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sexta-feira, 3 de outubro de 2014

JEQUIÉ ELEVADA, MAS SEM MUDANÇAS

O município de Jequié, denominado de a cidade Sol ou a Chicago Baiana, no sudoeste da Bahia, tem extensão territorial de 3.035,423 km2 e 161.391 habitantes; somado ao município de Itagi, com 13.053 habitantes, mais o município de Manoel Vitorino, com 14.390, perfazem um total de 188.834 jurisdicionados.

A cidade foi quase completamente destruída com a enchente de 1914; depois disso, a cidade ficou conhecida como a “Chicago Baiana”, porque também a cidade norte-americana foi destruída por fogo em 1871. A diferença reside em que uma foi dizimada pela água, outra pelo fogo. 

A economia do município é baseada na agricultura, pecuária e mineral, destacando-se jazidas de granito, reservas de ferro, mármore, calcário, além de um Poliduto de derivados de petróleo e álcool.

Jequié desmembrou-se de Maracás em 1897 e só tornou-se cidade em 1910.

Fato interessante e inusitado aconteceu em 1911, quando o Presidente da Assembleia Legislativa, Aurélio Rodrigues Viana decretou a mudança da capital do Estado, de Salvador para Jequié, situação que permaneceu entre o final de 1911 até início de 1912; daí, originou-se verdadeira guerra do governo federal que bombardeou Salvador, forçando a renúncia do então governador. O bombardeio causou incêndio da biblioteca pública que guardava documentos históricos da capital.  

Jequié foi a primeira cidade do sudoeste a ter uma agência do Banco do Brasil, inaugurada em 1923.

A COMARCA: 6 PROMOTORES E 4 JUIZES

Jequié, incluindo a comarca desativada de Itagi, e o município de Manoel Vitorino, mais 7 (sete) distritos, dispõe de 5 (cinco) varas judiciais mais uma do Juizado Especial. Três dessas varas, 1ª e 3ª Cíveis e Júri, Execuções, Infância e Juventude estão desprovidas de juízes titulares.

Por outro lado, o Ministério Público lotou a comarca com 6 (seis) promotores, portanto, juntando com Porto Seguro, Juazeiro e outras, é mais uma que tem mais promotores que juízes. Tem 4 (quatro) defensores públicos na unidade.

Alarmante é a também a defasagem no quadro de servidores, como se verá abaixo. Nos cartórios judiciais, deveriam trabalhar 65 (sessenta e cinco) servidores e, na verdade, dispõe de apenas 37 para os cartórios judiciais e os extrajudiciais que não receberam delegatários, afora os 6 (seis) agentes de proteção ao menor.

Eis o quadro de servidores e juízes da comarca, excluída Itagi, que integrou a unidade a partir de 2011, quando foi desativada:

Cartório dos Feitos Cíveis:

Na 1ª Vara Cível, sem juiz titular, conta com uma escrivã, uma escrevente designada subescrivã e uma escrevente, mais quatro oficiais de justiça, no total de 7 (sete) servidores, quando deveria ter 18 (dezoito). Tramitam 4.200 processos.

Na 2ª Vara Cível: o juiz titular, Tibério Coelho Magalhães         uma escrivã, um subescrivão, dois escreventes e uma técnica judiciária, além de cinco oficiais de justiça, no total de 10 (dez) servidores, quando deveria ter 18 (dezoito). Tramitam 8.393 processos.

Na 3ª Vara Cível: sem juiz titular, uma escrivã, duas escreventes, um servidor remanescente do extrajudicial e três oficiais, no total de 7 servidores, quando deveria ter 18 (dezoito). Tramitam quase 6.000 processos.

Na 1ª Vara Criminal: o juiz, titular Carlos Alberto Fiúsa de Castro, que responde também pelo Eleitoral, uma escrivã, um escrevente designado subescrivão, um escrevente, quatro oficiais e um atendente de recepção, no total de 8 (oito), quando deveria ter 18 (dezoito).

Na Vara de Júri, Execuções, Infância e Juventude não tem juiz titular e o quadro de servidores é o seguinte: uma diretora de secretaria, uma escrevente, um agente de proteção ao menor, três oficiais de justiça e uma digitadora do Juizado Especial, no total de 7 (sete), quando deveria contar com 24 (vinte e quatro, incluindo os 6 (seis) agentes de proteção ao menor. Tramitam 3.162 processos.

A comarca foi elevada à condição de entrância final, semelhante a Salvador, mas nada mudou em termos de infraestrutura, pelo contrário piorou, porque recebeu mais processos e maior número de jurisdicionado, através da comarca desativada de Itagi. 

A Vara dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais tem como titular o juiz Glauco Dainese dos Campos que cuida de 608 reclamações no Crime e 2.672 no Cível, no total de 3.280.

A Justiça Federal de Jequié que atende a 44 municípios da região, ganhou, no início do corrente ano de 2014, sede própria que conta com mais de 7 (sete) mil processos de matéria previdenciária. A Prefeitura doou a área de mais de 5.000 m2 e o fórum chama a atenção pela sua arquitetura.


CARTÓRIOS EXTRAJUICIAIS

O Cartório de Registro de Imóveis, o 1º e 2º ofícios de notas tem delegatários.

O Cartório de Protesto de Títulos conta com dois servidores judiciários, um dos quais escrevente, mesmo número para o Cartório de Protesto de Títulos e Documentos.

Na sede são dois cartórios de Registro Civil: o 1ª ofício com cinco servidores e o 2º ofício com quatro servidores.

São 8 (oito) distritos na Comarca de Jequié, entre os quais a comarca desativada de Itagi e o município de Manoel Vitorino.

Cartórios de Registro Civil com funções Notariais:

Distrito de Itagi tem uma escrevente designada; distrito de Boaçu, Baixão, Itaibó e Itajuru, Catingal e Oriente com um servidor cada; a cidade de Manoel Vitorino tem dois servidores.

Registre-se que o distrito de Catingal está distante da sede 100 quilômetros.

O setor de Distribuição tem três servidores um dos quais transferido da comarca desativada de Itagi e o setor de portaria conta com dois agentes.  

Em meados do ano de 2012, a Corregedoria das Comarcas do Interior realizou mutirão, face à constatação de excesso populacional na unidade prisional, porque projetada para abrigar 416 presos e 48 mulheres, tinha, naquela oportunidade, 879 homens e 80 mulheres.

O trabalho desenvolvido pelo juiz Moacyr Pitta Lima, do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas Socioeducativas promoveu a liberação de
131 presos. No encerramento da atividade, estiveram presentes o então Corregedor e o juiz auxiliar, a Corregedora de Presídios e a Presidente do GMFBahia.

Hoje, a comarca já tem 349 presos somente provisórios, afora os condenados que contribuem para o excesso na unidade.

Em Jequié, militam mais de 200 advogados e a subseção local, através de seu presidente, Agenor Pereira Nery Júnior, reclama a falta de juízes e de servidores. 

Salvador, 03 de outubro de 2014.

Antonio Pessoa Cardoso.

Ex-Corregedor - PessoaCardosoAdvogados

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