Com um juiz da Corte de Constitucional da Itália |
Qualquer gestor de uma pequena empresa, de uma associação, de um município, de um Estado ou de um País, sabe que a interrupção do trabalho do administrador causa danos à empresa ou ao ente público. O bom dirigente tem de contar com bons auxiliares e assegurar estabilidade, sob pena de inviabilizar suas metas na administração. A continuidade de sua ação é peça fundamental para a colheita de bons frutos. Daí a importância na escolha de bons assessores, sob pena de começar aí a incompetência no comando da empresa ou do governo.
Imagine ser você dono de uma empresa; evidente que terá de contar com gente de sua confiança para tocar o negócio e competente para desempenhar a contento a missão que lhe é conferida. Aí surge o processo da boa ou má escolha. Na atividade pública, um prefeito, por exemplo, terá de contar com um quadro de assessores em diversas áreas: saúde, educação, planejamento, transporte, agricultura e outras. Se o prefeito, o governador ou o presidente não faz boas escolhas de seus auxiliares, certamente, não obterá sucesso no encargo que assumiu. É que o povo passará a reclamar pela má escolha e daí pode ser necessário proceder à troca do auxiliar.
Essa mudança de gestão causará danos, porque nem sempre o que lhe segue adotará o mesmo quadro, as mesmas programações. O prejuízo refletirá na pasta e motivará prejuízos à comunidade e aos negócios, se empresa privada. Com esta há maior zelo, porquanto o empresário sabe que dependerá da boa gestão, os resultados, os lucros; busca-se competência para o exercício da atividade que é medida para retorno. Nos órgãos públicos, o zelo deve ser maior, porque a administração é para o bem de todo um povo, mas sempre há interferências indevidas com indicações de assessores que atendem mais a critérios políticos que aos méritos indispensáveis na função.
É o que está acontecendo no Brasil atual. Desde que o presidente Jair Bolsonaro assumiu o cargo há um ano e meio, já alterou várias vezes seu ministério e o pior é que atingiu os principais setores, Educação e Saúde. É grande o desencanto do povo com os auxiliares do presidente, principalmente no âmbito de serviços que reclamam continuidade de procedimento. Na Saúde, em momento tão importante, face à pandemia do coronavírus, não se tem um titular há mais de 30 dias. E mais: passaram pela pasta, neste ano e meio, dois ministros, um dos quais não permaneceu nem um mês no cargo, demitido não por incompetência, mas por não se submeter às intromissões inaceitáveis. Os dois últimos ministros da Saúde eram competentes mas não aceitaram ceder o comando da pasta para quem não mostrava capacidade para gerir.
Na Educação o mesmo descaso; foram nomeados quatro ministros neste período de um ano e meio. O segundo ministro Abraham Weintraub foi responsável pela criação de crises e confusões, deixando sua atividade para criticar governos de outros países, além de comparecer a atos de radicais, reclamando ditadura ou edição de novo AI-5. Além disso, dava sinais em público de incompetência até mesmo na grafia de palavras. O último nomeado, Carlos Decotelli, nem tomou posse, dadas as inconsistências apresentadas em seu currículo. O último, Renato Feder, foi nomeado e deverá assumir o cargo na próxima semana. Mas este troca/troca perturba a continuidade do trabalho e causa danos ao país.
Salvador, 02 de julho de 2020.
Antonio Pessoa Cardoso.
Pessoa Cardoso Advogados.
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