A violência na Bahia agrava-se a cada momento. Na manhã desta segunda-feira, 28, no município de Mata de São João, Região Metropolitana de Salvador, foram encontrados nove corpos carbonizados em uma casa, que foi incendiada e está localizada na região conhecida como Portal do Lunda; dentre os mortos estavam três crianças e seis adultos. Uma criança de 12 anos sobreviveu com quase 60% do corpo queimado e foi transferido pelo Samu para o Hospital Geral do Estado. Ainda não há maiores informações sobre a motivação do crime e acerca da autoria. Em uma casa próximo à chacina, foram encontradas duas mulheres mortas com ferimento de tiros.
Um dado que assusta é de que onze das 20 cidades mais violentas do Brasil estão no estado da Bahia. A liderança pertence ao Macapá, entre as capitais, segundo levantamento do 17º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, com dados referentes a 2022. As quatro primeiras cidades com maior número de homicídio situam-se na Bahia: Em Jequié/BA foi registrado 88,8 homicídios por 100 mil habitantes, figurando em primeiro lugar; na sequência, Santo Antônio de Jesus/BA com 88,3 homicídios por 100 mil habitantes; Simões Filho/BA, com 87,4 homicídios por 100 mil habitantes; Camaçari/BA, com 82,1 homicídios por 100 mil habitantes; Feira de Santana/BA figura na nona colocação, com 68,5 homicídios por 100 mil habitantes; Juazeiro/BA com 68,3 homicídios por 100 mil habitantes; Teixeira de Freitas com 66,8 homicídios por 100 mil habitantes; Salvador/BA com 66,0 homicídios por 100 mil habitantes.
Há bairros na capital, onde os criminosos cobram "pedágio" dos comerciantes, a exemplo de Cosme de Farias. Ainda na capital, nos bairros mais distantes do centro, são anotados tiroteios, seguidos de mortes violentas. Essas ocorrências têm provocado a suspensão de aulas; segundo publicações, ao menos 35 escolas municipais de Salvador assim procederam. O Instituto Fogo Cruzado contou um mínimo de 11 crianças baleadas, das quais duas morreram, somente neste ano, na Grande Salvador. Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública consignou que, em números absolutos, no ano de 2022, a Bahia teve o maior quantitativo de mortos decorrentes de intervenção policial, no total de 1.464, em média 28 casos por semana. Esse número de 1.464 representa 22,7% do total das 6.430 mortes pelas policiais no ano passado. O estado não informa sobre o número de policiais mortos em confronto. No Rio de Janeiro, o total de mortes por intervenções foi de 1.330, no ano passado. Para se avaliar sobre o aumento de mortes no passar do tempo, basta saber que, no ano de 2015, o número de mortes por intervenções policiais, na Bahia, foi de 354, alta de 313% em sete anos.
No oeste da Bahia, por exemplo, são anotados muitos homicídios que mal se abre inquéritos policiais. Os criminosos continuam soltos, porque sabem que não há punição alguma. O Instituto Sou da Paz divulgou pesquisa na qual foram assentados que somente 22% das mortes violentas no estado, em 2020, foram solucionadas. Nos pequenos municípios não há delegados ou não tem servidores, além de instaladas as delegacias em casas sem a menor estrutura para averiguação dos crimes.
Salvador, 28 de agosto de 2023.
Antonio Pessoa Cardoso
Pessoa Cardoso Advogados.
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