Os milicianos tem monopólio eleitoral em áreas que dominam, daí o apoio que recebem de políticos fluminenses. Nesses "currais", na zona oeste do Rio, a campanha política só é permitida para os candidatos apoiados pelos milicianos. O entendimento dos políticos era de que a milícia era um mal menor que o tráfico, mesmo porque as milícias proibiam o uso de drogas. A mudança aconteceu a partir de 2008, quando jornalistas foram torturados por milicianos na favela do Batan; daí adveio a CPI das Milícias. O ministro da Justiça, Flávio Dino, declarou que "os maiores erros políticos no Rio foi o apoio à milícia pela classe política". Disse mais: "As milícias foram incentivadas por políticos e protegidas por políticos".
O jornalista Bruno Paes Manso, em certo trecho do livro, A República das Milícias, escreve: "A ligação do clã Bolsonaro com a rede de paramilitares e milicianos que se formava na zona oeste se estreitou em 2002 com a eleição de Flávio Bolsonaro para a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. O deputado de apenas 22 anos, neófito no parlamento, pretendia se vender como o representante político e ideológico dos "guerreiros fardados" que lutavam por espaço e poder nos territórios do Rio. Ao longo dos anos, coube a Fabrício Queiroz o papel de principal articulador dessa rede de apoio ao mandato do deputado primogênito. Queiroz seria fundamental para ajudar a fortalecer a base de votos do clã Bolsonaro nos batalhões policiais, Fabrício Queiroz, Adriano da Nóbrega, Ronnie Lessa. Os três foram protagonistas de uma violenta de gestão de território que tomou corpo nos últimos vinte anos e ganha neste livro um retrato por inteiro: as milícias. Dos esquadrões da morte formados nos anos 1960 ao domínio do tráfico nos anos 1980 e 1990, dos porões da ditadura miliar às máfias de caça-níquel, da ascensão do modelo de negócios miliciano ao assassinato de Marielle Franco, este livro joga luz sobre uma face sombria da experiência nacional que passou ao centro do palco com a eleição de Jair Bolsonaro à presidência em 2018".
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