrada realizava audiência em Retirolândia, havia necessidade de apreciação urgente de prisão preventiva e sentença de réus presos em Nova Fátima. A agregação impediu o funcionamento da justiça, pois nem a magistrada poderia deslocar-se e muito menos os servidores, sem percepção de diária ou qualquer ajuda para o deslocamento entre cidades que, como se disse, não tem transporte público.    

A unidade de Retirolândia, instalada em 1991, dispõe de 14 (quatorze) servidores, dos quais 2 (dois) à disposição do Tribunal e 1 (um) desempenha a função de assessor da juíza; no cartório dos feitos cíveis, 3 (três) servidores; no crime, 2 (dois); 2 (dois) oficiais de justiça e 1 (um) administrador; não tem delegatários, fazendo com que os cartórios extrajudiciais continuem com os servidores judiciais, que acumulam funções: o cartório de Registro de Imóveis e o de Registro Civil de Pessoas Naturais é ocupado pelo mesmo servidor judicial; para o Tabelionato de Notas foi desingada uma escrevente.

A juiza titular, Ana Paula Teixeira, destaca-se pela aproximação com os servidores, estimulando-os e otimizando a labuta diária, além de contribuir com sua liderança, constatada pela Corregedoria, para melhor relacionamento interpessoais; reune mensalmente para diagnosticar gargalos, traçar metas e promover a integração e socialização dos servidores. A magistrada foi premiada duas vezes: Retirolândia, comarca inicial que mais realizou acordos na Semana Nacional de Conciliação em 2013 e a Corregedoria das Comarcas do Interior conferiu-lhe o título de “boa prática”, pelo trabalho de bom tratamento dispensado aos servidores. E mais, a magistrada acalenta e conduz seus auxiliares a enfrentar o desafio da falta absoluta de estrutura e das péssimas condições de trabalho.

Não há promotor titular, nem defensoria pública.

O fórum funciona no primeiro andar de um prédio, cedido pela Prefeitura, de dificil acesso, bastante desconfortável e sem o mínimo espaço para o bom desenvolvimento dos trabalhos. Não há segurança, mas registra-se carência de computadores e de impressoras, com máquinas obsoletas, além de dificuldades para aquisição de material de informática. Há anos a juíza luta pela mudança de endereço, mas a burocracia do Tribunal atrapalha.   

Tramita na comarca 3.119 processos, sendo 2.658 no cível e 461 no crime.

A unidade de Nova Fátima tem 16 (dezesseis) servidores; desses 03 (três) atuam nos cartórios extrajudiciais de Gavião que, como se disse, foi desativada e integrada a Nova Fátima.

Os cartóriois extrajudiciais, Registro de Imóveis, Tabelionato e Registro Civil tanto de Nova Fátima quanta de Gavião estão todos entregues a escreventes.  

O cartório dos feitos cíveis, 1.368 processos e o crime 948, somados ao de Retirolândia perfaz o total de 5.435 processos para uma juíza, sem promotoria e sem estrutura para o trabalho.    

Esse é mais um resultado das desativações e agregações.

Salvador, 13 de agosto de 2014.

Antonio Pessoa Cardoso.

PessoaCardosoAdvogados

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