DESAPACHO
INUSITADO
"Vistos, etc...
O Juiz de Direito não se
confunde com a maioria dos homens. De 1000 (mil) Bacharéis em Direito que
pretendem transformarem-se em Juiz de Direito, apenas 10 (dez), 05 (cinco), 01
(um) ou nenhum consegue realizar esse sonho. Esse tem sido o resultado da
maioria dos concursos públicos realizados para o provimento do cargo de Juiz de
Direito. Assim, apenas a minoria dos homens, a pequena fração de 0,01% dos
Bacharéis em Direito é capaz de moldar-se, converter-se em Juiz de Direito.
Portanto o Juiz de
Direito não está sujeito, exposto, aos sentimentos exagerados, como estão os
outros homens em sua maioria.
O Juiz de Direito emerge
dentre os homens mais valentes, bravos, determinados,
"desasombrados", denodados, coerentes, sensatos, educado, da melhor
formação, tenazes, persistentes, resistentes, idealistas, íntegros, fabulosos,
gigantes em virtude, elegantes, vencedores, campeões, melhores...
No desempenho de seu
trabalho, nem o amor nem o ódio balizam a "trajetória" do Juiz de
Direito. Para "dá" a cada um que é seu, o Juiz de Direito orienta-se apenas
pelo profissionalismo e pelo senso de Justiça.
O presente feito não foi
ainda despachado em razão do "cúmulo" de serviço comum e eleitoral
nesta Comarca. De acordo com a certidão de fls. 73 existem 111 (cento e onze)
processos mais antigos do que o presente, conclusos para despacho e sentença.
Todos serão despachados e sentenciados oportunamente. Todos dependem de estudo.
Não é possível estudar todos de uma só vez. Não é justo que se dê preferência
aos mais recentes, em prejuízo dos mais antigos, que estão aguardando por uma
providência Jurisdicional a mais tempo. A certidão de fls. 73 registra feitos
datados de 83 e 84. Há até feitos datados do ano de 1982.
Assim, determino à
Escrivania que me apresente este Processo, tão logo tenham sido despachados e
sentenciados os Processos constantes da Certidão de fls. 73.
Intimem-se.
Aliança, 27 de julho de 1994."
CONFINAMENTO
O Juiz de Direito Odilon de Oliveira, 56 anos
assumiu a Comarca de Ponta Porá/MS, em junho de 2004, e depois que condenou 114
traficantes a 919 anos e 6 meses de cadeia, além de ter confiscado casas, fazendas,
veículos e aviões. Passou a morar no fórum da cidade, porque jurado de morte,
pelos traficantes que pagam 300 mil dólares para vê-lo morto. É vigiado por
sete agentes federais e quando sai, em raras ocasiões, é acompanhado pelos
agentes. A família de Oliveira, mulher, filhos e duas filhas tiveram de
permanecer em Campo Grande e o Juiz vai em casa a cada 15 dias sempre com
seguranças. Até a comida do Juiz é adquirida na cidade em pontos estratégicos,
porque se teme ser envenenado.
SALA DE
AUDIÊNCIA VIROU DORMITÓRIO.
Uma sala de audiências virou dormitório, com
três beliches e televisão. Quando o juiz precisa cortar o cabelo, veste colete
à prova de bala e sai com a escolta. “Estou aqui há um ano e nem conheço a
cidade.” Na última ida a um shopping, foi abordado por um traficante. Os
agentes tiveram de intervir.
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