terça-feira, 18 de outubro de 2022

BOLSONARO NÃO GOSTA DE TRABALHAR

O presidente Jair Bolsonaro, definitivamente, não gosta de trabalhar; permaneceu na Câmara dos Deputados, por quase 30 anos, sem destaque algum e, depois de eleito presidente, mostrou sua predileção para gastar o tempo no cercadinho do Palácio, falando para os desocupados, fazendo suas lives nas quintas-feiras, sempre inventando uma confusão, ameaçando o país com golpe, distraindo com o lixo da internet nas redes sociais, participando de motociatas, cavalgadas, jequiatas, lanchaciata, comparecendo aos estádios para assistir a jogos de futebol, ou conduzindo jet skis, motos, cavalos, ou ainda pescando. É uma infinidade de atividades inúteis que fogem à sua condição de presidente. Se ao menos participasse desses eventos e tivesse horário para o trabalho, não se iria fazer reparos, mas é rara a dedicação às tarefas de um presidente. Os ministros sabem que Bolsonaro foge de despachar, principalmente, quando os temas trazidos pelos seus auxiliares são complexos.

A situação agravou-se nesse período que antecedeu ao 1º turno da eleição e agora no 2º turno. Calcula-se, de conformidade com sua agenda, que, nesses dias, o tempo dedicado às suas incumbências principais situa-se em menos de 5%. Na última semana, neste mês de outubro, os compromissos de Bolsonaro, como Chefe de governo, não passaram de 2 horas. Diferentemente de seus antecessores, Bolsonaro preza questionar decisões judiciais ou xingar ministros do STF. Além disso, o presidente prepara as maiores esquisitices, a exemplo de aparecer sozinho em lugar previamente definido, comendo e pegando nos alimentos com as mãos ou o almoço em mesa imprópria para refeição, ou comer pastel em uma padaria qualquer ou uma manga com as mãos, expondo o quadro brega do candidato à reeleição, mostrando claramente sua vigarice eleitoral.

A única atividade que Bolsonaro não descuida é de inaugurar obras, por mais simples que elas sejam, comparecer aos mais comezinhos eventos no meio militar, a exemplo de uma simples diplomação de cadetes, em Resende/RJ, de uma habitual cerimônia de conclusão de curso de sargentos da Aeronáutica, em Guaratinguetá/SP ou participar da formatura do 76º aniversário aniversário da Brigada de Infantaria Paraquedista do Rio de Janeiro. Não se imagina sobre o significado desses compromissos para um presidente da República, nem do benefício que reverte para o país. No Palácio, o presidente recebe amigos para papear, a exemplo, do senhor Alfredo Alexandre de Menezes Júnior que lá esteve somente pela amizade a Bolsonaro ou do empresário Luciano Hang, que tem livre acesso ao gabinete presidencial. Levantamento promovido por repórteres do jornal Folha de São Paulo mostra que "em três anos e cinco meses de governo, o presidente Jair Bolsonaro aproveitou uma série de feriadões, folgas autoconcedidas e dias de expediente normal para converter em lazer ou praticar atividades sem relação exata com o cargo que ocupa." O presidente desfruta de temporadas nos litorais paulista e principalmente catarinense, onde frequenta com habitualidade. Bolsonaro não se constrange em usar a máquina pública, os aviões, as hospedagens, alimentação, os servidores para alimentar seu capricho, sempre de lazer ou de movimentação nas campanhas políticas. A revista VEJA mostrou que Bolsonaro trabalhou nos 10 primeiros dias deste 2º turno das eleições, apenas 2 horas e 10 minutos; esse tempo foi despendido com seis rápidos despachos, segundo anotações da agenda oficial; todo o resto do tempo, Bolsonaro dedicou à campanha eleitoral, viajando e usando toda a estrutura do governo para fazer política. VEJA informa que nos dias 3, segunda-feira, 6, quinta-feira, 11, terça-feira, 12, quarta-feira e 13, quinta-feira, Bolsonaro não teve nenhum compromisso oficial; no sábado, 15/10, Bolsonaro foi para Belém, e participou, por seis horas, da romaria fluvial do Círio de Nossa Senhora de Nazaré.

Salvador, 18 de outubro de 2022.
  
Antonio Pessoa Cardoso
Pessoa Cardoso Advogados.





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