Além do desgaste desnecessário e aventureiro contra o presidente do Banco Central, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva envolve-se em outro tema que a sensatez não lhe socorre. Lula convulsiona contra o ex-juiz e atual senador Sérgio Moro, confessando que, durante o tempo que ficou preso, em Curitiba, pensava em maneiras de "foder" com a vida de Moro. Isso é expressão para um presidente da República, dizer em público? É a mesma conduta de seu antecessor, que ele tanto combatia. O presidente buscou enfrentamento contra um ex-juiz que contribuiu sobremaneira para acabar com a corrupção no país. Como se sabe, Sergio Moro, desde o mês de janeiro, sabe e tomou as cautelas necessárias, pelas ameaças comprovadas pela Polícia Federal contra ele e sua família. Lula saiu a campo para, mais uma vez, enroscar no desequilíbrio e na irresponsabilidade, qualificações inadmissíveis para um homem que chefia uma Nação. Publicou e difundiu, sem nenhuma comprovação, de que Moro faz "uma armação", acerca da ameaça de morte, originada dos criminosos do PCC, desvendada pela Polícia Federal. O senador, em entrevista à CNN, respondeu: "o senhor não tem decência? O senhor não tem vergonha com esse seu comportamento? O Senhor não respeita a liturgia do cargo? O senhor não respeita o sofrimento de uma família inocente?". Lula foi tão inconsequente que arrostou contra seu próprio ministro, Flávio Dino, da Justiça. Com efeito, o ministro, sustentado em dados da Polícia Federal, disse que a corporação encontrou evidências da estratégia edificada pelo PCC, no Paraná, visando sequestrar ou guardar armas, em preparação para o assassinato de Moro e de sua família.
Como se não bastassem esses dois episódios que depõem contra o presidente, ele passa a cometer erros semelhantemente ao seu antecessor, ao escolher para ministra do Turismo, Daniela Carneiro, denunciada pela sua vinculação com milicianos. Além de mantê-la no cargo, Lula sustentou no Ministério das Comunicações, Juscelino Filho, que usou diárias de R$ 3.000,00, mais o uso de um avião da FAB para comparecer a leilão de cavalos de raça, em São Paulo. Justificou a ausência do Ministério, em Brasília como medida de urgência. Segundo o jornal Estado de São Paulo, a viagem custou aos cofres públicos R$ 140 mil, simplesmente para tratar de negócios particulares do ministro. Esse cenário é repetição dos desmandos e escândalos do governo Bolsonaro. Aliás, Lula segue Bolsonaro até mesmo no que se refere a promessa de abandonar a lista tríplice para escolha do Procurador-geral da República. O presidente censurou, quando o ex-presidente escolheu Augusto Aras, para a Procuradoria, apesar de não figurar entre os nomes da lista tríplice. Ele despreza o caminho trilhado por ele mesmo, nos dois governos anteriores, pela ex-presidente Dilma Roussef e pelo ex-presidente Michel Temer, porque souberam respeitar a lista tríplice, fortalecendo desta forma a instituição. Além disso, como diz Nota da Associação Nacional dos Procuradores da República, "Lula contraria o próprio discurso de campanha, quando mencionou, de forma correta, o mérito de seus governos anteriores ao escolher o PGR com base na lista tríplice...".
Enfim, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nesses pouco mais de dois meses de governo, esfacela as propostas anunciadas na sua campanha para ser eleito presidente da República. Espera-se apenas que não se repita na próxima eleição a opção infeliz de outubro.
Salvador, 24 de março de 2023.
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