A opção entre a vida e a economia não é correta, quando se discute acerca do isolamento das pessoas e fechamento do comercio em geral em contraposição com a economia do país, por causa do coronavírus. O isolamento vertical, como se denomina o exercício de algumas atividades, é perfeitamente possível, desde que se tome algumas precauções, a exemplo de testes rápidos de Covid-19 a cada 15 dias ou a cada semana. O isolamento total e indiscriminado e o fechamento geral é instalação do pânico.
Mesmo sem essa preocupação de exames quinzenais, não se registra a doença entre os trabalhadores de supermercados, muito menos nos postos de gasolina, ou nas farmácias. E o contato desse pessoal com muita gente é indiscutível. Por que então fechar todo o comércio, todas as indústrias, todas as praias? Que explicação oferece os radicais para engolir a estatística de que 90% das mortes são de pessoas com mais de 60 anos ou de que 85% originam-se de pessoas com fatores de risco, a exemplo de diabéticos, cardiopatas e outras doenças pré-existentes? Argumento irrefutável para desempenho de algumas atividades, devidamente controladas.
As incoerências sobre as medidas para evitar a disseminação do Covid-19 tornaram-se políticas e os governadores resolveram “peitar” o governo. Não há coordenação nacional, e os prefeitos ou governadores fazem o que bem entendem. Na Bahia, por exemplo, a despeito de o governador, do PT, ser inimigo figadal de Bolsonaro, foi sugerido aos prefeitos do interior do estado para manter abertos o comércio e as feiras livres, desde que não tenham casos confirmados de coronavírus. Essa orientação do governador implica na abertura do comércio em mais de 90% das cidades do Estado, porquanto poucos municípios registram infecção com o coronavírus.
Os estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Mato Grosso e Rondônia autorizaram a reabertura do comércio. Evidente que o funcionamento das lojas não contribuirá para expansão do coronavírus, da mesma forma que o trabalho nos postos de gasolina, nas farmácias, nos supermercados, nos açougues, nas padarias, não implicou em crescimento de pessoas infectadas. Há de se preocupar com o isolamento de pessoas que apresentam fatores de risco, a exemplo dos diabéticos, hipertensos e outras doenças, pois o percentual das mortes situa-se mais nesse grupo.
A experiência de Minas Gerais, do Rio de Janeiro de Mato Grosso e de Rondônia certamente mostrará que o caminho guiado somente pela equipe médica contém o cuidado natural de quem labuta com a saúde. Por que alguns profissionais declaram alto e bom som que o Brasil está no começo da ladeira e que nos próximos dias teremos muitas mortes? Esse não é um posicionamento correto, pois o povo já se encontra angustiado com a pandemia do coronavírus e agora soma com a epidemia do medo.
Há uma demagogia impressionante nessa questão do coronavírus. Um político disse que se o isolamento geral e o fechamento do comércio evitar a morte de uma pessoa já justificaria a drástica providência. Outro afirmou que não adianta abrir comércio se não tiver cliente vivo. São frases de efeito para legitimar as medidas adotadas. Que dizem eles sobre a morte de mais de 50 mil pessoas por ano, mais de 4 mil por mês mais de 130 por dia no trânsito no Brasil? O pânico está implantado com a falta de logística e é agravado pela liberdade concedida pela Justiça a criminosos de toda espécie, mais de 5 mil foram liberados.
Salvador, 27 de março de 2020.
Antonio Pessoa Cardoso
Pessoa Cardoso Advogados.