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sábado, 27 de maio de 2023

A FÁBRICA DE CRETINOS DIGITAIS (I)

A obra de Michel Desmurget, "A Fábrica de Cretinos Digitais", tem tamanha significação no mundo digital, e por isso retrataremos aqui, em alguns capítulos. Voltamos ao assunto, porque em 1 de novembro de 2020, quando lemos o livro, traçamos um resumo da obra. Nesta oportunidade, levaremos maiores detalhes deste monumental livro.  

Logo no prefácio, o autor intitula "Em quem acreditar", e assegura que "o consumo recreativo digital - em todas as suas formas (smart-phone, tablets, televisão, etc) - pela nova geração é absolutamente astronômico". A partir dos 2 anos, as crianças dos países ocidentais acumulam diariamente quase 50 minutos diante da tela. Entre 2 anos e 8 anos, esse tempo é de 2h45min e dos 8 a 12 anos, os jovens passam aproximadamente 4h45min diante dela e entre 13 e 18 anos, eles chegam perto de 7h15min." São "mais de 1.000 horas para um aluno da pré-escola (1,4 mês), 1.700 horas para um estudante do nível fundamental (2,4 meses) e 2.650 horas para alunos do ensino médio (3,7) meses.

O pior é que psiquiatras, universitários, pediatras, sociólogos, consultores, jornalistas não noticiam os males dos "digital natives", mas enaltece, afirmando que o mundo agora pertence a eles. O autor mostra a situação na Inglaterra, onde diretores dos principais colégios ameaçaram enviar à polícia e os serviços sociais às residências, onde os pais permitem aos seus filhos jogar videogames violentos. Em Taiwan, "uma lei prevê pesadas multas para os pais que expõem seus filhos com menos de 24 meses a qualquer aplicativo digital", assim como o fato de não limitar o tempo de utilização para jovens de 2 a 18 anos, que não pode ultrapassar a 30 minutos. Na China, medidas drásticas foram tomadas para regulamentar o consumo de videogames entre os menores. Nos Estados Unidos, dirigentes de indústrias digitais, preocupam-se em proteger seus parentes das "ferramentas digitais". 

O New York Times preconizou "um consenso sombrio em relação à utilização de telas digitais pelas crianças começa a surgir no Vale do Silício". Chris Anderson, antigo editor da revista Wired, ensina sobre os perigos tecnológicos e policiou seus filhos, porque não queria que tivessem o mesmo destino que ele teve. Afirma Anderson: "na escala entre doces e cocaína, isso está mais próximo da cocaína". O jornalista francês, doutor em sociologia, Guillaume Erner declarou: "A moral da história é a seguinte: deem telas a seus filhos, os fabricantes de telas continuarão dando livros aos deles". Desmurget diz que "ao longo desta obra, é enorme a distância entre a realidade inquietante das pesquisas disponíveis e o conteúdo frequentemente tranquilizador (e mesmo entusiasta) dos discursos jornalísticos". Afirma que este cenário reflete "a potencia econômica das indústrias digitais recreativas".   

O autor escreve: "mais globalmente, a atual "revolução digital" e, para nossos filhos, uma oportunidade ou um triste mecanismo de fabricar imbecis? Eis o ponto essencial desta obra: responder a esta pergunta. O autor assevera a importância do mercantilismo e o "exército de cientistas complacentes, lobistas zelosos e mercadores profissionais da dúvida. Tabaco, remédio, alimentação, mudanças climáticas, amianto, chuvas ácidas, etc., é longa a esta de precedentes instrutivos". O autor diz que não rejeita o mundo digital em seu conjunto mesmo porque não se considera um tecnófobo.

Salvador, 26 de maio de 2023.

Antonio Pessoa Cardoso
Pessoa Cardoso Advogados.

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