sexta-feira, 24 de abril de 2020

MORO DEIXA O MINISTÉRIO

O ex-juiz federal, Sergio Moro, deixou o Ministério da Justiça e assegurou que temia o que ocorreu: a interferência do Executivo nos trabalhos da Polícia Federal. O Presidente, no curso desses meses, tentou em várias oportunidades substituir o diretor-geral, Maurício Valeixo, de absoluta confiança de Moro, com quem trabalha desde o início na Lava Jato, em Curitiba. Vários membros da Polícia Federal asseguram que o presidente sempre procurou blindar seus filhos, um com a “rachadinha”, de um filho, e as fake news de outro.

O Presidente que prometeu "carta branca" para Moro montar sua equipe, segundo declarou o ex-juiz, desfez a promessa na manhã de hoje, com a exoneração do diretor-geral da Polícia Federal; aliás, tem sido assim com outros ministros: na Economia, apesar da liberdade que foi oferecida a Guedes para escolher sua equipe, houve interferência do Presidente. Bolsonaro deverá nomear o chefe da Secretaria-geral, Jorge Oliveira, para o Ministério da Justiça ou para a Segurança Pública, que deverá ser desmembrada da Justiça.

Moro explicou, no seu pronunciamento desta manhã: "O presidente passou a insistir na troca do diretor-geral. O que eu sempre disse: presidente não tenho nenhum problema para trocar o diretor da PF, mas preciso de uma causa. E uma causa relacionada à insuficiência de desempenho, erro grave... mas o que vi foi um trabalho bem feito”... O presidente depois que Moro lhe disse que a exoneração de Valeixo seria interferência política, respondeu a Moro que era "interferência política mesmo”.

EXONERAÇÃO NÃO FOI A PEDIDO
A exoneração do diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valexo, não foi a pedido, como consta no decreto, publicado no Diário Oficial da União de hoje, mas houve demissão, segundo explicou Sergio Moro, na sua fala de saída do cargo. A declaração de Bolsonaro, em vídeo, em 2018, quando conseguiu Moro para o Ministério, desmente seu procedimento com a demissão do diretor-geral:

"Parabéns à Lava Jato. O recado que eu estou dando a vocês é a própria presença do Sergio Moro no Ministério da Justiça, inclusive Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), para combater a corrupção. Ele pegou o Ministério da Justiça, é integralmente dele o ministério, sequer influência minha existe em qualquer cargo lá daquele ministério. E o compromisso que eu tive com ele é carta branca para o combate à corrupção e ao crime organizado".

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