domingo, 27 de junho de 2021

COLUNA DA SEMANA

OS ASSESSORES DO PRESIDENTE

prefeito, o governador, o presidente ou qualquer gestor que, em pouco tempo, demite ou perde mais da metade de seus assessores deve analisar sua administração, porque há algo de errado. Não se concebe substituições em grande quantidade, em pouco tempo, de assessores, porque, no mínimo, prejudica a continuidade dos trabalhos. Pois o governo do atual presidente, em dois anos e meio, trocou 16 ministros, uns acusados de corrupção, outros por incompetência e reclamos da sociedade e um terceiro grupo por serem competentes e não se dobrarem à incompetência do governante. Os dois ministérios mais importantes sofreram alterações por duas vezes, na Educação, e três vezes, na Saúde. O segundo ocupante da pasta da Educação, Abraham Weintraub, deixou o país para não ser preso e na sua administração prestava-se mais para participar de eventos políticos do que cuidar da Educação. Apesar do insucesso na pasta, do português errado nos seus despachos e dos problemas criados com acusações infundadas à China, foi contemplado com um excelente emprego nos Estados Unidos. Na Saúde, o quadro é desolador, porquanto, mesmo com a pandemia, os dois primeiros ministros, apesar de competentes, Henrique Mandetta e Nelson Teich, deixaram o governo, porque não aceitaram as indevidas interferências do presidente na pasta. O terceiro ministro, um general do Exército, Eduardo Pazuello confessou que não conhecia o SUS, mas permaneceu com desmandos na pasta por mais de um ano e sua incompetência causa-lhe investigações que poderão levá-lo à prisão.

O último ministro defenestrado do governo, dias atrás, é do Meio Ambiente; Ricardo Salles, questionado desde que assumiu a pasta com o absoluto descuido e omissão na gestão do meio ambiente, principalmente no desmatamento da Amazônia. É outro ministro que renunciou porque temeu ser preso por decisão do STF; sua saída atrasa investigações no STF, vez que o processo deverá ser baixado para a primeira instância e o trâmite burocrático permite-lhe tomar fôlego. O ex-ministro não poderá usar o artifício do ex-ministro da Educação, porque o STF determinou apreensão de seu passaporte. Outro amigo do presidente, Ernesto Araújo, mostrou incompetência e teve de deixar a pasta do Ministério do Exterior, depois de muita pressão de parlamentares, da China e dos Estados Unidos.

A conclusão que se chega nesses casos é que o governo nomeou ministros antisaúde, antieducação, antiambiente e contrário aos bons relacionamentos com o mundo.

Na sequência dos desmandos na escolha e substituição de auxiliares, o presidente demitiu, logo no início de seu governo Gustavo Bebiano, que lutou por sua eleição na presidência do partido ao qual Bolsonaro era filiado; recebeu como prêmio a demissão da Secretaria-geral da Presidência, em fevereiro/2020, por intriga arquitetada pelo filho, Carlos Bolsonaro. Faleceu em março/2020 e Bolsonaro não se dignou a soltar uma nota de pesar. Outro ministro que, em junho/2019, deixou a Secretaria de Governo da Presidência foi o general Carlos Alberto dos Santos Cruz, demitido depois de desentendimentos com complicados filhos do presidente. Injustiçado por Bolsonaro foi também Sergio Moro, que abandonou a carreira na magistratura, para atender seu convite no Ministério da Justiça; em 2020, depois dbusca de acesso a relatórios confidenciais de inteligência na Polícia Federal, da interferência indevida no órgão policial, o presidente praticou fraude no ato publicado na demissão de Maurício Valeixo.

O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, foi demitido da pasta em dezembro/2020, e responde a processo pela prática dos crimes de falsidade ideológica eleitoral, apropriação indébita de recurso eleitoral e associação criminosa. A deputada federal Flávia Arruda, recentemente nomeada para a Secretaria de Governo, por pressão do Centrão, pode deixar o governo a qualquer momento. Houve tanta confusão, entre os ministros de Bolsonaro, que, em junho/2020, registrou-se o caso de um ministro escolhido pelo presidente para a Educação, Carlos Decotelli, não assumir a pasta, por denúncias de irregularidades no currículo.

Outras alterações foram promovidas no total de 16 e neste vai-e-vem, característica de um governo incompetente e agora acusado de corrupção na compra de vacinas, o Brasil é levado para uma guerra ideológica, sem sentido. 

Salvador, 27 de junho de 2021.

Antonio Pessoa Cardoso
Pessoa Cardoso Advogados. 




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