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quarta-feira, 2 de novembro de 2022

BOLSONARO DECEPCIONA COM A FRÁGIL REBELIÃO!

Golpistas no Rio de Janeiro 
Segundo o ex-presidente da Bolívia, Evo Morales, em entrevista a Sputnik, Bolsonaro prepara para um golpe; na verdade, engendrou tudo com os ensinamentos do ex-presidente americano Donald Trump que teve mais apoio e maior sucesso, no seu entendimento, porque registradas mortes e quebra-quebra no Capitólio. A tentativa de Bolsonaro sintetizava em estimular a desobediência civil e depois alguma autoridade estadual do seu círculo pediria intervenção do Exército, apesar de esta prerrogativa ser do presidente. Todavia, não experimentou o mesmo desenlace, porque o movimento não prosperou com protestos localizados, principalmente nas rodovias com bloqueios, impedindo o abastecimento dos supermercados, dos postos de combustíveis e dos hospitais. Sem dúvida alguma, houve articulação com grupos, envolvendo ruralistas, alguns políticos e a Polícia Rodoviária Federal. No Sul, um policial pregou a insurreição, naturalmente para apoiar seu chefe, o diretor-geral Silvinei Vasques que, além de postar pedido de voto para Bolsonaro, no sábado, 29/10, ainda fez corpo mole com a determinação do ministro para atuar no desbloqeuio das rodovias, no domingo. O movimento que estourou depois do resultado já era anunciado no dia da eleição, quando Vasques orientou seus subordinados em operação nos transportes nas estradas, que implicava em barrar eleitores rumo às seções eleitorais. Portanto, o registro de mais de 500 pontos de bloqueios era o início do golpe de Bolsonaro que não deu certo. Enquanto Trump foi pelo Congresso, Bolsonaro direcionou seu movimento pelas rodovias.  

Noutro campo, os apoiadores do "mito" atenderam às convocações de grupos formuladas pelo Telegram para reunirem nos QGs do Exército regionais e gritarem por intervenção militar. Assim, houve contestações, iniciadas por Brasília, em frente ao Quartel do Exército, no Setor Militar Urbano, no dia de ontem, 1/11; em Salvador, os seguidores do "mito" reclamaram no QJ, na Mouraria; em vários estados, nas sedes militares, registraram-se atos antidemocráticos. Será que esta e outras mobilizações são isoladas e resumem-se em protestos pela não aceitação da vitória de Lula? Os amotinados não iriam esgotar suas queixas somente com as vigílias, montando barracas e com suprimentos, afirmando que só sairão desses locais depois de uma intervenção militar, ou com os bloqueios em vários pontos do país. Não e não. O ex-presidente Evo Morales está certo, quando previu o golpe, quem errou foi Bolsonaro que não contava com a frágil rebelião.          

A informação que se obteve sobre os caminhoneiros dizia que os protestos contra o resultado do pleito não estava demarcado somente nessa categoria, pois tratores, carros e outros apetrechos integravam os deslocamentos, demonstrando que alguns empresários do agro-negócio estavam envolvidos no golpe que não progrediu. Pessoas sensatas entendem que a manifestação sucinta do presidente Jair Bolsonaro, quase 48 horas depois do resultado, entrava no cipoal armado. Bolsonaro esperava que boa parte dos seus quase 60 milhões de eleitores iriam incorporar aos caminhoneiros, aos agitadores nos quartéis e a alguns poucos empresários. O despreparado presidente não avaliou que os votos derramados em seu nome não implicavam em apoiar seu governo, mas os eleitores votaram não em Bolsonaro, mas contra Lula. Aliás, o mesmo movimento, sobre a votação do ex-presidente: os votos jorrados em seu nome, inclusive o meu, não importaram em aplausos para o Lula, mas simplesmente significaram que não queriam a continuidade do medíocre e barulhento presidente no poder.  

Enfim, o presidente esperou por quase quarenta e oito horas e decepcionou-se com o resultado das noitadas! Entregou os pontos, e tudo indica que não precisará de Deus para retirá-lo do Planalto, pois mesmo com linguagem cifrada, os intérpretes admitem ter ocorrido o choro da derrota.

Salvador, 2 de novembro de 2022.

Antonio Pessoa Cardoso
Pessoa Cardoso Advogados.  



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