sábado, 28 de janeiro de 2023

GARIMPEIROS: DE COMBATE À PROTEÇÃO

O garimpo nas terras indígenas não é atividade recente, mas sempre foi combatido pelas autoridades; o desmantelo aconteceu, nesses últimos quatro anos, quando o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro passou a amparar os invasores e violentos garimpeiros. Segundo entrevista do antropólogo Márcio Augusto Meira, que presidiu a Funai entre os anos de 2007/2012, ao jornal Folha de São Paulo, a "invasão das terras indígenas passou por uma mudança drástica nos últimos quatro anos e, além dos yanomamis, outros povos estão em risco"; assegura que o tratamento aos faiscadores variou de repressão para incentivo. Meira diz que a descoberta de riquezas minerais na Amazônia, na época da ditadura militar, provocou corrida ao ouro na região e, na sequência, a morte de milhares de indígenas. Aproximadamente 30 anos depois, em 1992, foi homologada a demarção da terra indígena e daí em diante todos os governos, através da Polícia Federal e da Funai, continham a fúria dos garimpeiros e protegiam o território demarcado dos índios. 

A postura do governo que se instalou em 2019 é mostrada pelo tratamento dispensado ao indigenista Bruno Pereira, simplesmente porque combatia o garimpo em áreas indígenas. A ação programada para 2019, visando bater-se contra a ação ilícita dos garimpeiros na Terra Indígena Yanomami conseguiu retirar boa parte dos garimpeiros da região, mas Bruno foi dispensado da coordenação-geral de povos isolados da Funai, e assassinado em 2022; a cada dia que se passou mais se protegia quem devia ser combatido e combatia quem devia ser protegido. Os garimpeiro tomaram conta e os registros de mortes e invasões não pararam de acontecer mas sem nenhuma providência. O certo é que o garimpo progrediu nesses últimos quatro anos e tornou-se atividade milionária, com vinculações no âmbito internacional. 


 

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