domingo, 2 de outubro de 2022

COLUNA DA SEMANA

Como disse em outros artigos aqui publicados, o presidente Jair Bolsonaro tem todos os defeitos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acrescentado de mais um que não se verifica no petista. Trata-se da vocação autoritária, com tendência para ditador, diante do fato de não aceitar o pleno funcionamento da democracia e das instituições, com respeito aos posicionamentos dos chefes dos outros poderes. Onde mais se nota esse perigoso desvio de conduta do presidente reside nas frequentes agressões direcionadas ao  Judiciário, lançando seus petardos contra o STF, representado pelo seus ministros. São manifestações que nunca foram registradas no país: um presidente denegrir a imagem de ministros e do próprio Poder, inclusive no exterior!? Se a Corte de Justiça comete deslizes, esta não é a forma de combatê-los, pois não cabe ao chefe do Executivo insubordinar com difamações e xingamentos de baixo calão, mais apropriados para as milícias do Rio de Janeiro, da qual Bolsonaro é acusado de pertencer. A preocupação de Bolsonaro, desde o início de seu governo, foi a de desmantelar o sistema eleitoral, diminuindo a imagem pessoal e profissional de todos os ministros que passaram pela presidência do Tribunal Superior Eleitoral. 

É possível que, se Jair Bolsonaro não conseguir a reeleição, tornando o único presidente brasileiro que não obteve este feito, ele tentará seguir o caminho do ex-presidente Donald Trump, de quem se tornou amigo. Aliás, um dos seus filhos, no auge da confusão criada pelo ex-presidente americano e por seus seguidores, na transferência do Poder ao seu adversário, esteve nos Estados Unidos, naturalmente, analisando os passos a serem seguidos pelo pai, no Brasil. Bolsonaro propala que a cadeira que ocupa é missão divina, mas governa com arruaças, criando sempre tumulto, e não cansa de usar baixas expressões. O presidente consegue enganar os incautos, envolvendo religião com a política aviltante que sempre adotou, nesses mais de 30 anos de exercício do cargo de deputado na Câmara dos Deputados e na presidência da República. Afinal, Bolsonaro tem cadeira cativa no denominado "baixo clero" da Câmara dos Deputados.  

Bolsonaro representa grande risco para o Estado Democrático de Direito, no Brasil, e já se fala abertamente que ele não alimenta mais esperança de continuar no Palácio através do voto, daí a busca de golpe que não deverá ter apoio dos militares, porque sabem que estarão embarcando numa canoa furada. O temor maior de Bolsonaro de sair do Planalto situa-se na certeza de sua prisão, pois são muitas as investigações, algumas delas sobre o desmonte da Democracia no país. O passado leva-lhe a esta crença. No passado, Bolsonaro foi indisciplinado no Exército e, na presidência, passou a cultuar o golpe de 1964, defendendo e elogiando o torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra a quem intitulou de herói nacional; poucos meses após assumir o governo, em 2019, Bolsonaro convidou a viúva de Ustra para um almoço no Palácio.

Bolsonaro já falou inúmeras vezes que poderá ser preso e o destino deste falso líder caminha nesta direção; afinal ele conseguiu enganar boa parte dos brasileiros e enodoou o nome do Brasil no conceito das nações do mundo. As investigações contra o presidente, de toda natureza, estão tramitando na Polícia Federal e no STF: rachadinha, milícia, atentados ao regime democrático, responsabilidade pelo descaso com a pandemia do coronavírus, charlatanismo, que causou a morte de mais de 600 mil pessoas, e por aí seguem os processos que o "mito" terá pela frente. A saída de Bolsonaro do Poder terá a sequência de ausência de proteção institucional, dispensada ao Chefe da Nação. Depois que deixar o Planalto, o presidente não gozará do amparo dispensado pelo chefe e pela vice da Procuradoria-geral da República e perderá os amigos de hoje, porquanto vigorará a expressão "Rei Deposto é Rei Morto". A recordação da história do Brasil não mostra nenhum antecessor do atual presidente tão envolvido com a Justiça e com a Polícia quanto o atual.  

Enfim, a vitória de qualquer outro candidato significará que o Brasil ficará livre do "político menor, sem estatura presidencial, de elevado coeficiente de mediocridade, destituído de respeitabilidade política, na expressão do ministro aposentado do STF, Celso de Mello.  

Salvador, 2 de outubro de 2022.

Antonio Pessoa Cardoso 
Pessoa Cardoso Advogados. 



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