terça-feira, 23 de agosto de 2022

A ENTREVISTA DE BOLSONARO

A entrevista de ontem de Jair Bolsonaro, no Jornal Nacional, mostra bem a desfiguração do homem público na atualidade. A honestidade, a defesa de princípios, cede para a mentira, a desfaçatez que passam a guiar a conduta, no comando da República. E o povo, que não acompanha o noticiário, é tentado a acreditar nas inverdades do homem público, a exemplo do que vem acontecendo nesse governo, responsável pelo desmantelamento da seriedade e da ética. Bolsonaro já era identificado com as fake news, desde 2018, quando venceu a eleição, mas ontem ficou bastante claro o uso desenfreado da mentira e do engodo, objetivando sempre blefar para conseguir votos no próximo mês de outubro. Vale tudo nessa caminhada incompreensível do homem público com afirmações que não encontram respaldo na realidade nacional. Para Bolsonaro, segundo sua mensagem de ontem, o Brasil está em boa situação, seja no combate à pandemia, na área econômica ou na educacional. O jornal Estado de São Paulo computou as mentiras de Bolsonaro, na entrevista de ontem, encontrando 1 mentira a cada 3 minutos, no Jornal Nacional. Além disso, de boa ou de má-fé, Bolsonaro errou na citação de desemprego no governo de Dilma Rousseff e distorceu informações sobre a preservação do meio ambiente no seu governo.

Logo no início da entrevista, o apresentador da Globo, William Boner, disse que Bolsonaro xingou ministros do STF; qual a resposta de Bolsonaro? "Você não está falando a verdade quando fala xingar ministros, isso não existe. É fake news da sua parte." Na verdade, o presidente xingou, em vários momentos, os ministros do STF, desferindo acusações infundadas sobre a conduta deles e sobre o próprio sistema eleitoral. Quem não se lembra do destempero de Bolsonaro, quando chamou o ministro de "canalha", ou de "otário", no 7 de Setembro do ano passado? Naquela oportunidade declarou o presidente: "Sai (do STF), Alexandre de Moraes. Deixa de ser canalha. Deixa de oprimir o povo brasileiro, deixa de censurar o povo". Mas não ficou somente em Alexandre de Moraes; Bolsonaro, em Joinville, chamou o ministro Luís Roberto Barroso de "filho da p...", ou de "imbecil".

Bolsonaro escondeu os erros cometidos pelo seu governo no que se refere à corrupção, mentiu na condução do combate à pandemia, sobre o lucro dos bancos após a criação do PIX e, principalmente sobre o fornecimento de oxigênio a Manaus, na crise de janeiro de 2021, quando o Ministério da Saúde era dirigido por um general que nada entendia de saúde: Eduardo Pazuello. Bolsonaro disse que "estamos num governo sem corrupção", mas não justifica os desmandos nos Ministérios da Saúde, do Meio Ambiente e da Educação, quando seu ex-ministro foi preso, em junho/2022, face ao esquema de liberação de verbas para pastores de igrejas evangélicas. Como defender a atuação de seu governo no combate ao coronavírus, quando já aproximamos de 700 mil mortos? E a declaração de que quem tomasse o imunizante poderia virar "jacaré"? E o combate ao uso de máscara, o isolamento social ou a indicação de medicamentos não autorizados cientificamente? Bolsonaro negou o desabastecimento de cilindros para garantia da vida das pessoas com a doença, mas na fala de ontem mentiu, porque assegurou que em 48 horas o problema foi solucionado, quando se sabe que somente oito dias depois os equipamentos passaram a ser distribuídos em Manaus.

Enfim, a entrevista de ontem desnudou a seriedade desse governo e cicatrizou o amor à mentira na busca de votos!

Salvador, 23 de agosto de 2022.

Antonio Pessoa Cardoso
Pessoa Cardoso Advogados.  



Nenhum comentário:

Postar um comentário