Passaram-se 50 anos, desde que os movimentos estudantis de 1968, transfomaram o palco dos debates políticos do Congresso, das Universidades para as ruas. A “revolução”, nascida nas Universidades, em 1968, não se prolongou na sociedade; ficou limitada aos protestos estudantis em todo o mundo: em Berlim, em Paris, no México, ou no Rio de Janeiro.
Neste mesmo ano, pessoas do povo apareceram para acabar com a vida de dois grandes líderes: Matin Luther King, que encampou a luta dos negros nos Estados Unidos e Robert Kennedy, que era o líder apto a interromper com a Guerra do Vietnã; eles foram assassinados neste fatídico ano.
Os governantes continuaram onde estavam, mas a invasão pela Polícia do Restaurante Calabouço, onde os secundaristas faziam suas refeições, terminou na morte de um estudante: em março/1968, mal chegou ao Rio, Edson Luis, foi assassinado pela ditadura militar, que não aceitava contestação ao regime implantado em 1964; as passeatas repetiram-se pelas ruas do Rio até a dos 100 mil, que provocou temores entre os militares; deu-se prosseguimento com a repressão, agora com mais brutalidade.
Depois da invasão do Restaurante, a Polícia estende sua ocupação à Universidade Federal do Rio de Janeiro. Isso é tema para outra oportunidade, pois eu estava lá.
A passeata dos 100 mil originou o crescimento da repressão e os movimentos estudantis proliferaram até que houve uma missa na Igreja da Candelária, no cento do Rio de Janeiro, quando policiais a cavalo investiram contra padres, estudantes, repórteres e contra todo o povo. Os protestos não eram realizados somente no Rio de Janeiro, mas em São Paulo, na Bahia, em Recife, em Goiás e em muitas outras cidades do país.
Em outubro/1968, o 30º Congresso da UNE, União Nacional dos Estudantes, preparou-se para desacatar a proibição do evento, tomando todas as medidas e preparativos para celebrar o Congresso em Ibiuna/SP. O regime militar não tolerava essa afronta e por isso inviabilizou o encontro, prendeu mais de 1.000 estudantes, levando muitos para Carandiru, de triste memória.
José Dirceu e Genoíno, membros do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, estavam entre os estudantes, em Ibiuna; os dois não migraram, como muitos outros, para a luta armada, e preferiram buscar um partido politico. O encontro dos estudantes foi estraçalhado e dois dos líderes de 1968 optaram para aderir ao partido de Lula: o PT; esse grupo tinha como programa a ética na política.
A UNE, sempre na vanguarda das lutas do povo, tornou-se aliada do governo do PT, e José Dirceu e Genoíno assumiram posição de destaque no governo implantado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O pior, entretanto, é que o partido liderou a maior corrupção que se tem notícia em todo o mundo. Dirceu, Genoíno e muitos outros líderes do PT, inclusive o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foram condenados pela prática do crime de corrupção, exatamente o inverso do que pregavam nos movimentos estudantis.
Em dezembro/1968, os deputados, corajosamente, recusaram-se em suspender a imunidade do deputado Márcio Moreira Alves, que levou raiva aos militares, quando discursou no Congresso, sugerindo o boicote ao desfile do 7 de setembro e insinuando às mulheres para não namorar com oficiais.
O governo “mostrou as unhas” com o AI-5, que veio em seguida, neste mesmo ano de 1968, sacramentando o arbítrio.
Salvador, 12 de janeiro de 2018.
Antonio Pessoa Cardoso
Pessoa Cardoso Advogados.
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