sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

BOLSONARO CALA NA AUDIÊNCIA DO GOLPE

Na audiência de ontem, marcada pela Polícia Federal, os investigados Jair Bolsonaro, Braga Netto, Almir Garnier, Mario Fernandes e Ronald de Araújo Jr, todos militares, permaneceram em silêncio. O total de 23 pessoas envolvidas no caso foram intimados para prestar esclarecimentos. Eles foram convocados para explicar sobre os planos de golpe de Estado contra a eleição de Lula, no final de 2022. As tentativas dos advogados para adiamento dos depoimentos não surtiram efeito, pois o ministro Alexandre de Moraes assegurou que eles tiveram acesso a toda a documentação do caso. Os advogados disseram que "o presidente Bolsonaro nunca foi simpático a movimento golpista. Que isso fique claro". Na verdade, a Polícia trabalha com elementos que comprovam a tentativa de golpe, a exemplo da minuta de decreto para instaurar estado de defesa na sede do TSE.

As provas obtidas com a delação do tenente-coronel Mauro Cid, assessor de Bolsonaro, além de outros documentos em outras operações, ficam demonstradas a versão golpista. As investigações mostram que Bolsonaro pediu modificações no texto para apresentar aos chefes militares, ocasião que seria sondado o apoio das Forças Armadas. Participaram da elaboração do documento o assessor para assuntos internacionais, Filipe Martins e o padre José Eduardo de Oliveira e Silva, além do jurista Amauri Saad, em reunião no Palácio da Alvorada, em 19 de novembro/2022. Haveria interferências no Judiciário e no Executivo, além da prisão dos ministros Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes, do STF, e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. A nova versão foi apresentada a Bolsonaro em 7 de dezembro/2022, quando o então presidente passou a pressionar os Comandantes das Forças Armadas. A Marinha concordou com o golpe. No computador de Mauro Cid foi encontrada a gravação de uma reunião na qual Bolsonaro pediu que os ministros mantivessem alinhados com as críticas ao processo eleitoral. 

No início da reunião, declarou Bolsonaro: "Daqui pra frente quero que todo ministro fale o que eu vou falar aqui, e vou mostrar. Se o ministro não quiser falar ele vai falar pra mim porque que ele não quer falar. Se apresenta onde eu estou errado eu topo. Agora, se não tiver argumento pra me demover deu que eu vou mostrar, não vou querer papo com esse ministro. Tá no lugar errado". Disse mais: "Eu vou entrar em campo usando o meu exército, meus 23 ministros (...) Nós não podemos esperar chegar 23, olhar para trás e falar: o que que nós não fizemos para o Brasil chegar à situação de hoje em dia?". Bolsonaro ainda falou que "os caras estão preparando tudo pro Lula ganhar no primeiro turno, na fraude".



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