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domingo, 22 de outubro de 2023

COLUNA DA SEMANA

As dificuldade econômicas pelas quais passam os argentinos poderão influenciar na escolha do novo presidente da República. Apareceu um candidato, à la Bolsonaro, que consegue figurar na primeira colocação entre os candidatos favoritos. Está sendo considerado pela mídia como um fenômeno, tal como ocorreu no Brasil em 2018. O povo, no país vizinho, mostra-se desesperançado com os erros cometidos ultimamente no país. E a campanha eleitoral, que se encerrou, demonstrou que o voto raivoso poderá jogar o país no despenhadeiro, principalmente, porque o candidato Javier Millei prega programa que não condiz com a seriedade de uma Nação. O Bolsonaro argentino, apesar de direitista, promete acabar com o Banco Central e segue por caminhos de um libertário total. Ele quer sair da Câmara dos Deputados, onde está desde 2021, tal como Bolsonaro, para presidir o país, com programa impossível de ser efetivado.      

Millei confia no descrédito do eleitor argentino e a excentricidade marca sua ação, visando agradar ao povo. Além da extinção do Banco Central, o candidato promete polarizar a economia, revogar a lei do aborto, privatizar a educação, a saúde e várias empresas públicas, inserindo, como seu lugar-tenente no Brasil, a liberação para o armamento do argentino. Os números atestam que se eleito, Millei, não terá base no Congresso para promover suas absurdas propostas. Depois dos insultos desferidos contra a classe política, o candidato, segundo as pesquisas, obtém apoio de apenas 15% dos deputados e 11% dos senadores. Diante deste impasse o libertário, em seus comícios, assegurou que governará com decretos presidenciais e através de consultas populares.    

A candidata Patricia Bullrich é apoiada pelo ex-presidente Maurício Macri, que governou o país entre 2015 e 2019; ele desistiu da candidatura que se anunciava. A única candidata mulher serviu como ministra da Segurança Pública no governo Macri, e deverá disputar a segunda colocação com Sergio Massa, peronista e ministro da Economia do atual governo, visando o segundo turno, tudo indica, com o espalhafatoso Millei, que reclama vitória já no primeiro turno, cenário que se mostra improvável. Enfim, o candidato Millei é um anarquista, um ultradireitista e causou verdadeira confusão no cenário eleitoral da Argentina. Nos seus discursos tem dito: "Não vim para guiar cordeiros, vim para despertar leões". É mais uma frase de efeito que o excêntrico candidato proferiu em busca de votos, principalmente dos eleitores mais jovens, que prometem votar em Millei.

Macri critica o populismo de Millei, mas não deixa sossegado o presidente Alberto Fernández, apoiador de Massa. O ex-presidente diz que Fernández é "um fantoche como presidente", porque quem manda no país é a vice-presidente Cristina Kirchner, que foi condenada a seis anos de prisão e à inabilitação perpétua para cargos públicos"  

Certamente, haverá segundo turno, marcado para 19 de novembro, e veremos quem conseguirá domar o leão que perturba o povo com inflação acima de 100%, atrás, na América Latina, apenas da Venezuela que é governada por um antigo motorista que se tornou ditador do país.    

Salvador, 22 de outubro de 2023.

Antonio Pessoa Cardoso
Pessoa Cardoso Advogados.



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