Com o Presidente da Suprema Corte Portuguesa |
O comunismo, em 1964 e até 1985, serviu de slogan para campanhas políticas, visando ascensão de políticos e militares inescrupulosos. Na verdade, nem aproximamos, naqueles anos e muito menos agora, da tentativa de adoção do sistema comunista no país. No Brasil, o golpe de 1964 obteve êxito com a ameaça da chegada do comunismo, representado pelo ex-presidente João Goulart, que nunca professou, como bandeira política, o comunismo; afinal era próspero fazendeiro. Depois da derrubada do muro de Berlim, que separava as duas "Alemanhas", sendo uma comunista e outra capitalista; depois da queda do comunismo na Rússia; do insucesso do comunismo em Cuba, na Coreia do Norte e na Venezuela, não se aceita mais esse tema como mote para campanhas políticas.
Tudo isso ficou no passado. Já era!
Nesse século não convive somente duas ideologias: comunismo e contrários ao comunismo, ou direitista. Não é bem assim, pois o capitalismo chegou para ocupar até mesmo a China continental. Evidente, que nesse grande país asiático, falam em comunismo, mas, na verdade, a China navega por um capitalismo/comunismo/ditatorial. Há quem considera o regime chinês como capitalismo de Estado, dada a influência do setor público na economia e na sociedade. Quem pode informar sobre o regime chinês são os moradores de Hong Kong que tem sofrido simplesmente porque querem e lutam pela liberdade. E esta é que representa o anseio de todo o povo.
Ninguém hoje deveria pregar como bandeira de luta pelo poder a prática de ser comunista, esquerdista ou direitista; aliás, o atual governo venceu a eleição de 2018 não devido ao chamamento de eleitores contrários ao esquerdismo ou ao comunismo; o que se disputava era simplesmente esmagar a corrupção, a roubalheira, chefiada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O slogan era esse e nada de esquerdismo ou comunismo. Eu mesmo votei em Bolsonaro, mas visando derrotar a liderança da maior corrupção já implantada no Brasil.
Quem afirma que não houve ditadura no Brasil ou quem luta para implantação de ditadura no país não conheceu o Brasil dos anos de 1964 em diante; quem grita pelo fechamento do Congresso Nacional e do STF não avalia o que representa o comando de um país por um homem, por mais puro que ele seja. As instituições constituem a grande sustentação dos países democráticos. Numa nação sem Congresso e sem uma Corte de Justiça ninguém poderia sair às ruas para bradar pelo fechamento desses órgãos; seria preso, torturado e morto. No Brasil, por ser democrático, permite-se essa pregação, apesar do significado que embute nessas expressões.
Sim, porque o ditador não tem impedimento algum para frear seus impulsos pessoais ou mesmo grupais; não há Congresso, não há Judiciário, mas simplesmente sua vontade; e mais: quem foi amigo pode tornar-se inimigo por simples descuido. Banalizaram o termo e os golpistas deleitam com esse cenário que contribuiu para a desgraça de muitas famílias.
Nesses dois últimos anos, temos presenciado a fatos que não deveriam ser comuns num regime democrático como o que atravessamos desde 1985; se você não apoia meu candidato só resta a opção de que você é esquerdista, é comunista. É triste a volta do cenário anterior a 1985 que permitiu o governo ditatorial dos generais.
Salvador, 30 de junho de 2020.
Antonio Pessoa Cardoso
Pessoa Cardoso Advogados.
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