No início do ataque pelo vírus, em fevereiro, o presidente americano, depois de advertido pela Organização Mundial de Saúde, OMS, declarou: "O vírus de que falamos, muita gente pensa que desaparece em abril com o calor, quando o calor chega. Normalmente, isso vai desaparecer em abril. Estamos em grande forma, no entanto". Adiante, depois de algumas providências, Trump asseverou que "o risco é muito baixo para a maioria dos americanos". Em abril, a situação piorou e o Estado de Nova York tornou-se o epicentro da pandemia e o presidente buscou um responsável, culpando a OMS, e a China, denominando de "vírus da China". Passou a reclamar a volta ao trabalho, além de desvalorizar o uso da máscara, e ele mesmo não usava, apesar da recomendação da OMS. Classifica-se como o maior erro de Trump: "a ocultação deliberada da gravidade da pandemia durante meses".
No Brasil, os fatos aconteceram com bastante semelhança do que se constatou nos Estados Unidos. A desastrosa coordenação, que deveria ser assumida pelo governo brasileiro nunca foi assumida, mas culpou a responsabilidade do crescimento de mortos e contaminados ao STF que autorizou os governos locais a legislar sobre o assunto. Essa decisão nunca desautorizou o governo de coordenar, mas o que se viu foi descuido total, a começar pela sucessiva mudança de ministros da saúde, exatamente no período que mais necessitava de uniformização de procedimentos. Passaram pela pasta dois ministros e posteriormente nomeou um general que não tinha conhecimento algum da área para responder interinamente; assim ficou por três meses para ser confirmado.
Jair Bolsonaro, tal como seu modelo, Trump, diminuiu o alcance mortífero do vírus, afirmando que se tratava de uma "gripezinha" e passou a desvalorizar o uso da máscara, ele mesmo não usava, além de reclamar o retorno ao trabalho. Como o presidente americano, culpava a imprensa por ter "disseminado o pânico", mas não cuidou de coordenar o ataque à pandemia, pelo contrário, passou a fazer propaganda de medicamento que não é aprovado pelos órgãos médicos do Brasil e do mundo. Mas, mesmo que fosse, não era atribuição do presidente aparecer nos jornais e Tvs, fazendo propaganda de determinado medicamento. Tudo isso, colocou o Brasil na segunda posição com mais de 137 mil óbitos e 3.887.199 de pessoas contaminadas, até 22/09.
Enfim, os governos dos Estados Unidos e do Brasil, por mais que se seja condescendente, não podem fugir à responsabilidade no número assustador de vítimas, que seria diminuído, se não houvesse descuido com as providências que deveriam ser tomadas e executadas. Não há argumento para evitar a culpa, pois o sinal maior da displicência reside nos fatos anotados acima.
Antonio Pessoa Cardoso
Pessoa Cardoso Advogados.
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