É incompreensível o processo da suspeição do então juiz Moro, pois a sentença questionada já não existia, substituída pelos acórdãos do Tribunal Regional Federal e pelo STJ; ademais, havia uma decisão do ministro Edson Fachin, do STF, considerando prejudicado o processo de suspeição, parado no gabinete no ministro Gilmar Mendes por dois anos. Verdadeiro escândalo esta ocorrência! Pois Mendes, no dia seguinte à decisão de seu colega, na condição de presidente da 2ª Turma do STF, pautou e julgou o processo de suspeição, tido como prejudicado porque sem objeto, ante o claro julgamento de incompetência da 13ª Vara para processar e julgar. Situações como esta, na qual um ministro consegue influir seus colegas de Turma, ao ponto de provocar revisão de voto de um dos membros, descredenciam o STF e desestimulam os que gritam por Justiça. Além desse verdadeiro escárnio à Justiça, o Supremo serviu-se de provas absolutamente ilícitas, de conformidade com jurisprudência, em vários momentos, da própria Corte, para anular as condenações de um ex-presidente, de muitos políticos e empresários.
Os críticos buscam afrouxamento das condenações e das penas, pelo cometimento de crimes, porque aí localizam suas fortunas; reverenciam a punição dos criminosos somente depois do trânsito em julgado, quando Moro e a maioria do mundo jurídico buscam o cumprimento das punições em outro momento, que não seja a perenização do processo, vez que no atual cenário, significa verdadeira impunidade, como está acontecendo com inúmeros condenados pelo juiz, pelo Tribunal Regional e pelo STJ.
Quem não se lembra dos ataques sofridos pelo ministro Joaquim Barbosa, quando contrariou interesses do governo e do PT? Até manifestos, em 2014, denunciavam "arbitrariedades", contra o ex-chefe da Casa Civil do governo Lula, José Dirceu, contra o deputado petista José Genoino e Delúbio Soares, condenados no mensalão. Naquela oportunidade, juristas de escol, artistas e todos os defensores da gatunagem acusavam Barbosa de levar verdadeiro "caos ao sistema prisional". Os mesmos que vociferavam naqueles anos do mensalão, atuaram na Lava Jato e continuam, temendo o país ser entregue a um profissional do Direito que bem sabe por onde começar para acabar com a corrupção que continua desenfreada.
Salvador, 29 de janeiro de 2022.
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