A escolha de Catar para receber a 22º edição da Copa do Mundo, deu-se em 2010, e foi bastante criticada, diante da candidatura da Austrália, Coreia do Sul, Estados Unidos e Japão. Contribuiu para os aborrecimentos os escândalos, envolvendo a FIFA, inclusive com denúncia de que o governo do Catar teria pago para recepcionar o torneio. Essa acusação é fácil de ser aceita, porque os ex-dirigentes da FIFA foram rodeados de recebimento de propinas e outras irregularidades. O jornal britânico, The Sunday Times, em 2019, informou que o Catar comprou votos para hospedar a Copa, pagando 800 milhões de euros à FIFA, pouco antes da preferência por Catar. O jornal ainda noticiou que a propina aconteceu em duas parcelas, sendo uma de 400 milhões e a segunda de 480 milhões de euros; ainda teve bonificação de 100 milhões se o Catar fosse o país escolhido. A rede de televisão Al Jazeera participava da negociação com o recebimento das propinas.
Todo o posicionamento contra a sede em Catar girava principalmente por inúmeros problemas, como clima e também corrupção. Aliás, a mudança do calendário da FIFA de junho/julho para novembro deveu-se à temperatura que chega a alcançar 50 graus. Mas o pior de tudo é que o país adota política de discriminação contra os menos aquinhoados, a exemplo dos operários na construção dos estádios. A imprensa internacional publicou inúmeras notícias sobre as péssimas condições de trabalho nas obras, com registro de muitas mortes, sem que tenha havido qualquer providência das autoridades. Nem se fala em indenização para os familiares dos falecidos no trabalho. Depois de muitos incidentes, o governo resolveu promover mudanças na legislação do Trabalho, ao ponto de admitir ser supervisionado pela Organização Internacional do Trabalho, OIT. Essas alterações surgiram após muitos trabalhadores da Índia, Nepal, Bangladesh e outros países menores, perderam a vida, sem compensação alguma para os familiares. Sabe-se que apenas 12% da população do Catar é constituída por nativos e sabe-se também que o pequeno país é considerado um dos mais ricos de todo o mundo, face a exportação de petróleo e gás natural.
Em 2021, o jornal britânico The Guardian divulgou que morreram 6.500 trabalhadores desde o início das construções para o Catar sediar a Copa. Apesar das contestações de órgãos do governo, o certo é que milhares de mortes aconteceram nos últimos anos, sem maiores explicações. Segundo relatório da International Trade Union Confederation, de antes da finalização das obras, 4 mil operários irão morrer até o começo dos jogos, que aconteceu hoje. As acusações sobre o cenário de trabalhadores no país é de verdadeira escravidão. Há relatos de passaportes confiscados e salários retidos pelos chefes durante meses.
A expectativa é de que a OIT possa contribuir para ao menos diminuir as mortes, acabar com a verdadeira escravidão do trabalhador e onde os que podem e que quase não pagam impostos, tornam mais humanos e transformam o tratamento dispensado aos trabalhadores dos países vizinhos, que emprestam sua força de trabalho para modernização do Catar.
Salvador, 20 de novembro de 2022.
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