domingo, 21 de junho de 2020

TRUMP TEM MEDO DE “THE ROOM WHERE IT HAPPENED"

A Casa Branca, através do Departamento de Justiça, requereu ação judicial contra John Bolton e a editora, Simon & Schuster, pedindo ao juiz que proíba a publicação do livro "The Room where it happened”, (A sala onde tudo aconteceu), sob fundamento de que contém informações confidenciais e “prejudica a segurança nacional dos Estados Unidos". Logo depois de protocolada a primeira ação, intentou outra cautelar para embargo da obra. A editora do livro classifica a busca para proibir o lançamento do livro como uma ação "frívola" e com “motivação política”, distante de “proteção de segredos de Estado". A editora informa que o livro "já foi distribuído em todo o país e por todo o mundo", daí porque a medida cautelar "não conseguirá nada". Trump preocupa-se até mesmo com o ganho que Bolton obterá com o livro de 494 páginas; ele celebrou contrato com a a editora e deverá embolsar US$ 2 milhões.

O ex-assessor de Trump, John Bolton, descreve a "falta de escrúpulos", vigente na condução do país, desde 2018, quando a Casa Branca recebeu o novo presidente, que, atualmente, não pensa em outra coisa que não seja barrar a distribuição do livro de memórias de Bolton. O juiz Royce Lamberth do Tribunal Distrital dos Estados Unidos tentou obter acordo entre as partes e realizou audiência na sexta feira, 19/06; no sábado, o magistrado negou o pedido do governo, sob fundamento de que a obra já se encontra "impressa, encadernada e enviada para todo o país"; criticou Bolton por não obter o consentimento explícito do governo e afirmou que a liminar não era apropriada para o caso.

O lançamento do livro está marcado para a próxima terça feira, 23/06, depois de adiado por duas vezes, mas o livro já circula em Washington. John Bolton é republicano e foi nomeado conselheiro de Segurança Nacional, permanecendo no cargo por pouco mais de um ano, abril/2018 a setembro/2019. Os desentendimentos entre Trump e Bolton começaram a parecer na condução da política externa referentes ao Irã e a Coreia do Norte.

Bolton ofereceu-se para depor como testemunha no processo de impeachment de Trump, mas os republicanos, zelando pelos erros grosseiros do presidente, não permitiu sua participação no processo, que terminou por negar o impeachment no Senado, porque na Câmara Trump foi derrotado. São bombásticas as revelações de Bolton; ele disse surpreso quando constatou que o presidente usou as compras dos produtos agrícolas como moeda de troca para que Pequim o ajudasse em sua reeleição em 2020; em 2019, o presidente americano propôs retirar acusações criminais na Justiça contra a empresa chinesa Huwei, visando sua reeleição; informa sobre conluio com poderes adversários ou aplauso de assassinato e campos de concentração. Apesar das reportagens e livros, acusando Trump de mentiroso, falso e outros adjetivos, nenhuma das incriminações lhe atingiu tão fortemente quanto o que Bolton escreve no “The Room where it happened”, segundo os comentaristas.

Em entrevista na quarta feira, 17/06, ao Journal, Trump descarrega todo seu ódio contra Bolton e diz: “É um mentiroso. Todo mundo na Casa Branca o odiava”. A única coisa que eu gostava em Bolton era que todo mundo pensava que era louco". No Twitter, Trump desfecha mais agressões contra seu ex-assessor: "Bolton’s book, which is getting terrible reviews, is a compilation of lies and made up stories, all intended to make me look bad. Many of the ridiculous statements he attributes to me were never made, pure fiction. Just trying to get ever for firing him like the sick puppy he is!

Nesse texto Trump xinga seu ex-assessor de mentiroso, porque considera o presidente uma pessoa do mal. A fúria do presidente é tamanha que considera Bolton um "cachorro doente".

Salvador, 20 de junho de 2020.

Antonio Pessoa Cardoso
Pessoa Cardoso Advogados

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