O mundo ganhou com a mudança de governo nos Estados Unidos, a partir da abertura de diálogo, incomum no presidente Trump, da política de preservação ao meio ambiente, que Trump tratava com desdém, do bom relacionamento e respeito aos governantes dos países. Mas onde haverá substancial alteração será na manutenção do trabalho sério e competente desenvolvido pelo ex-presidente Barack Obama, que Donald Trump procurava apagar. O presidente eleito já declarou que voltará ao Acorde de Paris sobre o clima, retirado por Trump, que também afastou-se da Organização Mundial de Saúde; o novo presidente buscará novo pacto com as grandes potências e com o Irã, iniciadas por Obama; além disso, certamente, Biden fará tudo para continuar com o Obamacare, programa de acesso dos pobres à saúde e que Trump tentou por duas vezes acabar, mas o Congresso resistiu, apesar da maioria que tem no Senado. Trump soube com maestria exercer o mandato com "fogo e fúria", na expressão de Michael Wolff, autor de um livro com este título.
O Brasil também muda com a vitória do democrata; é que o presidente Jair Bolsonaro não terá um guia para continuar governando, através do Twitter, seguindo os ensinamentos de um homem que não passa um dia sem mentir, que aprecia o confronto com o Congresso, com seus amigos e com adversários. Lamentável o que se passou nesses dois anos no relacionamento Estados Unidos x Brasil, quando o presidente brasileiro obedeceu, cegamente, às determinações americanas. Foi o que ocorreu com a sobretaxa ao aço brasileiro, a falta de reciprocidade na isenção dos vistos, a tarifa zero para importação do etanol, medida reclamada por Trump para obtenção de votos, já no final da campanha, neste ano. Enfim, o Brasil tinha um alinhamento automático com o governo de Donald Trump, que usava o método brucutu e impunha suas determinações a governantes frágeis; assim, não tinha dificuldade para obter o que era melhor para seu país, sem observar as necessidades do outro. O certo é que a alegada amizade do presidente brasileiro com Donald Trump não trouxe nenhuma vantagem para o Brasil, mas favoreceu os Estados Unidos.
Salvador, 7 de novembro de 2020.
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