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segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

É ACINTOSA A MENSAGEM DE NATAL DO PRESIDENTE

O presidente Jair Bolsonaro ironiza e chega a ser acintosa sua mensagem de natal, em cadeia nacional, quando teve a desfaçatez de afirmar que as ações de combate à covid-19, em seu governo, fizeram do Brasil "uma referência para outros países". No discurso de natal, não tratou da vacinação, providência mais importante, e muito menos do isolamento, do fechamento do comércio e da máscara, que ele nunca usa. Soltou palavras vazias e acintosas contra as famílias de mais de 190 mil mortos. Tocou no auxílio emergencial, sua principal plataforma polícia para a reeleição em 2020. Aliás, o presidente só pensa em reeleição. Pregou sempre o uso da cloroquina, desaconselhado pela OMC e pelos dois ministros anteriores ao atual; o atual ministro faz  o que ele manda; e mais, diz que a verdadeira vacina é o vírus. Imaginem se estas afirmações pode originar-se de uma pessoa de mente saudável! Este homem que dirige a nação, punido pelo Exército, deputado federal por muitos anos, do baixo clero, sem nenhum destaque na carreira parlamentar, salvo alguns escândalos, a exemplo da grosseria contra a deputada, Maria do Rosário, quando afirmou que ela não merecia ser estuprada, porque feia, ruim e não fazia seu gênero. Foi condenado na Justiça por este ato deselegante e selvático.  

O ex-ministro da Saúde do governo Bolsonaro, Nelson Teich, médico renomado, que deixou o governo antes de completar trinta dias, em recente entrevista ao jornal O Globo, declarou: "Foi um gatilho que me fez enxergar que eu não teria autonomia e legitimidade para fazer as mudanças que precisavam ser feitas. Eu poderia ter pegado carona com o Conselho Federal de Medicina, mas como vou aprovar um remédio que não funciona? Se meu lado técnico, que era um dos meus pontos fortes, não é respeitado, decidi que não havia como continuar".   

Enfim, o presidente Jair Bolsonaro merece atenção não pelas propostas para resolver os graves problemas do país, mas pelas besteiras que pronuncia, pelo desprezo à saúde do brasileiro, inclusive com a nomeação de um militar, sem conhecimento técnico algum, para comandar o ministério mais importante, nos dias atuais. Contribui para o desdém o fato de encher o ministério de fardados, que seguem as pegadas da incompetência do chefe. Depois de todos os erros e omissões cometidas, no tratamento da pandemia do coronavírus, depois de mais de 190 mortos, Bolsonaro ousa afirmar que o Brasil é "referência para outros países no combate ao covid-19"! Como referência, com as UTIs locupletadas de contaminados, com a segunda colocação, em todo o mundo, em número de mortos! Como referência, se ainda não apresentou nem um plano seguro para a vacinação em massa! Que dizer da afirmação de que quem tomar a vacina pode "virar jacaré" ou exigir assinatura de termo de responsabilidade para ser vacinado! Bolsonaro trata a coronavac como "a vacina chinesa de Doria", jogando seus seguidores contra o remédio para curar a doença. Nunca, nenhum presidente falou tanta besteira, mentiu tanto e desdenhou do sofrimento do povo com tamanha ironia. O Brasil já teve epidemias e seus governantes, diferentemente do atual, souberam combatê-las.  

Salvador, 27 de dezembro de 2020.

Antonio Pessoa Cardoso
Pessoa Cardoso Advogados.  



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