Mas vamos para os dados estatísticos, de conformidade com levantamento, recente do jornal Folha de São Paulo. Assim pode-se aquilatar a "importância" da Justiça Militar! O STM julga integrantes das Forças Armadas, composta de mais ou menos 350 mil militares na ativa. Os números dizem que, entre os anos de 2011 a 2020, mais que dobrou o quantitativo de inquéritos arquivados, que investigam generais, brigadeiros e almirantes, se comparados com o anotado na década anterior, 2001 a 2010. As averiguações não tiveram conclusão alguma, e, muito menos foram remetidas à Justiça; simplesmente arquivadas. Nesta segunda década, 2011 a 2020, foram abertos 52 IPMs, face a indícios de crimes militares, pouco mais de 4 por ano. Não se obteve informações sobre condenações, mas descobriu-se arquivamento de 41 IPMs. Os crimes mais comuns: constrangimento na formação de corredor "polonês", corrupção, fraude em licitação, superfaturamento, irregularidades em contratos e falsidade ideológica.
E os números tornam-se menores na década anterior, 2001 a 2010, quando foram identificados 22 inquéritos, todos arquivados. Com algum trabalho descobriu-se a condenação pelo STM pela prática do crime de lesão corporal em 2015; tratou-se de um caso de um contra-almirante, só que a pena foi extinta em 2018. Do total de 8 denúncias, apenas 3 foram recebidas no plenário e somente uma condenação.
Com toda essa "carga de serviço", os ministros comparecem a seminários, a exemplo de um realizado, na Grécia, em 2019, patrocinado pela Associação Internacional das Justiças Militares; os gastos foram bastante elevados, daí a Subprocuradora-geral do Ministério Público ter requerido apuração das despesas de passagens e diárias, no total de R$ 100 mil. Deu em nada, como também ocorreu com a tentativa do então ministro Joaquim Barbosa, que pediu estudos sobre o funcionamento da Corte.
Com todo esse quadro, o presidente, do STM, general Luís Carlos Mattos deixou sua atividade de julgador, mesmo porque tramitam poucos processos na Corte, e foi para os jornais hipotecar solidariedade aos ministros militares e ao ministro da Defesa que assinaram Nota de repúdio às atividades da CPI da Covid-19. Na manifestação, o general ainda mostrou-se predileção especial pelo presidente Jair Bolsonaro, deixando a toga de lado.
Salvador, 20 de julho de 2021.
Pessoa Cardoso Advogados.
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