Cristiane Correa especializou-se nas áreas de Negócios e Gestão; escreve e dar palestras sobre o assunto. A Editora Pessoa lançou a obra, com o título acima, que traz ensinamentos interessantes sobre gestão, força de vontade, inteligência empresarial, rotina de vida.
A fortuna de Abílio Diniz iniciou-se em 1948, quando seu pai, Valentim dos Santos Diniz adquiriu um mercadinho e uma padaria; deu a denominação de Pão de Açúcar e o progresso foi assustador, principalmente porque, com o tempo, o filho Abílio, que assumiu a liderança, nas sucessivas viagens pelo mundo trazia novidades para crescimento do negócio. Compreendeu cedo que o supermercado, para oferecer bom rendimento, necessita de boa localização, além de movimentação de pessoas, conhecimento de hábitos dos moradores do entorno, informações obtidas através de pesquisas.
A autora buscou o personagem Stark, no filme “Homem de Ferro”, para mostrar o perfil de Abílio Diniz. É que, esse homem de negócios enfrentou adversidades de toda natureza na sua vida pessoal e empresarial, mas continua na luta, após ter completado 78 anos, forte e determinado a prosseguir na gestão de seus negócios.
Os desentendimentos entre os irmãos, filhos de Valentim e de dona Floripes, quase levam o Pão de Açúcar à falência. Visualizando as dificuldades, o patriarca continuou na presidência, mas dividiu atribuições entre os filhos, na empresa, além de cuidar de trazer executivos de fora para administrar os negócios, sem maiores interferências da família. Abílio, que havia afastado, volta e encontra a empresa em frangalhos, sem caixa, com despesas acima de suas possibilidades, com ostentação incompatível com o negócio. No comando imprimiu a orientação: “Corte, concentre, simplifique”. De 45 mil funcionários em 1990, passou a contar com 17 mil em 1991; foram fechadas muitas lojas, de 626, em 1985, restaram 262 em 1992. A ordem era de que só ficariam abertos os supermercados que dessem lucro. A luta era para diminuir custos, até mesmo com a interrupção de pagamentos de impostos.
Abílio soube ultrapassar as barreiras que impediam a ascenção do Grupo. Comandou também a BRF e agora, o maior desafio, situa-se no Carrefour, que lhe coube na negociação com o grupo francês.
Religioso, esportista, humano, patrocinador de muitos programas sociais, Abílio Diniz sabe reinventar e pedir apoio de técnicos em áreas específicas, quando encontra necessidades para subir na sua meteórica carreira de empresário vitorioso. Tinha muitos amigos na área empresarial.
O grande pesadelo, na vida do “homem de ferro”, deu-se em dezembro de 1989, quando foi sequestrado, conduzido e jogado numa cela subterrânea de menos de 5 metros quadrados, onde mal podia movimentar-se; ai passou seis dias, tendo apenas um colchonete fino, um vaso sanitário e uma lâmpada que apagava e acendia de acordo com a conveniência de seu algozes. Abílio não conseguia engolir a comida, servida por um sequestrador encapuzado; passou os dias do cativeiro, comendo bolacha de sal e água. O sequestro acabou, sem o resgate dos 30 milhões, depois que a polícia encontrou numa ambulância, usada pelos sequestradores, o telefone de uma oficina, que deu a pista para o desenlace.
O temperamento mercurial de Abílio Diniz é classificado pela autora como sua marca registrada. Era homem de rotinas, que traçava todos os seus afazeres do dia a dia, porque entendia que o respeito à práxis implicava na sobre de tempo para preocupação com tarefas maiores; quando viajava tinha uma mochila, onde estavam todos os ingredientes que poderia necessitar, no périplo empresarial, tais como cartões de crédito, celulares, iPad, necessaires com remédios e outros.
Abílio enfronhou-se também pela vida pública, quando aceitou o convite do então ministro da Fazenda, Mario Henrique Simonsen, um convite para participar do Conselho Monetário Nacional, um dos órgãos mais poderosos do país, na época.
O outro grande embate de sua vida aconteceu com o encerramento da sociedade com o Cassino; a ruptura deu-se, porque um jornal francês informou que o Grupo Pão de Açúcar negociava com o varejista francês Carrefour; Naouri do Cassino entendeu que essa ação era um preparo para um golpe, visando impedir a transferência de controle do Pão de Açúcar, prevista em contrato para acontecer em 2012. Com a guerra travada entre Abílio e Jean-Charles Naouri, o Pão de Açúcar terminou nas mãos de Jean-Charles Naouri, do grupo francês. Abílio não desistiu da vida empresarial e comanda o Carrefour.
Salvador, 26 de setembro de 2015.
Antonio Pessoa Cardoso
Pessoa Cardoso Advogados.
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