No dia de hoje, 66 anos atrás, Getúlio Vargas, ditador e presidente do Brasil, tornou-se causador de um dos eventos mais comoventes da história, consistente no seu suicídio com um tiro disparado no seu coração, no Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, sede do governo federal. Figura polêmica intitulado de pai dos pobres, para uns, ditador cruel para outros, Vargas, antes de comandar a revolução de 1930, já tinha sido promotor no Rio Grande do Sul, depois deputado estadual, deputado federal, que deixou para ocupar o ministério da Fazenda no governo de Washington Luis; em 1927 foi eleito para o governo do Rio Grande do Sul. Em 1930, perdeu a eleição para a presidência da República, mas através de golpe impediu a posse dos eleitos, Júlio Prestes e Vital Soares.
O gaúcho governou o país, como líder da Revolução de 1930, e permaneceu no poder até 1945; enfrentou, em 1932, a Revolução Constitucionalista de São Paulo e, em 1934, alterou sua situação de governo provisório para presidente eleito pela Assembleia Nacional Constituinte; todavia, antes de terminar o mandato, instalou o Estado Novo, com outro golpe; em 1945 foi deposto por um golpe militar chefiado por um general de sua confiança, Pedro Aurélio de Góis Monteiro, juntamente com Osvaldo Cordeiro de Farias, além do candidato presidencial Eurico Gaspar Dutra. Nas eleições que se seguiram, em dezembro, foi eleito senador; o general Eurico Dutra vence para a presidência da República com o voto popular e governa o país até 1951, quando Vargas retorna ao poder, em eleições diretas.
Em 1950 é eleito pelo povo para novo mandato, iniciado em 1951; nesse período implantou política nacionalista, criando a Petrobras, concedendo aumento de salário para os trabalhadores no percentual de 100% e outras medidas que desagradaram aos conservadores, que se tornaram inimigos da política do presidente.
Carlos Lacerda, ex-governador do então Estado da Guanabara, era uma pedra no caminho de Vargas; o "Atentado da Rua Tonelero”, a Lacerda, no Rio, no início de agosto/1954, que matou seu segurança, um Major da Aeronáutica, foi o primeiro grande evento que contribuiu para culminar com o suicídio do presidente. Lacerda, excepcional orador, denuncia Vargas como mandante do atentado, sustentado na presença, na ocorrência, de Gregório Fortunato, homem de confiança de Vargas. Essa denúncia de Lacerda com a morte de um militar coloca as forças armadas na oposição à Vargas e surge campanha, pedindo a renúncia do presidente. Comentou-se, na época, que Vargas comunicou ao seu vice, Café Filho, que iria renunciar ao cargo, mas o suicídio foi a forma que ele encontrou para evitar talvez sua deposição.
Ao seu lado, na cama, onde se matou, Vargas deixou uma "carta testamento”, na qual ele diz que sai “da vida para entrar na história". As rádios noticiavam o fato e insuflavam o povo contra aqueles que provocaram o ato “heróico" do “pai dos pobres"; a população destruiu carros do jornal O Globo e houve invasão do jornal Tribuna da Imprensa, aliado de Lacerda e onde ele publicava seus violentos artigos contra o governo Vargas.
Salvador, 24 de agosto de 2020.
Antonio Pessoa Cardoso
Pessoa Cardoso Advogados.
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