Neste mês é festejado o bicentenário de um filósofo, sociólogo, jornalista e revolucionário socialista dos mais importantes da história do mundo, Karl Heinrich Marx, 1818/1883. Viveu e influenciou com suas idéias a Europa e o mundo, em meados do século XIX. Deixou várias obras, mas destacam-se "O Manifesto Comunista", lançado às vésperas da Revolução de 1848, na França, escrito com seu amigo Friedric Engels; nesse livro, Marx critica o capitalismo e termina, pedindo a união dos operários de todo o mundo. Em 1867, é publicado o primeiro volume de sua principal obra, "O Capital”, que discorre sobre economia, desenvolvendo o tema sobre o trabalho e sua relação com o capital. A primeira tradução dessa obra deu-se na Rússia, que, mais tarde, usou suas ideias, na formação do governo comunista. Os outros volumes de “O Capital” foram organizados pelo grande amigo de Marx, Friedric Engels.
Marx, em suas teorias, afirmava que só através da luta de classes seria possível o progresso da sociedade humana; entendia que as condições econômicas e a luta de classes são agentes transformadores da sociedade. Os poderosos não querem mudanças, vez que estão confortavelmente instalados; a luta é dos oprimidos com a situação, que lhes é desfavorável e que buscam seus direitos, através da revolução a fim de mudar a História. Marx dizia que, após o triunfo do proletariado, a sociedade não teria mais divisão de classes, vez que haveria união dos trabalhadores, organizados por um partido revolucionário.
O Estado criado para proteger a classe dominante, apesar de representar o interesse de todos, deveria atuar, num primeiro momento para oferecer condições de vida ao operário, seguindo-se a ditadura do proletariado com a socialização dos meios de produção, acabando com a propriedade privada e pela implantação do comunismo, que representaria o fim de todas as desigualdades sociais e econômicas, inclusive a dissolução do próprio Estado; explicou que o capitalismo criaria tensões internas e causaria sua destruição e substituição pelo socialismo. O desentendimento entre a burguesia e o proletariado seria uma constante. Marx defendia ação revolucionária para derrubar o capitalismo e consequentes mudanças sócio-econômicas.
Na sua teoria econômica, conceituou a expressão mais-valia, para explicar como o sistema capitalista obtém o lucro. Dizia que o trabalho e a mão-de-obra geram a riqueza, consistente na mercadoria, mas o dono do dinheiro apropria do valor vendido daquele produto, bem superior aos gastos na sua produção, e isso é denominado de mais-valia. A diferença entre o que o empregado recebe e o que ele produz é a mais-valia, que fica com o patrão.
O filósofo alemão analisava a possibilidade de uma revolução socialista para resolver as contradições do capitalismo no mundo. O marxismo exerceu substancial influência na Revolução Russa, de 1917, apesar de ter visualizado a Rússia como grande obstáculo para a revolução progressita na Europa, vez que um país eminentemente rural; posteriormente, entretanto, considerou a possibilidade de acontecer uma revolução, originada no campo, na Rússia.
Os fracassos de 1848, seguido da Comuna de Paris, em 1871, no Ocidente, juntamente com os movimentos anticzarista no início do século XX fez Marx antever a possibilidade da revolução socialista surgir na Rússia, como veio a acontecer, através da liderança de um seu discípulo, Wladimir Illich Ulianov, conhecido por Lênin. O socialismo científico de Marx não se adaptava a um país rural, com classe operária reduzida, daí que foi necessária a adaptação à realidade russa.
As ideias de Marx tomaram vulto principalmente depois de sua morte, mas o tempo encarregou-se de mostrar os equívocos cometidos, na prática, pelo grande filósofo.
Salvador, maio/2018.
Antonio Pessoa Cardoso
Pessoa Cardoso Advogados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário