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quarta-feira, 27 de maio de 2020

PRESCRIÇÃO MÉDICA VIROU ATO DE POLÍTICO

O Brasil desses últimos anos atravessou por severas alterações e a principal delas situa-se no campo político. O país posicionou-se por seguir cega e humilhantemente o que se pratica nos Estados Unidos; o erro torna-se mais agudo, quando se sabe das grandes diferenças, em todos os sentidos, entre as duas nações. Donald Trump é o modelo de governar, apesar de seu estilo ditatorial, sua petulância, seu nacionalismo exacerbado e seu costume de mentir. Michael Walsh retrata o estilo do presidente, sustentado na improvisação. O jornal Washington Post fez contagem das vezes nas quais o presidente Donald Trump mentiu, desde que assumiu o governo dos Estados Unidos, e chegou ao número de 3001 mentiras. A última aconteceu na segunda feira, 30/04, quando disse que a tese do primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu de que o Irão tem “um programa secreto” nuclear está 100% certa. No dia seguinte à declaração de Trump, foi tida como erro verbal, pois o Irão não tem, mas tinha um programa nuclear. 

Esse introito serve para mostrar o modelo de governo que seguimos.

É estarrecedor saber-se que a receita médica passou a ser atribuição de governantes, principalmente para o tratamento do coronavírus. Aliás, essa situação não é monopólio do Brasil, porque iniciada nos Estados Unidos, com indicação até mesmo de detergente para curar a doença. 

O presidente Donald Trump, depois da recomendação da cloroquina para curar o coronavírus, passou a defender o uso do detergente lysol, apto a limpar o corpo do coronavírus. Os jornais americanos The Washington Post, The New York Times e outros publicaram a indicação de Trump e o resultado foi que alguns americanos que seguiram a receita do presidente, terminaram tendo de buscar tratamento nos hospitais, dado o efeito que o detergente exerceu no corpo. A fabricante, sentindo o aumento na busca do produto, afirmou que as pessoas não deveriam beber nem usar o detergente no corpo; o estrago já tinha acontecido, quando Trump declarou que se tratava de uma ironia com os jornalistas. 

No Brasil, dois ministros da Saúde foram defenestrados dos cargos, porque o presidente da República entendeu de prescrever o remédio de Trump, o uso da hidroxicloquina para combater o coronavírus. Felizmente, o presidente americano alegou ironia na receita do detergente, mas se insistisse, o Brasil, certamente, estaria prescrevendo o lysol ou outro substituto para limpar o corpo do coronavírus.

As autoridades brasileiras devem saber que Trump perdeu o prumo no combate à doença, causando a morte de mais de 100 mil pessoas, além de mais de 1.7 milhão de infectados. O Brasil segue os Estados Unidos até no ataque do malfadado vírus, que está deixando os Estados Unidos e destruindo muitas vidas no Brasil, transformando nosso país no epicentro da pandemia. Será que houve alguma combinação entre os presidentes para o Brasil receber a Covid-19 e deixar os Estados Unidos? A dependência de nossa política ao Tio Sam leva-nos a esse raciocínio, apesar de sermos castigados pelo enfurecido Trump: deportação de brasileiros, impedimento de voos do Brasil para Estados Unidos. 

É mera coincidência a situação do Brasil com os Estados Unidos ou há maiores explicações para a simetria procedimental!

Salvador, 26 de maio de 2020.

Antonio Pessoa Cardoso
Pessoa Cardoso Advogados.

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