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domingo, 18 de julho de 2021

COLUNA DA SEMANA

AS MENTIRAS DE BOLSONARO

Em Porto Alegre, o presidente mentiu ao afirmar que o ministro Barroso defende redução da maioridade para estupro de vulneráveis. Em julgamento, em 2017, aconteceu o inverso, porque o ministro votou pela continuidade de ação penal contra um jovem de 18 anos, acusado de manter relações com uma menina de 13 anos, contrariando voto do relator que alegava consentimento para a relação, pedindo arquivamento. Prevaleceu o voto de Barroso.  

Essa é grossa: em pronunciamento, no dia 23/06, o presidente declarou que 2021 será "o ano da vacinação dos brasileiros". O mais grotesco, entretanto, é que ele assegura que "somos incansáveis na luta contra o coronavírus". Ao revés, o presidente facilitou a propagação do vírus com aglomerações, contra o isolamento social, contra o fechamento do comércio, contra o uso de máscara, intitulando de "maricas" às pessoas que se protegiam, impedindo as negociações para compra de imunizantes, enfim contra a vacina. 

E as lorotas do presidente sobre a proteção ao meio ambiente é de enrubescer: disse que "a vegetação do bioma é imune a incêndios" ou que "a Floresta Amazônica, pessoal, não pega fogo"; que falar sobre a afirmação de que suas ações prestaram-se para fortalecer os órgãos ambientais e que duplicou investimentos em fiscalização; não é verdade, a partir da consideração dos índios que têm o presidente como chefe de um governo criminoso; assegurou que "somos o país que mais preserva o meio ambiente", quando, na verdade, no ranking de preservação do ambiente, ocupamos a 30ª posição e na sustentabilidade, a 69ª; mostrando sua ignorância sobre a geografia do Brasil, diz que "30% do nosso território são florestas", quando temos 61% de vegetação nativa; afirmou que o país tem compromisso com as gerações futuras, assertiva que não se sustenta para quem incentiva a ação de grileiros e desmatadores, além da matança de índios. Seu ministro do Meio Ambiente, Ricardo Sales, acusado de vários crimes ambientais, foi forçado a pedir demissão para evitar prisão, originada do STF; assim, retirou a competência do STF para julgar o caso, que teve de ser baixado para a primeira instância.

Trapaceia para acusar a Argentina: "É um dos países que mais fechou o comércio. É o país que mais lockdown fez. E é o pais em que mais morre gente por milhão de habitantes". Quando Bolsonaro fez essa afirmação, a Argentina estava na 14ª posição no ranking mundial de mortes por milhão de habitantes; o Brasil estava entre as dez nações com maior número de mortes por milhão.

A patranha de Bolsonaro desembarca até como garoto propaganda da hidroxicloroquina, anunciando que o medicamento "cura" a covid-19, apesar de a comunidade científica internacional negar qualquer efetividade ao remédio para tratamento da pandemia; pelo contrário, seu uso pode agravar o risco de outras doenças, devido aos efeitos colaterais. 

Sobre a escravidão, Bolsonaro responde a uma indagação: "Que dívida? Eu não escravizei ninguém. Os portugueses nem pisavam na África. Os próprios negros que entregavam os escravos. Os portugueses não caçavam os negros". Sem sentido e sem demonstrar a mínima noção de história, pois os portugueses efetivamente escravizaram e colonizaram os africanos, ocupando e explorando economicamente toda a região. 

Bolsonaro mente vergonhosamente: proclamou ter apresentado 500 projetos em 28 anos na Câmara dos Deputados; durante todo este tempo, segundo o site da Câmara, ele foi autor de apenas 172 proposições, das quais apenas duas foram aprovadas. Em entrevista na Roda Viva, o presidente informou que participou da "caça ao Lamarca", no Vale da Ribeira em São Paulo. Na verdade, a caçada a Lamarca deu-se na Bahia, onde ele foi morto em 1971, quando Bolsonaro tinha 16 anos. Afirmou que "As Forças Armadas sempre estiveram ao lado da democracia e da liberdade". Representada por Castelo Branco, as Forças Armadas cassou mandatos de opositores, matou muitos estudantes e convocou eleições indiretas, além de instituir a ditadura militar no Brasil, em 1964.

Bolsonaro sentiu-se honrado, alegando que  Trump dispensou-lhe grande honraria com a hospedagem no Palácio Blair House, nos Estados Unidos; alegou que poucos Chefes de Estado mereceram tamanha distinção; mentira deslavada, pois o Palácio Blair House acomoda todos os visitantes de Estado; de todos os presidentes do Brasil, desde João Goulart, somente José Sarney não hospedou no palácio. 

Afirmou que Lula e Dilma, muitas vezes, elogiam Kim Jong-Un, ditador da Coreia do Norte. Não há registro dessa descoberta de Bolsonaro e a origem está na sua mente de perseguição a quem não segue seu credo.   

Em outro oportunidade, mostraremos outras das mais de 600 mentiras de Bolsonaro. 

Salvador, 18 de julho de 2021.

Antonio Pessoa Cardoso
Pessoa Cardoso Advogados.   



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