Se os ministros e desembargadores atuam desabridamente para empurrar seus filhos ou parentes para altas, rendosas e quase perenes funções no Judiciário, porque os governadores vão ficar parados? Daí é que ultimamente, os tribunais de contas dos estados foram infestados de esposas de governadores, também sem qualificações para alicerçarem nas funções. Em Roraima, em maio/2023, Simone Denarium, primeira-dama do estado tornou-se conselheira com 17 dos 24 votos da Casa Legislativa. Denarium ocupa atualmente funções para fiscalizar as contas do marido, como governador do Estado, além de receber mensalmente R$ 35 mil. Neste mesmo mês, foi a vez de Pernambuco entronizar, no Tribunal de Contas local, o filho do conselheiro Carlos Porto, que se aposentou para acomodar o filho, Eduardo Porto, com ajuda do presidente da Assembleia Legislativa que é tio do novo conselheiro. Mas o nepotismo nas Contas dos Estados não para por aí, pois na Bahia, em março deste ano, o atual Chefe da Casa Civil do presidente, depois de deixar o cargo de governador do Estado, Rui Costa, emplacou sua esposa, Aline Peixoto, cuja profissão é enfermeira. No Pará, neste mesmo mês de março, o governador do Pará Helder Barbalho colocou facilmente sua esposa, Daniela Barbalho, também no Tribunal para compor o quadro de fiscais de suas contas.
Parece até combinação entre os governadores, pois, em dezembro/2022, Renan Filho que deixou a função de governador para assumir o Ministério dos Transportes, conseguiu colocar no Tribunal de Contas do Estado sua esposa, Renata Calheiros. Em janeiro, no Piauí, cenário semelhante ocorreu, quando o atual ministro de Desenvolvimento Social e ex-governador, Wellington Dias, pôs no trono do Tribunal de Contas também sua esposa, Rejane Dias; mesma situação no Amapá, com o então governador, Waldez Góes, que conseguiu, em fevereiro/2022, esse valoroso emprego para sua esposa, Marília Goes. A coincidência é interessante, pois enquanto os ministros do STF logram votos para suas filhas nos Tribunais, os ex-governadores trabalham para facilitar a vida de suas esposas com emprego altamente rentável, em outro Tribunal, com ganhos mensais de R$ 30 mil.
O contágio desse malefício no serviço público é geral em todos os poderes da República e em todos os estados. Os filhos, ou parentes dos desembargadores e ministros estão perto dos pais para angariar empregos com polpudos salários.
Salvador, 28 de maio de 2023.
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