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sábado, 20 de junho de 2020

BOLSONARO TEME DELAÇÃO DE QUEIROZ

O presidente Jair Bolsonaro anda bastante aborrecido e por dois dias, depois da prisão de Queiroz, não aproximou de seus apoiadores. Em live na quinta feira, 18/06, o presidente descarregou sua preocupação: “Parecia que estavam prendendo o maior bandido da face da terra. Mas que a Justiça siga o seu caminho. Repito, não estava foragido e não tinha nenhum mandado contra ele”. Bolsonaro negou qualquer relação com Queiroz e diz que o caso envolve seu filho, sobre "suposto esquema de desvio de dinheiro de verba pública dos salários de servidores da Assembleia Legislativa do Rio”.

Bolsonaro, por mais que queira, não consegue desvincular-se de Fabrício Queiroz, pois é seu amigo há mais de 30 anos; através de suas declarações percebe-se a preocupação do presidente em defendê-lo. Afinal, Queiroz estava em uma casa, trasmudada em escritório de advocacia, que de escritório só tinha a placa, e ali permaneceu por mais de um ano. E quem era o advogado que cedeu a casa: o defensor e amigo de Bolsonaro, Frederick Wasseff, que, certamente responderá na OAB e na Justiça pelo esconderijo, consistente em emprestar a casa ao amigo da família de Bolsonaro.

A decisão que decretou a preventiva de Queiroz estampa a afirmação dos promotores, considerando-o um “operador financeiro” de Flávio, filho do presidente. Alegam que até as mensalidades escolares das filhas do senador eram pagas em dinheiro por Queiroz. Ademais, ainda carece de melhores explicações um cheque de Queiroz no valor de R$ 24 mil, destinado à esposa do presidente, Michelle Bolsonaro; a explicação foi de que se tratava de um empréstimo dele próprio, Bolsonaro, para Queiroz. E qual é a defesa de Flávio: "Encaro com tranquilidade os acontecimentos de hoje. A verdade prevalecerá! Mais uma peça foi movimentada no tabuleiro para atacar Bolsonaro". 

São fatos interessantes na Justiça: quando as decisões recaem contra um inimigo é comemoração certa, é louvação aos juízes; assim aconteceu com a investigação da Polícia Federal contra o governador do Rio, que se tornou inimigo dos Bolsonaro e, várias vezes, verdadeiro foguetório com a prisão de Lula, José Dirceu e outros do PT. Não cansam de elogiar a coragem e correção dos juízes que tomaram essas posições contra o inimigo político. Todavia, quando as decisões ou decretos de prisão atingem parentes ou amigos políticos, como no caso do senador Flávio ou na abertura de inquérito contra o confuso ex-ministro da Educação, danam-se a atribuir tratar-se de manifestações políticas do magistrado ou a denegrir sua imagem. 

Salvador, 20 de junho de 2020.

Antonio Pessoa Cardoso
Pessoa Cardoso Advogados.

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