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domingo, 17 de maio de 2020

AS ENFERMEIRAS E O INIMIGO INVISÍVEL

O ano começou com uma guerra diferente, sem obedecer fronteiras, envolvendo todos os países do mundo contra um único inimigo que esbanja força e poder para enfrentar todas as nações do planeta, sem uso de uma arma sequer, mas tendo ciência de que seu competidor possui os equipamentos mais modernas e sofisticadas. O ajuntamento de todos os artefatos para combater o inimigo não são usados, porque não servem para enfrentamento na luta que se trava, vez que os exércitos não visualizam o desafeto que aporta sem se perceber e a percepção de sua caminhada acontece porque há destruição de vidas, sem fazer barulho e silente. Entra e sai sem deixar endereço.

É realmente uma guerra inédita e o inimigo paralisa o funcionamento das máquinas que fabricam armamentos pesados e de todos os mecanismos nas grandes e nas pequenas indústrias ou oficinas, porque os operadores não podem sair de casa, sob pena de sofrer ataque do inimigo; os homens ricos e pobres, de todas as partes do mundo, são forçados a deixar os locais de trabalho e esconder em suas casas para não serem percebidos pelo inimigo invisível; intrigante é que nosso rival não perturba os animais nas fazendas, não interfere na produção de frutas, cereais e alimentos, não interrompe o fornecimento de água e de energia; nesse quadro dantesco aparecem as bravas guerreiras, as enfermeiras, os enfermeiros, os maqueiros, o porteiro dos hospitais, o nutricionista, o fisioterapeuta, o assistente social, os médicos e todos que militam nessa área. Aceitam a missão de trabalhar, sabendo que diante de qualquer descuido recebem o ataque traiçoeiro e certeiro do rival, que pode custar a vida.

Os cientistas ainda não descobriram como esse poderoso inimigo desembarcou no planeta; bem verdade que os países agridem um ao outro, sob acusação de que ancorou primeiro aqui ou ali, mas não se chega à conclusão e não se mostra elementos para comprovar a origem do "caniço" arrasador; não se sabe, portanto de onde veio, nem muito menos para onde vai e por quanto tempo permanecerá em nosso meio.

Na busca de meios para fugir do adversário, as autoridades sanitárias de todo o mundo orientam o povo para isolar em suas casas, fechar o comercio, não viajar para não ser visto pelo inimigo; aconselham a todos para, quando sair de casa para comprar alimentos medicamentos ou outras necessidades prementes, não esquecer do uso de um equipamento para evitar o ataque do inimigo, que é, como se disse, invisível.

Os combatentes dessa conflagração cruel e sem trégua não recebem as glórias e as condecorações oferecidas aos heróis de guerra, aos generais e aos combatentes nos conflitos convencionais; as bravas enfermeiras e enfermeiros, os médicos e todos os profissionais da área estão na linha de frente e não recuam enquanto não fortalecerem o paciente afetado, sob seus cuidados, com a cura do ataque sofrido ou enquanto não dizimarem com o inimigo invisível. Esses destemidos homens e mulheres não portam as armas dos gladiadores, não recebem salários condignos para a atividade que exercem, mas são amáveis, ostentam disposição, coragem e sacrifício incomum do militante no campo de guerra; sabem que podem ser contaminados e perder a batalha, mas não se intimidam com a morte, nem mesmo quando tomam ciência de milhares de companheiros mortos, antes mesmo de a guerra terminar; são golpeados ferozmente pelo inimigo, enquanto trabalham para livrar o outro, sob seus cuidados.

Esse batalhão de mulheres e homens, portando o uniforme branco, são negligenciadas e desvalorizados pelas autoridades públicas, que só lembram deles quando incomodados.

O inimigo invisível é o Covid-19 e o amigo visível são as enfermeiras, enfermeiros, os médicos e os profissionais da saúde, que merecem a Medalha Florence Nightingale, a mais alta condecoração internacional para essas amáveis guerreiras.

Salvador, 16 de maio de 2020.

Antonio Pessoa Cardoso
Pessoa Cardoso Advogados.

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