Adriano da Nóbrega e Bolsonaro |
O ex-presidente só tem uma forma para falar em sua defesa: alega ser vítima de perseguição política, quando todos sabem de suas presepadas no comando da República. Bolsonaro adota como discurso: "Não podemos continuar vivendo aqui naquele impasse. Ah, o Bolsonaro vai ser preso amanhã. Pode ser preso a qualquer momento. Qual crime eu cometi". Só o ex-presidente não sabe ou omite os crimes que praticou nos quatro anos, quando assumiu e governou o país, eleito por acaso, à presidência da República. Mas a verdade é que a prisão de Bolsonaro só depende do fator tempo com a movimentação das investigações que, a cada dia descobrem mais uma prática delituosa do ex-presidente. Como negar, por exemplo, a reunião ministerial com seus auxiliares, dentre os quais ministros militares, tramando golpe de Estado?! Será que a seriedade dos militares possibilitaria inventar cena tão séria, de discussão sobre golpe de Estado?! Só a cegueira política é capaz de diminuir o significado da trama de Bolsonaro para continuar no poder, através do golpe. Mas o incompetente homem público não vê "nada demais", como não visualizou na sua integração com as milícias do Rio de Janeiro. Aliás, um desses milicianos, Adriano, era amigo da família Bolsonaro e foi assassinado na Bahia, em fuga do Rio de Janeiro.
Bolsonaro, na sua inocência ou estultice, oferece a versão de que o 8 de janeiro foi armadilha da esquerda e que não houve tentativa alguma de mudar o Estado Democrático de Direito. Considera absurda as prisões e condenações dos baderneiros. O ex-presidente atribui toda a abundância de investigações e processos à perseguição política. Acerca da "minuta" de estado de sítio, descoberta pela Polícia Federal na sede do seu partido, informa que "nada mais era que peça de processo fornecida pelo ministro encarregado do inquérito. O esboço nada mais era do que uma declaração de estado de sítio e decretação de uma operação de Garantia da Lei e da Ordem". O livro "O Negócio de Jair", de autoria da jornalista catarinense, Juliana Dal Piva, lançado no dia 13 de setembro/2022, pela editora Zahar, descreve a transformação dos gabinetes do então deputado federal e de seus três filhos em escritórios do crime. As rachadinhas não apareceram agora, mas desde 2018 foi prática corrente na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro; os parentes e contratados pelos Bolsonaros entregavam a eles 90% dos salários recebidos. Dal Piva diz que a segunda mulher de Bolsonaro, Ana Cristina Valle, envolvida na compra de um imóvel em Brasília, sem comprovar renda, era a gerente da máfia e contava com Fabrício Queiroz e o miliciano assassinado, em 2020, na Bahia, Adriano da Nóbrega, autor de vários homicídios sem solução pela polícia, no Rio de Janeiro. A jornalista assegura que Bolsonaro era o comandante das cenas de crimes praticadas em quatro gabinetes do clã. Nos 30 anos na Câmara dos Deputados, Bolsonaro foi um medíocre parlamentar, mas destacou-se pelo trabalho no crescimento vertiginoso do patrimônio da família, inclusive com a compra de mais de 50 imóveis, em dinheiro vivo, ação inusitada no padrão brasileiro.
Salvador, 23 de março de 2024.
Antonio Pessoa Cardoso
Pessoa Cardoso Advogados.
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