domingo, 21 de maio de 2023

COLUNA DA SEMANA

O ministro Gilmar Mendes acusou, em entrevista, o ex-presidente Jair Bolsonaro de responsabilidade na política dos atos antidemocráticos do 8 de janeiro. Na época, um grupo de bolsonaristas, que já estavam acampados nas imediações do Planalto, invadiram os prédios dos Três Poderes, e quebraram o que encontravam pela frente, já no interior dos prédios. O decano do STF, em alto e bom som, declara que Bolsonaro "tem responsabilidade inequívoca", pelo vandalismo. Além dessas afirmações, o "comentarista" Mendes deitou falação contra a Operação Lava Jato, mas principalmente contra o ex-juiz e atual senador Sergio Moro, prato de Mendes em todos os momentos que é entrevistado. Na falação, o "comentarista" Mendes ainda diz que "é preciso julgar para depois condenar". Ele mesmo antecipa a condenação para depois julgar.  

A indagação natural não reside na culpa ou não do ex-presidente, mas no fato de um ministro da maior Corte de Justiça, conceder entrevista para apreciar a conduta de uma autoridade pública. Como um ministro presta tais declarações e depois tem o rompante de assumir a condição de juiz para julgar a pessoa de quem, antecipadamente, atribui "inequívoca" participação na depredação dos prédios dos Três Poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro? Não se defende a participação de Bolsonaro nos ataques do 8 de janeiro, mas condena a manifestação de um ministro do STF que poderá enfrentar julgamento do caso e não terá isenção exigida para um magistrado. Sabe-se que os "deuses" do STF, raramente dão-se por suspeitos ou impedidos para julgar, ainda mais no caso de Gilmar Mendes que tem enfrentado julgamentos  polêmicos, envolvendo amigos, como ocorreu com empresários do ramos de transporte do Rio de Janeiro, quando Mendes liberou de prisão por três vezes, um dos processados.     

O ministro Gilmar Mendes, do STF, parece atuar em campanha política tamanhas as agressões contra juízes e procuradores que lutaram contra a corrupção no país! Dias atrás, também em entrevista, ele destratou o senador Sergio Moro, os Procuradores e a própria Operação Lava Jato, além de, no seu destempero, agredir até a a capital do Paraná, quando fala que "Curitiba tem o germe do fascismo e gerou Bolsonaro". O "comentarista" do STF, Gilmar Mendes, cometeu o despautério de defender uma construtora, responsável por inúmeros casos de corrupção desenfreada, não só no Brasil, mas na América Latina e na África. A antiga Odebrecht, sem ética nenhuma, especializou-se em comprar autoridades, em oferecer propinas para ganhar licitações em obras e o "comentarista" do STF solta seu verbo para defender os donos de uma empresa, que foi condenada e até assinou acordo reconhecendo seus erros, por ter subornado autoridades de todo tipo no Brasil, no Peru, na Argentina e em outros países. A empresa que Mendes defende é tão descompromissada com a honestidade e afeita aos escândalos que criou um departamento "Divisão de Operações Estruturadas", conhecida também por "Departamento de Propina". 

O "comentarista" Gilmar Mendes deitou em falação de elogio ao livro de Emílio Odebrecht no qual são atiradas pedras contra quem lutou para frear a roubalheira da Odebrecht. Pois Mendes aparece para elogiar e recomendar o livro. Disse o "comentarista": "Ainda ontem estava lendo - e recomendo que todos leiam, - o livro publicado por Emídio (sic) Odebrecht. São páginas que envergonham a Justiça. O que se fez nessa chamada "República de Curitiba" com a Lava Jato... teremos de fazer um escrutínio severo porque se trata de algo extremamente grave. Já disse isso aos colegas do STJ: há que se perguntar que erros que está se cometendo para admitir gente tão chinfrim, tão desqualificada". 

Esses comentários não são apropriados para um ministro da mais alta Corte de Justiça, mas para um comentarista e mesmo assim um profissional da comunicação que veste a roupa do criminoso!

Guarajuba, Camaçari, 21 de maio de 2023.

Antonio Pessoa Cardoso
    Pessoa Cardoso Advogados.   



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