sábado, 17 de setembro de 2022

A UNIVERSIDADE DE COIMBRA (II)

A Torre da Universidade tem 33,5 metros de altura e é o emblema tradicional de Coimbra. Sua construção levou cinco anos, entre 1728 e 1733. Há um miradouro, no topo sobre o relógio, de onde se tem uma visão panorâmica da cidade de Coimbra e do vale do Mondego. A longa varanda, com colunata neoclássica, é conhecida com a denominação de Pátio das Escolas, construído no reinado de D. João V. O Paço das Escolas ou Pátio da Universidade de Coimbra, anteriormente era designado pelo nome de Paço Real da Alcáçova, séculos XIII/XVI, e era a sede da Universidade, desde a reforma joanina. Trata-se do conjunto arquitetônico que reúne todo o núcleo histórico da Universidade de Coimbra. Os condes D. Henrique e D. Teresa e o Rei D. Afonso Henriques instalaram-se neste Paço Real e aí nasceram os principais infantes portugueses; D. João I foi aí eleito em 1385. A intervenção joanina do século XVI transformou o palácio numa residência régia que serviu, posteriormente, para a Universidade. No Paço das Escolas é guardado um dos muitos tesouros, constante da série de oito tábuas maneiristas, representando a Vida de Tobias. Essas tábuas foram executadas por Mateus Coronado, artista castelhano, e ilustram, em oito passos e em leitura sequencial da esquerda para a direita, um trecho dos livros duterocanônicos do Velho Testamento: a saga da viagem do jovem hebreu Tobias, de Nínive até Ragès, atual cidade de Shahr-e-Ry, no Irão, ocorrida no século VIII a.C.  

A Sala dos Capelos ou a sala dos doutoramentos, recebeu essa denominação porque, na tradição, em Coimbra, os novos doutores iam a essa Sala solicitar ao Reitor as insígnias doutorais, ou seja a borla, que é o chapéu pequeno, que simbolizava a inteligência e o Capelo, uma capa curta anunciava a ciência. Era no passado a Sala Grande dos Atos, ou seja, a Sala do Trono, local onde monarcas portugueses foram coroados. Nesta sala, em 1383, reuniram-se as Cortes para aclamar Rei de Portugal D. João, Mestre de Avis. O salão atual é decorada em vermelho e dourado, recebe professores e doutorandos vestidos com trajes, denominados de "hábito talar", composto de calça ou saia preta, batina, camisa branca, capa preta comprida e sapatos pretos. Nesta sala são realizadas as mais importantes reuniões solenes da vida acadêmica, dentre as quais a defesa do Doutoramento. 

A Sala do Exame Privado fazia parte da ala real do antigo Palácio Real e era o local onde o monarca pernoitava; posteriormente, tornou-se a sala onde se fazia a prova de licenciatura, à noite, somente com a presença do estudante e do júri, e com a porta fechada; daí o nome de Sala do Exame Privado. Atualmente, é usada para a cerimônia de Abertura Solene das Aulas. Nas paredes estão os retratos dos 38 primeiros reitores da Universidade que estiveram na direção da escola entre os séculos XVI e XVIII, após a fixação, em definitivo, em Coimbra, em 1537. Esta Sala constitui exemplo singular da história da evolução da Universidade, como Centro de Conhecimento. Como se vê, no passado, as provas prestadas pelos estudantes eram bastante diferentes das práticas atuais.

Salvador, 17 de setembro de 2022.

Antonio Pessoa Cardoso
Pessoa Cardoso Advogados. 









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