Os nove magistrados americanos dispõem de 75 assessores para julgamentos secretos, sem critério algum para decidir sobre o que será julgado e o que não receberá manifestação dos nove. Com tudo isso, os julgamentos pelos nove magistrados são bastante raros, diferentemente do que ocorre por aqui; enquanto nos Estados Unidos os casos julgados situam-se em pouco mais de 100 por ano, no Brasil, o STF julga em torno de 80 mil por ano.
Além das escolhas políticas, os magistrados americanos guardam fiel vinculação partidária e ideológica, expondo claramente a luta entre conservadores e liberais, tal como ocorre no bipartidarismo, entre republicanos e democratas. Ente nós, a cada dia, acentuam ainda mais as escolhas partidárias de magistrados que nunca deveriam figurar no quadro de juízes; crescem também as acusações de ministros que se envolveram com corrupção, e tal como nos Estados Unidos, não há explicação dos acusados e nada acontece; são retratados pelos noticiários escândalos nos julgamentos, direcionados por outras motivações que não as de aplicação da Justiça.
As semelhanças entre as duas Cortes aprofundam-se no que se refere a escândalos, já aqui descritos em várias oportunidades, de casos no Brasil. Nos Estados Unidos, começam a aparecer esses espetáculos que diminuem o sentido da Justiça. O caso mais recente envolve o próprio presidente da Suprema Corte, Clarence Thomaz, acusado de ter vendido três propriedades para Halan Crow, magnata do setor imobiliário e doador do Partido Republicano. O magistrado, pela lei americana, é obrigado a divulgar transações imobiliárias com valores superiores a US$ 1.000. O juiz da Suprema Corte, além de não publicar e apesar da repercussão na imprensa do país, não se manifestou e permaneceu no seu silêncio letárgico, tal como ocorre nos julgamentos, quando só aparecem os resultados finais das decisões.
Em outro momento trataremos, com mais detalhes deste e de outros abusos praticados pelos magistrados da Suprema Corte dos Estados Unidos.
Salvador, 7 de maio de 2023.
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