Leon Tolstoi, escritor russo, 1828/1910, escreveu romances, novelas, contos, narrativas como Ressureição, Guerra e Paz, Anna Karienina e outras, mas os críticos consideram A Morte de Ivan Ilitch a maior novela na literatura mundial.
O autor descreve acerca da vida de um funcionário graduado do governo na Rússia, quando se requer para subir na carreira muito mais as amizades o jogo dos interesses pessoais do que a competência profissional do candidato. O agrado ao chefe ou à esposa deste marca a ascensão do profissional.
Ivan Ilitch aceitou o cargo de magistrado, apesar do deslocamento para outra província; sopesou muito o aumento do salário, suficiente para a conquista de uma vida confortável com a mulher e filhos. A futura esposa, Praskovya Fiodorovna Mikhel, era uma mulher bonita e inteligente, mas a gravidez do primeiro filho desconsertou toda a vida de Ivan, porque a esposa mostrou-se bastante ciumenta e reclamando sempre a atenção do marido. Começaram os problemas familiares para o intelectual. Esse e outros fatos fizeram-lhe separar a vida familiar da rotina no trabalho e as dificuldades de relacionamento causaram a construção de um muro separatório, de forma que, mesmo em casa, estava isolado dos ataques e dificuldades que a mulher criava. Avolumaram-se os desentendimentos na vida doméstica e Ivan tentava ignorar as agressões de Praskovya.
No Tribunal, Ivan não abusava da autoridade conquistada e tratava os que dependiam de seu parecer de igual para igual. Eram muitos os que dependiam de seus julgamentos e por isso passou a ser cotejado. Mas Ilitch não deixou que o poder inebriasse sua personalidade e sua atenção para quantos lhe procurassem. A grandeza do cargo não mudou seu trato com os mais simples e Ivan não permitia mistura de relações pessoais com as do cargo que ocupava. Se fosse de sua alçada, sentia-se muito feliz em poder ajudar, mas se fugisse de sua competência desvinculava do assunto. Separava a vida real da vida oficial.
O novo magistrado era prático nos julgamentos e reduzia ao necessário as considerações que analisava sobre cada caso. Em pouco tempo recebeu promoção na carreira, seguida de fiel devoção ao que fazia, mas o custo de vida da nova cidade diminuíram-lhe os ganhos.
A cada promoção, o personagem de Tolstoi recebia uma nova vida cheia de vantagens sociais e profissionais; apesar do novo círculo de amizade, na alta esfera governamental, sabia escolher friamente as autoridades com as quais iria ter relacionamento mais próximo.
Mas o destino de Ivan Ilitch mudou com uma doença que não se conseguiu diagnosticar. Mal adoeçou, já se discutia sobre seu sucessor. O sofrimento com as dores causaram-lhe o isolamento em casa. Sentia-se bem quando Gerassim, o criado, estava no quarto para lhe amparar.
Ivan Ilitch lutou contra a morte e não aceitava de bom grado a mentira das pessoas, quando lhe davam esperança de vida; entendia gestos dessa natureza como fingimento, pois desejavam sua morte.
Salvador, 7 de junho de 2015.
Antonio Pessoa Cardoso
PessoaCardosoAdvogados.
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