sábado, 9 de maio de 2015

SABÁTICO – Um tempo para crescer

Herbert Steinberg, ex-diretor de Recursos Humanos da Macdonalds, escreve sobre a necessidade de o homem “fazer cortes do tempo de dedicação” ao trabalho para refletir sobre o projeto de vida pessoal, tão importante quanto a vida profissional sobre a qual poucos dedicam a relevância devida, porque guardam o direito de fazer aquilo que gostariam para “quando ganharem na loteria, ou quando os filhos crescerem”, após anos de trabalho. Não se deve esperar a aposentadoria para fazer o que dá prazer, explica o autor. 

Para isso, nada melhor do que “sair em sabático”, conceituado como “interrupção planejada das atividades profissionais, caracterizada pelo propósito de renovação”; é uma “forma de imprimir qualidade à vida”. O homem precisa conhecer-se melhor, buscando um lugar diferente para, através de uma “pausa” na rotina, descobrir as habilidades pessoais, armazenadas e que pretende executar somente depois de um acontecimento incomum ou trágico na sua vida, a exemplo da “loteria” ou até mesmo de uma doença terminal. 

Os debates sobre a aposentadoria compulsória, no Brasil, por exemplo, mostram o apego ao trabalho – poder - simplesmente porque os profissionais não aceitam a mudança para execução do projeto de vida, preferindo continuar naquela atividade até, se for o caso, a morte. E nessa condição insere-se os que são contra e os que se manifestam a favor da compulsória aos 75 anos, pois uns e outros não querem arriscar numa “segunda vida”; os mais novos planejam chegar mais cedo ao topo da carreira e os idosos permanecer onde estão, ambos com o interesse de ficar mais tempo no trabalho – poder -, sem se ater para a verdade enunciada por Peter Drucker: a vida do indivíduo é mais longa que o vínculo empregatício.

No sabático, o cidadão entenderá que não é o único “sábio” da empresa, que conta com outros profissionais competentes. No serviço público, a licença-prêmio foi instituída para premiar o funcionário e contribuir para a busca de novas energias; todavia, banalizou-se o significado da expressão, porque o servidor elege a licença-prêmio como sinônima de dinheiro e busca a troca como resultado mais positivo, sem perceber a “segunda vida”, consistente nos livros que gostaria de ler, na língua que sempre pretendeu falar, nas viagens marcadas, mas não realizadas ou na maior convivência com a família que nunca teve. 

O autor diz que o objetivo maior do setor de RH deve ser voltado para ganhos qualitativos, pouco quantificáveis e isso aprende-se no sabático. A produtividade no trabalho aumenta na medida em que haja maior felicidade; “o esforço exagerado reduz a produtividade efetiva”. 

Herbert Steinberg entende sabático como a “busca consciente ou inconsciente de respostas que, por alguma razão, ainda não foram produzidas”. Diz que percorreu sozinho 800 quilômetros do Caminho de Santiago de Compostela, entre Saint-Jean-Pied-de-Port, no extremo sul da França, até Santiago de Compostela, no extremo oeste da Espanha, em aproximadamente 30 dias. 

É um livro que se recomenda a leitura, nesse mundo confuso no qual vivemos, onde se prestigia o ter em desprestígio do ser. 

Salvador, 09 de maio de 2015.

Antonio Pessoa Cardoso.
PessoaCardosoAdvogados.

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