terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

OPERÁRIO FOI TORTURADO E PRESO, POR ENGANO

O operário José Vicente Correa, 86 anos, foi preso e torturado, por engano, pela ditadura militar de 1964. Depois de tanto sofrimento, a Defensoria Pública do Estado de São Paulo, em Jaú, onde reside Correa, ingressou, em junho/2022, com ação de indenização, reclamando R$ 200 mil, mais, em liminar, um salário mínimo por mês até que haja decisão final do processo. O Defensor, Bruno Del Preti, analisou "650 documentos sobre tudo o que aconteceu com ele, numa análise documental que me tirou o sono por alguns meses. Mas conseguimos demonstrar o que ele contou com informações do Arquivo Público de São Paulo". A preocupação do defensor é a morosidade da Justiça e justifica porque a ação está paralisada há sete meses e não se marcou audiência para ouvir as testemunhas. A liminar foi indeferida pela juíza Paula Maria Castro Ribeiro Bressan, da 1ª Vara Cível de Jaú e o recurso a esta decisão aguarda a manifestação do desembargador Leonel Carlos da Costa, desde outubro. 

Correa foi preso em março de 1970 e seu primeiro depoimento só aconteceu um mês depois, quando se tornou réu, baseado em inquérito policial da VAR-Palmares. Ele ainda sente reflexo do que sofreu com as torturas: um zumbido no ouvido esquerdo. Correa ainda lembra dos socos, pontapés e cabeçadas recebidas e narra que uma vez colocaram "ao redor da minha orelha, enfiaram o fio dentro dos meus ouvidos". O idoso diz que a selvageria nos porões do Dops era maior: "Eu vivia desmaiado de tanto apanhar. Era clava na cabeça, pontapé quando estava caído no chão. Chegaram a jogar um sofá em cima de mim". No final, depois de nove meses de prisão, o Conselho Especial de Justiça revogou, à unanimidade, a prisão de Correa.        



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