O lobby da indústria de armas de fogo deve ter chegado ao Palácio do Planalto, tamanho o empenho de Bolsonaro em armar os brasileiros. No Brasil, não temos a tradição nem leis que permitam a um presidente encampar esta luta inglória e indesejada pelo Brasil. De 2018 para cá, quando Bolsonaro passou a ocupar o Planalto, o número de armas legais em poder do cidadão teve significativo salto: de 697 mil em dezembro/2018 avançou para 1,15 milhão em dezembro do ano passado. Dados da Polícia Federal mostram que a violência cresceu nos anos de 2019 e 2020, coincidindo com a compra de novas armas: "90% a mais em 2020, relativamente a 2019, o maior incremento de toda a série histórica. Enquanto a vacina é rejeitada e até combatida, no governo de Jair Bolsonaro, a liberação de armas é o encantamento e prioridade absoluta do chefe da Nação, ao ponto de, em plena pandemia, ao invés de voltar-se para o combate do vírus, publica decretos facilitando o armamento do povo brasileiro.
É sabido que, em 2003, depois da crescente elevação dos índices de violência no Brasil, foi editado o Estatuto do Desarmamento que se destinou exatamente para restringir o acesso às armas; todavia, as sucessivas alterações a esta lei, empreendidas pelo presidente Jair Bolsonaro tem desnaturalizado e banalizado o Estatuto. O ex-ministro da Defesa e da Segurança Pública, Raul Jungmann, em carta aberta a todos os ministros do STF, apela para "urgente intervenção desta egrégia Corte, visando conjurar a ameaça que paira sobre a Nação, a Democracia, a paz e a vida". Alega que a política do presidente impulsionará atividades criminosas, a exemplo das milícias e do tráfico de drogas. O presidente chega a pregar que a "arma é liberdade para o cidadão".
Salvador, 03 de março de 2021.
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