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domingo, 14 de dezembro de 2014

UM HOMEM DEIXA O SENADO

Pedro Simon nasceu em 1930, em Caxias do Sul, RS, elegeu-se vereador, primeiro cargo politico, em 1959, deputado estadual por quatro vezes seguidas, a partir de 1962, ministro da Agricultura em 1985, governador em 1987 e senador da República em 1990 até 2015, quando em 31 de janeiro próximo encerra seu último mandato.

A primeira esposa de Simon, Tânia, faleceu em 1985; tiveram três filhos; Simon casou-se com Ivete com quem teve mais um filho e vive até hoje. 

Pedro Simon participou de efetiva oposição à ditadura militar e foi um dos protagonistas para as Diretas Já e para o impeachement do ex-presidente Collor. 

Esse homem com 85 anos de idade, dos quais 60 dedicados à atividade política, deixa saudades e espaço que não se vê quem ocupará. Lutou contra as mazelas da política e sempre teve a esperança de transformar o cenário desolador do Congresso Nacional. Não conseguiu e abandona a vida pública porque se decepcionou com o caminho tomado pelo partido que ajudou a fundar, o PMDB.

Disse que “o mal no Brasil de hoje é esse sistema de ter 30 partidos vazios de conteúdo, votando com o governo para ganhar um cargo aqui e outro ali. E o MDB, (assim ele ainda denomina o PMDB), maior partido do Brasil, ao invés de se rebelar, de ter uma palavra firme, também fica brigando por mais um ministério. O partido perdeu a consciência”.

O senador está no PMDB desde a fundação; pertenceu antes ao PTB, que foi extinto pela ditadura. Apesar de pertencer ao mesmo partido de Sarney lutou pela renúncia do maranhense à presidência da Casa diante dos escândalos dos atos secretos, no ano de 2009. 

Recebeu do DIAP, Departamento Intersindical de Assessoria, o conceito de “uma das reservas morais do Parlamento; um dos melhores oradores do Senado. Ético, trabalhador, responsável, é um político passado a limpo”.

Pedro Simon não espera nem quer cargo publico. Diz o gaúcho: “Se Deus permitir, pretendo imitar o Teotônio Vilela. Quero andar pelo Brasil para convocar OAB, CNBB, os jovens a nos movimentar, a criar uma porta comum”. 

Na despedida do Senado, no dia 10/12, disse: “As minhas palavras deixam agora o relento dos discursos, mas não recorrerão ao agasalho do silêncio. Vou soprá-las a outros ouvidos, vou semear em outros campos férteis como este do qual agora me despeço. Vou agora para onde estão os jovens, porque é deles o reino do futuro. E a missão lá fora também urge”. 

Disse mais Simon: “Não há razão para tristeza quando o coração tem a sensação de dever cumprido. Ainda que eu tenha cultivado a humildade de reconhecer que fiz menos do que poderia e muito menos do que desejei fazer. Aqui não só plantei, colhi. Essa Casa sempre foi para mim uma terra fértil. Que a minha colhida possa ser saciado o desejo de democracia, soberania, justiça do povo brasileiro”.

Assim, encerra-se a carreira de um dos políticos mais sérios, de um grande tribuno, de um gaúcho emérito.

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