Essas mensagens, reveladas pelo site The Intercept Brasil e compradas causou a prisão de um grupo de hackers, porque responsáveis pelo vazamento das mensagens, nas quais havia ataques a integrantes da República, inclusive o próprio presidente e até à cúpula do Judiciário, que não foram publicadas. Esses hackers, presos pela Polícia Federal em 2019, estão merecendo o olimpo agora, porque foi o caminho encontrado para acabar com a Lava Jato. A parte que teve bastante divulgação ficou limitada às conversas de Sergio Moro com procuradores, porque o objetivo é unicamente anular as condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O ministro Gilmar e seus acompanhantes querem assegurar que a Lava Jato fabricou as acusações contra o ex-presidente. Coloca-se no banco dos réus a Operação Lava Jato e como vítimas os corruptos. É total inversão de valores que provoca a diminuição de quem trabalhou e descobriu a roubalheira e enaltece os condenados, porque de maior valor as conversas em confronto com as decisões de juízes e de tribunais.
Pois bem. Após esta investida contra a Lava Jato, aparece o presidente da República, Jair Bolsonaro, para reclamar o mesmo tratamento dispensado a Lula e libere gravações do Coaf, Conselho de Controle de Atividades Financeiras, nas quais seu filho, o senador Flávio Bolsonaro, é acusado de comandar esquema de "rachadinha", na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, de conformidade com relatório do órgão que concluiu por movimentações financeiras incompatíveis com sua condição. O presidente alega que foi citado nas conversas envolvendo o ex-juiz Sergio Moro e procuradores, daí o motivo pelo qual pede acesso às conversas no órgão financeiro. Na verdade, sua pretensão é atacar o trabalho dos servidores do Coaf, suspeitando que houve acesso indevido nos dados do filho e visa protegê-lo, tal como os ministros amparam o ex-presidente, desmoralizando o ex-juiz e procuradores. Interessante e incompreensível é que, em 2019, Jair Bolsonaro assegurou que o vazamento das mensagens da Lava Jato era uma "invasão criminosa" e questionou seu conteúdo, mas agora aplaude o posicionamento dos ministros, inclusive seu ministro, Kassio Marques, que só faz o que o presidente manda.
Salvador, 17 de fevereiro de 2021.
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