sábado, 26 de agosto de 2017

VENEZUELA, À BEIRA DO PRECIPÍCIO

O ditador Nicolás Maduro, a despeito da rejeição popular, da inflação galopante, do desprestígio internacional, ainda se mantém no poder, na Venezuela, fundamentalmente em função do apoio militar e do petróleo, afinal, o país é o maior produtor do ouro negro. 

A gestão dos recursos públicos foi entregue aos oficiais, daí a lealdade das armas ao ditador, que se tornou um “boneco” no colo dos militares. Esse cenário teve início no governo de Hugo Chávez e foi ampliado com Maduro. Segundo Alberto Pfeifer, coordenador-adjunto do Grupo de Análise de Conjuntura Internacional da USP, “a PDVSA (empresa petrolífera estatal), a distribuição de alimentos, os serviços de saúde pública, telecomunicações, indústrias, bancos e construtoras, entre outras coisas, estão sob o direto controle das Forças Armadas”. 

Pesquisas mostram que 80% do povo quer a saída de Maduro, mas os 20% que apoiam seu governo significa quatro vezes mais do que os que defendem Michel Temer no Brasil. Lá ainda se contabiliza os benefícios que essa minoria obtém dos militares, desde alimentos a armas. 

Da estatal PDVSA origina-se 95% das divisas que entram na Venezuela e, portanto, é o centro do poder, apesar da grande queda na produção do petróleo, fruto da estatização e demissão de mais de 18 mil funcionários. A Venezuela produzia na década de 90 em torno de 3 milhões de barris por dia e caiu para menos de 2 milhões, mas mesmo assim com dúvidas sobre a capacidade da empresa, que se tornou obsoleta, sem acompanhar as novas tecnologias. 

Os governos latinos, na maioria, não reconhecem o regime implantado por Maduro, que já foi expulso do Mercosul. Mas o pior, aconteceu, na sexta feira, 25/08, quando o governo dos Estados Unidos impôs fortes sanções financeiras contra o país. O decreto proíbe negociações de novas dívidas, de títulos do governo ou da PDVSA, impede transações de títulos de propriedade do setor público e pagamento de dividendos ao governo da Venezuela. A importação e exportação de petróleo ainda é permitida, simplesmente, porque atende aos interesses dos americanos, pois da Venezuela segue para os Estados Unidos mais de 40% de todo o petróleo produzido. 

Maduro afirmou que as medidas vão “asfixiar” a Venezuela. 

Outro sustentáculo do governo reside no apoio que continua a receber da China e da Rússia. Todavia, o cerco ao grupo que leva o país para o precipício está afunilando, principalmente, depois das sanções assinadas por Trump.

A Venezuela certamente dará um calote na dívida externa, pois o país está quebrado: reservas de US$ 9.7 bilhões, enquanto o Brasil, apenas em termos comparativos, tem US$ 382 bilhões em reservas. Ademais, o governo terá de pagar neste ano US$ 3.8 bilhões. 

Enfim, o governo contra o povo não tem como prolongar no comando. 

Salvador, 26 de agosto de 2017

Antonio Pessoa Cardoso
Pessoa Cardoso Advogados.

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