D. Irinea em foto de Eurly |
Quatro anos e meio depois, o falecido, Edson Alkmim da Cunha, não suportou a ausência e pediu autorização para buscar, na terra, sua dileta esposa e santa mulher: D. Irinéa Tavares da Cunha, nascida em Correntina/BA; saiu do convívio dos filhos, dos netos e dos amigos para partir e juntar-se ao marido numa outra vida, a espiritual, que tão bem eles cultuavam, nas igrejas e na ajuda às pessoas que necessitavam dos bens materiais e espirituais.
Naquele mês de novembro/2015, em Ilhéus, onde eu estava, escrevi:
"Edson Alkmim sempre esteve perto de uma esposa, que é a figura de uma santa, na terra: Irinéa. Sem se adentrar pelo campo político tratava com amabilidade incomum os amigos políticos de seu marido. Senhora respeitada e prendada, como professora e como mulher digna, fiel e companheira inseparável. Um mereceu ao outro, mas não se sabe quem emoldurou quem, pois o que foi, possuía e a que fica possui religiosidade, caridade, bondade e compreensão singular".
Faleceu D. Irinéa!
Há pessoas que marcam, para todo o sempre, nossas vidas; na minha existência, o Sr. Edson e D. Irinéa deixaram sinais indeléveis, que perduraram com o passar do tempo. Na educação, na conduta como homem e mulher, na religiosidade e na afeição que devotavam aos amigos. D. Irinéa foi uma mulher, festejada por onde andou; na terra onde viveu, Santana, Oeste da Bahia, conquistou fieis admiradores, na terra onde morreu, Paróquia de Sant'Ana, em Salvador, cativou sinceros amigos.
Uma santa mulher é a definição que escrevi em 2015 e reafirmo nesse dia triste por ter perdido mais uma pessoa de referência na minha vida. D. Irinéa: mãe de 13 filhos, esposa venerada pelo marido, pelos filhos e pelos netos, reverenciada pelos alunos, soube viver com muita fé e devoção à Igreja que tanto ela ajudou. Com o esposo construíram, em Santana, a Igreja de Nossa Senhora de Fátima, administrada pelas Filhas de Fátima.
Professora do Educandário Diocesano Santana, possuidora de simpatia contagiante, na minha turma, terceiro ano ginasial, ensinava a matéria "Canto Orfeônico", hoje aula de música. Lembro-me perfeitamente dela passando pela entrada do Educandário, dobrando para a direita e dirigindo-se para a terceira sala, onde seus alunos aguardavam-na ansiosos pelos ensinamentos daquela matéria diferente, exposta por uma mestra de fala leve e simpática.
A mestra deixava fluir, em espontânea simplicidade e segurança, os tons nas aulas que ministrava: dó, ré, mi, fá, sol...
D. Irinéa era frequentadora assídua da Igreja de Sant'Ana, em Santana, e da Igreja de Sant'Ana, em Salvador. Em Santana, ou onde estejam seus ex-alunos, a perda dessa santa mulher traz lembranças que não mais se consagram nos tempos atuais; as Filhas de Fátima, com certeza, amarguram o desaparecimento da devota de Fátima.
Dizia eu em 2015: "chorei a morte do meu professor, do meu amigo, de um homem que nunca vi destratando seu semelhante; sinto, principalmente, porque, fora da cidade onde morreu, não pude acompanhar, como fizeram muitos dos seus amigos, a despedida para a morada eterna".
E hoje o que digo: não escondo minha fraqueza, mas na redação desta matéria, parei e chorei, pois também não pude acompanhar a despedida desta santa mulher.
A morte dessa santa mulher não teve despedida, face a singularidade do seu desaparecimento; o vírus invisível, traiçoeiro e destruidor não poupou nem a vida de D. Irinéa!
Fecham-se as cortinas e desaparece uma Santa Mulher: D. Irinéa!
Salvador, 31 de maio de 2020.
Antonio Pessoa Cardoso
Pessoa Cardoso Advogados.