Induvidosamente, o Judiciário do Brasil e da Bahia precisa, primeiramente, de juízes e, só depois, de desembargadores, ainda mais quando se trata de interior do estado; afinal, os magistrados de 2º grau prestam-se para reestudar o trabalho apresentado pelos magistrados de 1º grau e nem todos os processos com sentenças são analisados pelos desembargadores, como se disse acima. Certamente, o provimento das comarcas e varas com juízes e servidores modificaria o panorama do Judiciário da Bahia, sem necessidade alguma de aumentar o quadro do Tribunal com mais 05 desembargadores. É certo que nos próximos dias novos juízes, em torno de 50, serão designados para o interior, mas é muito pouco para cobrir os claros que se situa na casa de 200 unidades judicias sem titulares. Nos fóruns, nos últimos anos, registrou-se muitas aposentadorias voluntárias, só neste ano, dois juízes pediram aposentadoria voluntária; outros juízes, simplesmente, requereram exoneração do cargo, acrescido dos que subiram em promoção para o 2º grau; só neste mês de março/abril menos 05 juízes, mais 05 desembargadores.
Que se diz da figura do juiz substituto, desconhecida nos outros tribunais, mas causadora entre nós de apequenar ainda mais o quadro de 1ª instância! Esses magistrados estão disponíveis para ocupar eventuais licença, férias, ou outros afastamentos dos desembargadores. E mais: a "república de juízes auxiliares" na presidência, vice-presidência e nas Corregedorias do Tribunal contribui para as cenas estafantes dos juízes que permanecem nas suas varas e comarcas. Interessante é que os convocados para as funções administrativas, desvinculam-se das judicantes, e são premiados com comissões pelo exercício da nova atividade. E o pior de tudo, para apimentar o cenário nas comarcas ou varas, esses magistrados convocados para funções administrativas, deixam suas titularidades e impedem a nomeação de outro juiz para aquela vaga aberta.
Na 2ª instância, essas ocorrências não acontecem, pois os desembargadores nunca requerem aposentadoria voluntária e muito menos exoneração ou substituição, deixando seus gabinetes. O distanciamento entre juízes e desembargadores prossegue, pois enquanto aqueles têm servidores de menos, os desembargadores dispõem de mais; estes tem 10 assessores, além dos servidores dos cartórios, e os juízes da capital e 2ª entrância, quando muito, tem um assessor, ficando os de 1ª sem assessoria alguma; mas quem vai assessorar os magistrados de 2º grau? Os servidores que ocupam os cartórios, vinculados aos juízes, e que deixarão mais trabalho para os poucos funcionários que permanecem. Nem se fala nos grandes espaços e conforto dos gabinetes no 2º grau, em comparação com o local de trabalho dos juízes, que nem se pode tratar de gabinete, mas de sala, onde falta de tudo.
Salvador, 22 de março de 2021.
Nenhum comentário:
Postar um comentário